Os 48 contêineres de lixo armazenados no porto de Rio Grande (RS) e na alfândega de Caxias do Sul (RS), enviados ilegalmente para o Brasil por empresas inglesas, serão devolvidos ao Reino Unido segunda-feira, informou ontem o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, após visita ao porto de Santos, em São Paulo.
Durante aproximadamente uma hora e meia, o ministro fez uma vistoria no lixo contido nos contêineres armazenados nos terminais de Santos e anunciou que todos eles serão devolvidos no prazo de dez dias. Minc lacrou 3 dos 41 contêineres para simbolizar que o lixo está pronto para retornar ao Reino Unido. Segundo o ministro, os países de alta renda cobram dos mais pobres maior proteção ambiental, " mas não estão fazendo sua parte " .
Ontem, três homens foram presos no Reino Unido sob acusação de envolvimento no envio ilegal de contêineres de lixo para o Brasil. Policiais e fiscais da Agência Nacional Britânica Contra Crimes Ambientais prenderam os acusados na região de Swindon, sudoeste da Inglaterra, a cerca de uma hora e meia de Londres. Caso sejam condenados, poderão pegar até dois anos de reclusão ou pagar multa.
Segundo o porta-voz da Agência Britânica de Meio Ambiente, Stuart Brennan, a identidade dos acusados, assim como a nacionalidade, não pode ser divulgada, porque a investigação ainda não foi concluída. " Não podemos divulgar nada mais detalhado sobre os homens por razões legais, mas teremos novas informações em breve " , disse Brennan. Segundo nota veiculada no site da agência, os homens têm 24, 28 e 48 anos.
As autoridades britânicas pretendem investigar a carga dos contêineres quando eles voltarem ao Reino Unido. De acordo com a chefe do departamento de gerenciamento de lixo e resíduos da Agência de Meio Ambiente, Liz Parkes, as prisões mostram que " não vamos hesitar em processar qualquer companhia ou indivíduo que tenha violado as leis relacionadas à exportação de lixo " .
A denúncia brasileira sobre o tráfico de lixo procedente do Reino Unido foi formalmente apresentada ao secretariado da Convenção de Basileia, em Genebra. A partir de agora, haverá consultas entre os dois países, que são signatários do tratado. O Brasil aponta três empresas britânicas - Edwards Recycling, Worldwide Biorecyclables e Safco Service - como envolvidas no no comércio ilícito. O documento encaminhado a Genebra fala em 64 contêineres descobertos em portos brasileiros desde junho - Santos, Rio Grande e no porto seco de Caxias do Sul (RS). A cifra informada pelo governo é inferior aos 89 contêineres já contabilizados pela Polícia Federal e pelo Ibama, mas a investigação continua e o número pode subir.
O secretariado da Convenção de Basileia pediu mais informações ao Brasil. Também quer descobrir quais empresas foram responsáveis ou intermediaram a exportação, por onde a carga passou e detalhes técnicos dos produtos.
O jornal " The Times " , de Londres, já tinha citado a Worldwide Recycling como envolvida juntamente com a UK Multiplas Recycling, que seriam controladas por brasileiros residindo no Reino Unido. O endereço de ambas não foi encontrado. Já a Safco se defendeu, dizendo que não tem nada a ver com o caso. Procurada por telefone e e-mail, a direção da Edwards Recycling não se pronunciou ontem.
A Convenção de Basileia tem 170 paises signatários e existe para evitar a exportação de lixo dos países ricos para os pobres. O movimento desse tipo de carga precisa ser autorizado pela convenção, pelo país acolhedor e pelos países de trânsito. Atualmente, os países discutem a adoção de novas regras sobre o que fazer com telefones celulares usados, que têm componentes que podem ser perigosos. Outras discussões envolvem o que fazer com o lixo eletrônico, navios obsoletos, pneus usados, gestão de certos produtos químicos poluentes e apoio financeiro a paises em desenvolvimento para implementar a convenção.
Deu no jornal Valor Economico
Nenhum comentário:
Postar um comentário