COPA DO MUNDO NÃO RESOLVERÁ GARGALOS BRASILEIROS

De LUIZ BARRETTO, Ministro do Turismo


Em evento LIDE, ministro diz que é preciso separar as obras
de infraestrutura específicas para o evento de 2014 das demais


A realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 permitirá ao País dar um enorme salto de qualidade em termos de infraestrutura, mas não vai resolver todos os gargalos brasileiros, disse hoje o ministro do Turismo, Luiz Barretto, durante apresentação para 273 empresários reunidos em almoço-debate promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (LIDE), em São Paulo, cujo tema foi “Desafios para o Crescimento do Turismo no Brasil”. De acordo com Luiz Barretto, é possível obter ganhos significativos, mas a prioridade são as questões voltadas para a realização do evento. “Esta não será uma Copa do Mundo alemã, nem africana. Será uma Copa brasileira”, afirmou Barretto.

“É preciso ficar bem claro do que é preciso para a realização da Copa. Além dos aeroportos, temos diversas questões prioritárias, como estádios, hotéis e sistema de transportes. O ideal seria, por exemplo, duplicar a malha do Metrô paulistano até 2014. Isso não será possível, mas já nos ajudarão as novas linhas que serão inauguradas já em 2010, e que deixarão os torcedores a menos de um quilômetro do estádio”, explicou o ministro. E acrescentou: “A Copa irá acelerar diversos programas e projetos, mas não podemos achar que irá resolver todos os nossos problemas. Uma coisa é solucionar questões das cidades, a outra é tratar especificamente da Copa do Mundo.”

O mesmo argumento foi utilizado pelo ministro para falar sobre a violência no País, que poderia afetar a imagem. “Uma coisa é pensarmos na segurança para o evento. Precisaremos de um planejamento específico. Não há como resolver essa questão de uma hora para outra, pois violência é algo que será solucionado apenas em algumas gerações.”

Em 2014, durante a Copa do Mundo, o ministério do Turismo calcula que devem passar pelo Brasil entre 600 e 700 mil turistas estrangeiros. Por isso, explicou, o preparo não está sendo feito apenas nas 12 cidades que vão sediar os jogos, mas também nos 65 destinos brasileiros indutores de turismo. “Bom planejamento e boa parceria geram grandes lucros em eventos esportivos deste porte”, disse Barretto.

Por isso, o ministério está investindo em qualificação profissional, para formar um receptivo turístico “da melhor qualidade”. Um dos pontos mais importantes do trabalho, segundo o ministro, é o aprendizado e inglês e espanhol. Esse foi um dos projetos onde o ministério investiu R$ 4 bilhões nos últimos anos.

Mercado brasileiro - Durante sua exposição, Luiz Barretto destacou que o grande desafio para impulsionar o turismo brasileiro está na mudança cultural da população. “Entre os 37 milhões de argentinos, temos 4 milhões que viajam com freqüência. No Brasil temos o mesmo número de viajantes para uma população de 180 milhões”, afirmou. “O brasileiro troca de carro, de celular, mas não vê o turismo como um objeto de consumo. Por isso, estamos fazendo um trabalho permanente de conscientização.”

Atualmente, o turismo brasileiro representa 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e gera cerca de US$ 40 milhões por ano. Desse total, 85% são provenientes do turismo interno. “Temos cerca de 140 milhões de viagens por ano. Quinze milhões de brasileiros viajam de avião e outros 45 milhões, de ônibus”, afirmou Barretto. “Já conseguimos melhoras expressivas. De 2000 para cá conseguimos dobrar o número de passageiros nos aviões.”

Além disso, o segmento hoje é a quinta pauta de exportação brasileira e o setor mais expressivo na área de serviços. O turismo nacional emprega 6,5 milhões de pessoas e recebe 5 milhões de turistas estrangeiros por ano, dos quais 1 milhão são argentinos. De 2003 para cá, disse Barretto, aumentou expressivamente o gasto desses turistas por aqui, de US$ 2,5 bilhões para US$ 6 bilhões. No entanto, o ministro reconhece que a crise financeira internacional e a gripe suína afetaram os gastos. Neste primeiro semestre, os turistas estrangeiros gastaram 10% menos no Brasil. Os brasileiros no exterior, por sua vez, gastaram 20% menos.

Aeroportos – Questionado sobre o prazo para concessões de aeroportos e se as reformas necessárias estarão concluídas a tempo da Copa do Mundo, Luiz Barretto respondeu que a definição dos modelos de concessão é muito mais difícil neste segmento do que em outras áreas. “Temos um plano específico para os aeroportos das 12 cidades que vão sediar os jogos, mas também obras que já estão incluídas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Só posso dizer que serei um batalhador, e que temos consciência de que existem problemas com terminais e pistas. Mas acredito ser possível dar um salto de qualidade nesses próximos cinco anos.”

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