Poema da noite só
É noite
e estou só
irremediavelmente só
na minha enorme
e santa solidão
o vento frio, frio e frio
não tem coragem
de me dar coragem
dizendo que te viu
e te amou
e te ouviu
como eu
ontem e agora
agora
e exatamente agora
uma enorme
lua cheia
que eu não vejo
hoje não há lua cheia
passeia calmamente
com a saudade
que me doi
e ataca
e machuca
e me vem
à mente
os teus seios
que são ondas
sem espumas
o tem ventre
macio
a doce areia
do fundo
o teu sexo
lindo e loiro
infinitamente loiro
que parece
e contrasta
com a concha negra
que entreaberta
guarda a pérola
o semem do filho
que jamais teremos
é noite
e estou só
irremediavelmente só
na minha
enorme
e santa solidão
Nenhum comentário:
Postar um comentário