Proibição de imagem de presos na TV continua em debate
A exoneração de delegados por exibição de presos à imprensa gerou uma crise. O secretário de Segurança, Roberto Monteiro , alegou que o trio descumpriu uma ordem de 2007, que a prática era antiga e não adotou providência porque a Polícia dispunha de pequeno efetivo. A proibição é justa.
A exibição de presos para deleite dos aficionados por programas policiais na hora do almoço é um tempero indigesto, cujo paladar só agrada aos que dele extraem proveitos pessoais. O Sindicato dos Delegados promoveu reuniões, fez ameaças de entrega de cargos e esperneou, porém, nunca disse claramente ao que se opunha.
Estamos diante de uma série de erros. Os exonerados pela sua atitude. O Sindicato pela inépcia na análise do fato. O secretário por ter adiado em dois anos as medidas para fazer cumprir a sua ordem. A alegação de falta de contingente, antes de atenuar a sua responsabilidade, agrava. Ao pensamento me acorre a fila daqueles que foram expostos à execração pública neste intervalo em que a defesa dos direitos humanos foi relegada em prol do contingente.
Quantos cidadãos foram estigmatizados e quantos destinos foram modificados para sempre? Eu falo de trabalhadores que, por conta de um porre, foram humilhados com a pecha de “papudinhos“. De prostitutas e travestis ridicularizados, dos negros que, pela cor da pele, foram confundidos com ladrões. Todos eles continuaram a ser expostos e humilhados para que o contingente mantivesse o seu tamanho.
Afinal, para que servem os contingentes policiais senão para garantir a integridade física e moral dos seres humanos e para preservar os direitos fundamentais do cidadão? Eu não sei quem vai pagar por isso, mas às vezes me dá uma vontade de dizer: queremos de volta o secretário Roberto Monteiro!
Ronaldo Bastos - Delegado Membro da Anistia Internacional.
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