A complexa tarefa de se construir o novo sobre o velho
Rachaduras, trincas, fissuras e destacamento do concreto, recalques, infiltrações, armaduras corroídas. Essas e outras evidências de degradação que traziam risco à segurança de torcedores e profissionais de imprensa foram diagnosticadas por uma comissão do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) do Ceará no estádio Presidente Vargas (PV). O diagnóstico motivou a Prefeitura de Fortaleza a fechar as portas do local. A ordem era recuperar e reforçar a antiga estrutura do estádio e modernizar a praça esportiva, adequando-a aos padrões da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), trazendo conforto e segurança ao torcedor cearense. O moderno Presidente Vargas seria construído no espaço do antigo e este teria de entrar em harmonia com o novo. Uma tarefa que já não era simples e que se revelaria ainda mais complexa no decorrer da obra.
Quando a equipe de engenheiros e operários iniciou a reforma do PV, no dia 18 de janeiro de 2010, muitas outros pontos críticos que nem haviam sido relatados foram descobertos. Na arquibancada sudoeste, por exemplo (que se encontra ao lado da Tribuna de Imprensa), foram detectadas fissuras sérias nas vigas devido ao posicionamento incorreto da armadura quando da construção do estádio. Um colapso era iminente. O prédio das cadeiras especiais também estava com sua estrutura bastante comprometida, apresentando fissuras na parte superior (provavelmente ocasionado pelo excesso de carga das três camadas de piso que no decorrer dos anos foram sobrepostas) e redução da seção das armaduras por corrosão. Sem receber manutenção há bastante tempo, a degradação do PV poderia ter levado a consequências mais sérias.
As fundações do estádio estão em níveis diferentes e não transferiam de forma adequada as cargas ao terreno. Por conta disso, mais pilares foram reforçados e as vigas unificadas nos 107 pórticos. Seções de concreto foram aumentadas assim como a densidade de aço utilizada no concreto. Todo o concreto foi executado com a adição de sílica ativa, que além de melhorar sua resistência, torna-o menos poroso (um dos motivos da corrosão excessiva que havia na estrutura antiga).
A fundação dos cinco novos degraus da arquibancada, por sua vez, foi realizada diferentemente da existente. Como o terreno sob as fundações diretas das antigas arquibancadas, apesar de pouco resistente, está confinado, as antigas fundações do estádio já estavam “assentadas”, “acomodadas”. Mexer no terreno poderia gerar um recalque diferenciado (desníveis das fundações, fato que geraria fissuras, trincas e rachaduras). Por isso, as fundações dos cincos novos degraus da arquibancada foi realizada com estacas. Toda essa etapa de recuperação e reforço da estrutura antiga durou dez meses, tempo superior ao que se previra quando a reforma começou.
A modernização do estádio, por sua vez, não esperou a conclusão das obras de recuperação. Elas iam acontecendo à medida que os setores iam sendo concluídos. Objetivando melhorar o acesso do público ao estádio, foram construídas três bilheterias e 16 novas rampas de acesso. Além disso, o novo PV contará com 20.200 lugares (hoje são 18.500), seis camarotes (que não estavam previstos no projeto original), duas salas de aquecimento para os times, com banheiros e espaço para massagem; duas salas para os juízes, com sala de massagem e banheiro; duas entradas de ônibus; quatro entradas para carros de manutenção e ambulâncias.
A modernização também foi pensada para gerar conforto e condições ideais ao trabalho dos jornalistas. A nova Tribuna de Imprensa contará com 15 cabines de com ar-condicionado e tratamento acústico, além de 30 bancadas para imprensa escrita, atendendo à exigência da APCDEC (Associação dos Profissionais da Crônica Desportiva do Estado do Ceará), e ainda a tribuna de honra. Ainda com relação à imprensa, o novo PV atenderá ainda às exigências da empresa que realiza as transmissões dos jogos do Campeonato Brasileiro, com relação a posicionamento de câmeras e transmissão das imagens.
Além disso, o estádio está se adequando às normas de acessibilidade universal, exigidas pela FIFA, CBF e pelo Estatuto do Torcedor. Com isso, estão sendo construídos dois elevadores e quatro rampas de acesso para pessoas com deficiência, além da implantação de piso tátil para pessoas com deficiência visual. Para melhor atender à essa população, a Coordenadoria das Pessoas com Deficiência da Prefeitura participou das discussões do projeto e do acompanhamento das obras.
No quesito segurança, o PV também estará preparado. O novo layout prevê a construção de 18 aberturas de acesso para o publico, que a elas chega por rampas com inclinação igual ou inferior a 8% dentro das normas e com capacidade que permita a saída de 64 pessoas por segundo. Serão quatro setores com quatro entradas diversas, impossibilitando encontro de torcidas. O alambrado será de vidro laminado e temperado, constituído por 2 chapas de 12,5 milímetros cada, separadas por película intermediária. A estrutura é semelhante à da Vila Belmiro, estádio do Santos, porém, a espessura do vidro é maior e o mesmo não possui divisões que atrapalham a visão do torcedor.
Quanto ao sistema de controle de acesso, será o mesmo do Estádio do Olímpico de Porto Alegre. As catracas eletrônicas identificam o torcedor pelo nome com foto no telão na sala de comando central. Além disso, serão disponibilizadas duas salas para juizados e uma para delegacia.
Tudo isso garante que o estádio cearense possa receber jogos de competições nacionais organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), como a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro, e ainda funcionar como centro de treinamento para as equipes que virão para Fortaleza participar da Copa do Mundo Fifa 2014.
Prestes a completar 70 anos, o PV se moderniza e ganha novos ares. Recuperado e reforçado, o estádio apresentará uma infraestrutura segura e confortável aos torcedores, jogadores e jornalistas.
Penso eu - O texto acima é de press release da Prefeitura de Fortaleza.
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