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Facilidade em abrir igreja é lamentável, de acordo com pastor David Bosford



Por Aline Pedrosa
e Natalie Caratti
Especial para O Estado

“Infelizmente abrir uma igreja é quase como abrir uma bodega. Temos a prática do princípio de ética total, talvez seja esse o grande fator do nosso crescimento”. A afirmação é do pastor David Bosford, um dos fundadores da Igreja Ministério da Assembleia de Deus Canaã, construída em 2000.

Ele afirma que para abrir uma instituição religiosa são necessários os mesmos requisitos que qualquer empresa. Hoje, são cerca de 10 a 12 mil fiéis na igreja, de acordo com o pastor, a ideia da Canaã surgiu como um diferencial das outras igrejas de Fortaleza. “Viemos com um objetivo comum e um mesmo interesse de apenas servir ao evangelho. Não temos fins para benefícios financeiros, isso não interessa para a gente”. O pastor diz que há uma série de instituições que são idealizadas para benefício próprio.

Números
Segundo informações da Arquidiocese de Fortaleza, são 117 paróquias e áreas pastorais em Fortaleza e Região Metropolitana. Mas, há imprecisão em numerar as igrejas evangélicas que existem em Fortaleza, pelo fato do número crescente dessas. No Ceará, o número de evangélicos chega a 1,4 milhão. A proporção saltou de 8,2% para 16,2%.
As informações são do Ministério de Apoio com Informação (MAI), entidade que assessora as igrejas em todo o Brasil. O Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deverá confirmar uma tendência crescente nas duas últimas décadas: o Ceará está tornando-se cada vez mais evangélico e menos católico. Em 2000, ano do último censo, 8,2% dos cearenses afirmaram serem evangélicos (678.656 pessoas). Em 2009, esse percentual saltou para 16,2%, ou seja, cerca de 1,4 milhão de pessoas.

VISÃO DO ESPECIALISTA
De acordo com a doutora em ciência da religião, Ercília Maria Braga, com a modernidade o homem quis encontrar uma resposta para tudo, mas descobriu que a ciência e filosofia não respondiam aos seus anseios. “Então surge a busca da ligação da criatura com o criador. Algumas religiões oferecem uma resposta imediata de prosperidade. Uma oferta que cria expectativas”, completa. Sobre o tema da Campanha da Fraternidade, ela acredita que o principal objetivo é o estímulo ao trabalho coorporativo, ético e com valores de partilha. “As religiões manipulam não é de hoje. Na verdade somos muito atrasados espiritualmente e a água que é cristalina vai ficando turva. O importante é saber conviver em equilíbrio com Deus. A gente precisa do dinheiro, mas ele não pode ser um valor absoluto”, disse.

O medo da morte e principalmente da vida. Esses foram alguns motivos apontados pela também doutora em sociologia, Maria Florice Raposo Pereira, como resposta para o surgimento de novas igrejas. “Nos aglomerados urbanos atuais, deste mundo globalizado em que tudo tende a se tornar homogêneo e impessoal, diferenciar-se é preciso. Pertencer a algo menor, que lhe acolha que lhe reconheça como um indivíduo, um irmão, torna-se quase uma necessidade”, completa.

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