Avaliação do deus da tucanagem
Tasso se elege com ou sem Cid, diz líder
Tucanos avaliam que nenhum nome ameaça candidatura do senador
A mais de um ano das eleições 2010, o ninho tucano cearense já dá como certa a re-eleição do senador Tasso Jereissati (PSDB). E o melhor: independente de apoio do governador Cid Gomes (PSB), que conta com altos índices de aceitação popular e aglutina um dos maiores arcos de aliança da história política do Estado. Ao todo, são oito legendas oficialmente ao lado dele: PT, PCdoB, PMDB, PRP, PP, PHS, PMN e PV.
A previsão nada modesta da vitória foi feita ontem pelo líder da bancada do PSDB na Assembleia Legislativa, João Jaime. Ao lado de outros 14 parlamentares, do secretário de Justiça, Marcos Cals, e do presidente do partido, Carlos Matos, o deputado passou o final de tarde reunido com o senador no escritório do tucano em Fortaleza. Foram mais de duas horas de conversa.
Tasso não falou com a imprensa. Logo após o encontro, foi submetido a uma sessão de fisioterapia por conta de dores no ombro. Contudo, nomeou Jaime como seu porta-voz. “O senador se elege com ou sem o apoio do governador. Claro! Ele está muito bem nas pesquisas. Todas apontam para uma vitória fácil para ele. No quadro atual, a situação dele é muito confortável. Tenho certeza de que todos os partidos já devem saber a força que o senador tem não só para ser candidato ao Senado, mas também para o Governo”, afirmou.
João desconsiderou até o impacto que a entrada do ministro da Previdência, José Pimentel (PT), teria na disputa pelo Senado. O petista é cotado como o preferido do presidente Lula para o confronto por, em tese, ter mais chances de desbancar Jereissati. Porém, os tucanos se disseram despreocupados quanto a isso. E arriscaram até um futuro sombrio para o único nome colocado como certo a uma das duas cadeiras: o deputado federal Eunício Oliveira (PMDB-CE), que já tem Cid e a prefeita Luizianne Lins (PT) como cabos eleitorais.
“Acho que ninguém ameaça [a candidatura de Tasso]. Se o Pimentel se lançar e houver um prejudicado, pelo menos virtual, não é o senador Tasso, mas o Eunício”, avaliou.As declarações foram reforçadas pelo presidente Carlos Matos, mesmo que num tom mais ameno. “O senador tem um grau de liderança que dá a condição de ganhar com tranquilidade. Mas quem vai para eleição tem que ver vários aspectos. Político nenhum rejeita apoio. A gente é consciente da responsabilidade que tem”, ponderou.
» À espera. Jaime negou ainda que o PSDB tenha sido procurado pelo chefe de gabinete do governador, Ivo Gomes (PSB), para tratar da permanência ou saída do partido da base de apoio ao Executivo. Essa semana, Ivo declarou que trabalha para manter os tucanos e o PT na aliança. Alas do ninho reclamam de não terem ingerência nas decisões governamentais, apesar de ter a maior bancada da AL - 14 deputados - e muitas vezes garantir a aprovação de matérias do interesse de Cid.
Mesmo com o desejo do chefe de gabinete, o deputado descartou proximidade com os petistas. Segundo ele, manter as siglas unidas no Ceará “é uma coisa mais complicada”. “Eu não creio que possam estar juntas. Há uma possibilidade de nós apoiarmos o governador e o PT também apoiar. Daí ao PSDB estar junto com o PT precisaria que o candidato fosse do PT ou do PSDB. O governador é quem tem que dizer de quem quer apoio e quem ele vai apoiar”, pressionou.
Nesse tocante de ficar ou deixar o Governo, o PSDB sustenta a tese de que o cenário atual é de análises conjunturais. Por isso, vai realizar reuniões com Tasso periodicamente.
A expectativa é de que elas aconteçam de 20 em 20 dias e sigam o modelo da ocorrida ontem, onde, conforme João Jaime, cada deputado expôs o que acha da locação do partido na administração Cid Gomes. Além de Marcos Cals (PSDB) na Secretaria de Justiça (Sejua), Bismarck Maia (PSDB) comanda a Secretaria de Turismo (Setur), um dos eixos prioritários de investimento do Estado.
Em dezembro, somente após as negociações com Ivo e o decreto de Tasso, é que os tucanos anunciam o destino do partido: se defende a re-eleição de Cid ou lança candidato próprio ao Palácio Iracema. “Vamos evoluir essa discussão até o fim do ano, que é o prazo que a bancada estipulou junto com o Tasso para que se tome uma decisão. Hoje, posso dizer que há pontos positivos e negativos”, pontuou.
Bastidores
• Os outros deputados presentes: Osmar Baquit, Nenen Coelho, Professor Teodoro, Gony Arruda, Fernando Hugo, João Jaime, Moésio Loiola, Júlio César, Téo Menezes, Cirilo Pimenta (licenciado), Tânia Gurgel (suplente em exercício), Idemar Citó (suplente em exercício), Paulo Duarte (suplente sem mandato) e Francini Guedes (suplente sem mandato).
• Os primeiros a chegar ao prédio do Grupo Jereissati para a reunião foram Osmar Baquit e Nenen Coelho. Eles conversavam num dos sofás da ante sala do escritório de Tasso aos risos.
• Os debates só começaram quando Jaime chegou, às 16h 30.
• O presidente Carlos Matos só apareceu 40 minutos depois.
• Às 18h32, Nenen sai da sala, cruza com os repórteres e diz: “tá acabando, viu!?”. Apenas vinte minutos depois, os outros deixaram o prédio.
Do jornal O Estado
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