O consumidor fortalezense está preferindo pagar as dívidas contraídas nos meses anteriores a fazer novas dívidas no mês de novembro. Prova disso é que a taxa de endividamento dos consumidores da Capital cearense atingiu o menor índice do ano inteiro no mês de novembro: 54,3%. Esse resultado está 0,7 pontos percentuais abaixo do verificado em outubro (55,0%), e inferior ao índice de novembro de 2009 (58,4%). As informações são da Pesquisa sobre Endividamento do Consumidor de Fortaleza, divulgada ontem (16) pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), em parceria com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
Para o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), Ranieri Leitão, essa tendência deve-se ao fato de os consumidores preferirem quitar dívidas já adquiridas a fim de preaparar o orçamento para as compras de Natal. “A confiança do consumidor na economia local e o desemprego em queda, por exemplo, são fatores que motivam as pessoas a ficarem mais otimistas. Além disso, a maior facilidade de crédito também estimula o consumo. Assim, a queda do endividamento em novembro, ainda que pouco, foi uma surpresa positiva para nós, pois indica que os consumidores de Fortaleza estão liquidando suas contas para aproveitarem as promoções do comércio para o Natal”, afirma.
DÍVIDAS ATRASADAS EM QUEDA
A pesquisa do IPDC mostra que os consumidores locais também estão mais adimplentes no mês de novembro. O índice de pessoas com contas ou dívidas em atraso registrou queda de 1,2 pontos percentuais em relação a outubro, alcançando a marca de 18,2%, a menor do ano.
A redução é mais expressiva nos consumidores do sexo feminino (passando de 20,6%, em outubro, para 17,9% neste mês), com idade superior a 35 anos (de 19,9% para 16,6%) e com renda familiar inferior a cinco salários mínimos (de 21,0% para 19,2%).
O tempo médio de atraso é de 64 dias, sendo que 26,4% dos entrevistados informaram estar nessa condição por até trinta dias. Dentre as causas que mais contribuíram para que os consumidores atrasem suas contas, em primeiro lugar está o desemprego, citado em 35,6% das respostas. A falta de controle financeiro (34,9%), os gastos inesperados (27,1%) e a assunção de dívidas de terceiros (13,4%) são outros motivos citados.
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do gênero masculino (5,5% de taxa de inadimplência potencial), com idade entre 25 e 34 anos (5,6%) e renda familiar entre cinco e dez salários mínimos (7,8%).
INADIMPLÊNCIA EM POTENCIAL
Ao contrário dos demais índices pesquisados, a taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrarem seus compromissos, apresenta leve aumento de 0,3 pontos percentuais em novembro, passando de 5,2%, em outubro, para 5,5% neste mês.
CARTÃO DE CRÉDITO LIDERA
Dos consumidores com algum tipo de dívida no mês de novembro, a maioria (73,8%) optou pelo cartão de crédito para realizar as compras. Em seguida, aparecem o financiamento bancário (veículos e imóveis, por exemplo), com 11,7%, carnês e crediários, com 11% e os empréstimos pessoais, com 10,8%.
Conforme o estudo, o consumidor tem utilizado o crédito principalmente para a compra de alimentos (44,8%), móveis e artigos de decoração (18,1%), tratamentos de saúde (12,4%) e aluguel residencial (11,8%). “As classes D e E estão em ascensão, o qu é muito importante para a economia e reflete diretamente no consumo de alimentos, uma vez que elas estão comprando mais itens alimentícios e tendo mais acesso ao crédito”, explica o vice-presidente da Fecomércio.
ENDIVIDAMENTO DE
CURTO PRAZO
O maior uso do cartão de crédito para a compra de alimentos torna o endividamento local de curto prazo e rotativo, sendo que a mudança estrutural do perfil da dívida está mais relacionada com a aquisição de bens de consumo duráveis, como móveis, eletrodomésticos e veículos.
A ampla oferta de financiamento tem modificado o perfil do endividamento do consumidor de Fortaleza, ainda que se concentre no curto prazo, com 75,3% das dividas em prazos inferiores há um ano.
Uma das explicações para esse resultado é o padrão de consumo, ainda muito limitado pela baixa renda do consumidor local: o grupo de produtos relacionados com alimentação e cuidados com o lar responde por 53,5% de todo o orçamento das famílias de Fortaleza. Os gastos com educação comprometem 19,9% da renda familiar, as despesas com artigos de vestuários tem um peso de 16,7% e as despesas de moradia com 12,5%.
RENDA MENOS COMPROMETIDA
Com endividamento médio de R$ 1.047, a parcela da renda dos consumidores comprometida com o pagamento de dívidas, também apresenta pequena queda com relação a outubro, passando de 29,7% para 28,6%, em novembro. A renda encontra-se mais comprometida no grupo de consumidores com renda familiar superior a dez salários mínimo (40,4%) e nível de escolaridade superior (36,3%).
Nenhum comentário:
Postar um comentário