“O agente de viagens Vagdar Fortunato Ferreira prestava serviços - segundo ele, gratuitos - para cerca de 30 deputados. O trabalho era marcar as passagens e enfrentar filas nos guichês das companhias aéreas. Além disso, emitia bilhetes para parlamentares que ficavam com a cota estourada.
Segundo Vagdar, nada era cobrado por seus serviços. Mas, em troca, ele obtia clientes por indicação de amizades feitas nos gabinetes. “É uma mão lava a outra. Essa forma de favor não precisava nem ser explicada”, disse ele ao Congresso em Foco. Ontem à tarde, o agente de viagens negou ter dito, como consta no relatório da comissão de sindicância da Câmara, que comprava créditos dos parlamentares.
Um dos deputados que usava os serviços de Vagdar era Roberto Rocha (PSDB-MA), que entregou ao agenciador um crachá da Câmara, para que ele pudesse circular pela Casa. O parlamentar é um dos seis que estão sob investigação da Corregedoria da Casa. Os outros são Paulo Roberto (PTB-RS), Eugênio Rabelo (PP-CE), Veloso (PMDB-BA), Márcio Junqueira (DEM-RR) e Paulo Bauer (PSDB-SC).
Segundo Rocha, o trabalho de Vagdar se assemelhava ao de um “despachante”: marcar assentos no avião e enfrentar filas. “Dificilmente, meu funcionário tem condição de sair para ficar lá na fila”, contou Rocha. Ele enfatiza que outros 29 gabinetes se valiam do mesmo expediente.
O parlamentar nega que ele ou seu chefe de gabinete, Ivo Almeida, tenham sido procurados por Vagdar para vender créditos de passagens. De acordo com Rocha, quando sua cota de passagens estourava, o agente não interferia. Era seu gabinete que procurava emprestar a cota de outros parlamentares.
Mas, segundo Ivo, isso era feito por Vagdar, que confirma ter emitido bilhetes para Rocha nas vezes em que o deputado ficava sem cota. “O que ocorria geralmente era isso”, disse Ivo. Vagdar afirma que, tanto para Rocha quanto para os outros parlamentares, não cobrava taxas ou deságios sobre a emissão do bilhete.
O deputado não sabe quanto era pago a Vagdar por seus serviços. “Talvez seja comissão”, imaginou. Rocha disse que esse assunto era tratado por seu chefe de gabinete, Ivo. Procurado, Ivo informou que nada era pago ao agente. E que essa gratuidade não lhe causou desconfianças. “Ele não cobrava nada porque nós demos um crachá que ele pediu. Talvez seja por conta disso.”
Vagdar afirma que seu trabalho é incompreendido. “As pessoas não entendem que alguém pode fazer essa forma de favor.”
(Congresso em Foco)
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