"Missão é tirar política neoliberal do Ceará"



Era para ser um evento tipicamente de moda. Luizianne Lins (PT) subiu na passarela do Fortaleza Fashion Week na noite de ontem vestindo um terninho bege básico da estilista Cláudia Simões. Desfilou duas vezes com o sorriso no rosto, colar no pescoço por cima de uma blusinha verde e com o cabelo alisado e preso por uma fivela também verde. Apagados os holofotes, vieram as previsões políticas, feitas com exclusividade para O Estado.
O assunto não poderia ser outro: eleições 2010. Mais especificamente a disputa pelo Senado Federal, da qual a petista já anunciou apoio escancarado a dois pré-candidatos: o deputado federal Eunício Oliveira (PMDB) e o ministro da Previdência José Pimentel (PT). Este, com o aval até do presidente Lula.

Apesar de estarmos a um ano e dois meses do pleito, Luizianne disse não ter dúvidas quanto ao resultado. “Eu acho que quem vai ser eleito...se o Pimentel for candidato, é o Pimentel e o Eunício Oliveira”, arriscou, minimizando as chances do já senador Tasso Jereissati (PSDB) de se re-eleger.

Ao ser indagada sobre o futuro do tucano, veio o silêncio de exatos três segundos e a resposta um tanto desajeitada, como quem sabe que vai desagradar o outro lado. No começo, a tentativa de desconversar. “Eu nem vou falar dele...eu acho que quem ganha é o Eunício Oliveira e o Pimentel. Tô apostando nisso”, repetiu.
Porém, em seguida, a alfinetada: “temos apoiado o Eunício porque ele tem sido um parceiro do nosso projeto. Então, eu acho que ele vai se diferenciar do ponto de vista do PSDB. O que a gente precisa é tirar de uma vez por todas a política neo-liberal do Ceará. Acho que essa é a nossa missão”.

Sobrou crítica até para o empresariado ligado a Tasso, que, na última semana, durante encontro com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, chegou a classificar o governo da petista como “um verdadeiro descalabro”. Para ela, esse grupo tem muita gente que desconhece os verdadeiros problemas da cidade.

Luizianne afirmou que teve o apoio de muitos empresários na sua campanha de re-eleição do ano passado. Ao lembrar disso, disparou: “a classe A e B tem muita gente ligada ao Tasso há muito tempo. Mas acho que tem muita gente mais consciente. Para esses empresários, que sempre tiveram o poder público como um apêndice dos seus negócios, talvez seja um descalabro. Mas, para maioria do povo, graças a Deus, não é”.

Por fim, a prefeita comentou as negociações em torno do Processo de Eleição Direta (PED) do PT, que acontece em novembro e define as novas executivas municipal e estadual. A petista disse que “vai se inteirar disso agora” e que tem setembro e outubro para fazer “as grandes discussões que precisam ser feitas”. “Procuro esperar o momento de entrar nos processos”, ponderou.

» Prefeita-modelo. Antes de conceder a exclusiva ao O Estado, Luizianne deu uma coletiva à imprensa, comentou a experiência de se tornar modelo por uma noite e admitiu até ter sentido o famoso frio na barriga. “Eu tava com as mãos geladas. Mas vestir a roupa da Cláudia me deixou até muito alinhada (risos). E ainda abdiquei do vermelho”, brincou.

Ela gostou da experiência, mas assumiu: não acompanha as tendências da moda nem tem pretensões de “investir” na carreira, apesar de ter passado por experiências similares na adolescência. “Não, Bruno. Aí também já é demais. Infelizmente, pra mim, moda é o que você tem vontade de vestir naquele dia. Mas claro que, de vez em quando, não custa nada dar um “upgrade” mais sintonizado com o momento (risos)”, concluiu.

Do Jornal O Estado

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