Deu no Jornal O Estado

Quem ganha ou perde com dólar em baixa?
Sucesso da política econômica provoca retração da moeda americana

Terezinha Fernandes
Da Redação

“Bolsa dispara e dólar tem menor valor em 13 meses” e “Dólar fecha em baixa e alcança nova mínima” são algumas das manchetes que têm bombardeado os leitores nos noticiários de todo o País. Que o dólar está se desvalorizando, todo mundo já sabe. A pergunta é: Por quê? Até quando? Em que isso influencia na vida do cidadão comum?

A desvalorização constante que a moeda americana vem enfrentando em relação ao real é “o preço do sucesso da política econômica do Brasil”, segundo ensina o professor do curso de economia da Unifor (Universidade de Fortaleza) e economista, Henrique Marinho. Um dos principais motivos dessa diminuição de valor, segundo ele, são as excessivas entradas líquidas da moeda no País. Como o Brasil possui altas taxas de juros, muitos investidores internacionais acabam deixando seus dólares, aumentando as reservas internacionais e retirando valor da moeda americana. A expectativa é de que o ano feche com o dólar valendo R$ 1,70, atingindo R$ 1,75 em 2010.
Os efeitos da crise econômica também foram determinantes nessa queda. “A fragilidade da economia americana tem feito com que o dólar se desvalorize na comparação com outras moedas, fazendo com que o real se valorize ainda mais”, apontou Marinho. A moeda chegou a R$ 1,703 na metade deste mês. Com isso, o próprio euro pode começar a se destacar nas transações internacionais.

COMO O DÓLAR
AFETA SUA VIDA
O lado positivo da desvalorização do dólar é que a estabilidade econômica fez com que o Brasil saísse antes da crise. Além disso, serão beneficiados os empresários que pretendem investir em máquinas e equipamentos importados e a população em geral que consome produtos vindos de outros países, que terão os preços reduzidos em função da depreciação do câmbio. “A influência na vida do brasileiro será mais positiva que negativa. Teremos um natal mais forte de enfeites chineses”, explicou Marinho.

O professor disse ainda que, como o preço do trigo importado estará mais baixo, a população poderá esperar por uma redução no preço de produtos como pães e biscoitos. Além disso, com a elevação no número de importados a preços competitivos, os produtores locais precisam abaixar os preços para sobreviverem, reduzindo o risco de inflação no País.

As pessoas que planejam viajar para o exterior também estão sendo favorecidas com o valor mais baixo da moeda americana. É o caso da publicitária Cristal Magno, que vai passar um mês no Canadá. A jovem já morou no País há sete anos e pretende rever parentes e amigos. “Eu já tinha planejado viajar, mas o dólar mais baixo ajudou muito. Se não tivesse esse preço, eu não ficaria um mês”, confessou lembrando que a primeira vez em que pensou em voltar ao País a moeda estava cotada a quase R$ 3,00. Cristal considera a situação favorável, mas tem uma ressalva. “A única coisa ruim é que tudo lota. A queda do dólar chamou muito a atenção das pessoas que querem viajar”, lamentou.
As agências de viagem, como a Turisforma – viagens e turismo, também estão comemorando os efeitos do dólar em queda. “Vai chegando a alta estação e as pessoas vão procurando bastante”, comemorou a consultora internacional da agência, Roberta Boris, apontando que o crescimento no número de viagens pode chegar a 50%. A movimentação no aeroporto deverá superar 4 milhões de pessoas em 2009, contra 3,7 milhões em 2008. A elevação é decorrente de um trabalho de mídia e participação em Feiras, segundo a Setur (Secretaria de Turismo do Governo do Estado).
Além das viagens de avião, segundo Roberta Boris, os cruzeiros de navios também serão muito procurados, com predominância para os destinos da América Latina, como a Argentina, e para os países da Europa.
O turismo de eventos de uma forma geral também será beneficiado, de acordo com o coordenador de projetos do Fortaleza Convention & Visitors Bureau, Juliano Pessoa. “O nosso investimento de captação de eventos internacionais por causa dos novos centros está impulsionando as viagens de turismo e negócios”, apontou.

SETORES PREJUDICADOS
No outro extremo da desvalorização do dólar, encontram-se as empresas exportadoras que passam a lucrar menos, em especial as que comercializam produtos primários, como camarão, calçados e castanha, segundo o professor Marinho. As commodities acabam não sendo tão afetadas porque têm seus preços regidos pelo mercado internacional. Além disso, as próprias empresas nacionais também ficam mais fragilizadas com a concorrência “desleal”. Algumas, sem condições de competir com as estrangeiras, fecham as portas, gerando o desemprego.

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