Fotografia é hsitória
Dom Hélder Câmara
Pelas leis do Vaticano, todos os cardeais – com exceção daquele que se torna Papa – são obrigados a se aposentar quando chegam à idade de 80 anos. Não foi diferente com o irrequieto Dom Hélder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife por mais de duas décadas. Em 1990, teve de deixar para trás sua infatigável e ideológica vida religiosa. Mudou-se do Palácio Episcopal para a pequenina Igreja das Fronteiras, na Ilha do Leite, bairro da capital pernambucana. Até o momento de sua morte, em 1999, manteve a simplicidade que trouxe da infância no Ceará, onde nasceu. Mesmo quando morou na sede da Santa Sé, em Roma, Dom Hélder abriu mão da humildade e da modéstia. Para ele, o mais importante não era a ostentação e sim o combate às desigualdades sociais.
Como foi – Fui a Recife fotografar Dom Hélder para um livro que publiquei em 1992, “Senhoras e Senhores”. Meu foco eram os “oitentões” mais conhecidos do Brasil. E Dom Hélder era um deles, personagem que fotografei inúmeras vezes. Agora com atividades menos atribuladas acordava religiosamente cedo e celebrava missa, auxiliado por uma freira e um frade. Depois, sentava-se em uma cadeira de balanço, sob a imagem de Jesus, para contar histórias e relembrar os tempos em que enfrentava o regime militar do Brasil, já que foi um dos seus principais contestadores.
Orlando Brito.
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