Dilma - Terá anos difíceis afirma governador
Cid Gomes tá com cara de pão dormido.
O governador reeleito Cid Gomes falou ontem com a imprensa em Brasilia. Havia se negado a conversar com jornalistas, no dia anterior,quando saiu do Planalto de cara amarrada. Na entrevista previu anos difíceis para a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT). “Por melhor que esteja a situação do Brasil, serão anos difíceis”. Sobre a relação com o PSDB, Cid disse que tem a intenção de manter o diálogo com a oposição, ainda que com ressalvas. “O próprio PSDB fez parte do meu governo até seis meses antes da eleição. Tenho muitos amigos no PSDB nacional e estadual. Mas como vai ser no futuro? Não sei. O PSDB radicalizou muito na campanha contra mim”. Já a relação com o senador Tasso Jereissati (PSDB), que fará hoje um discurso de despedida do Senado, o governador adotou tom diplomático. “Eu e Tasso tivemos uma longa relação, fomos do mesmo partido durante muitos anos. Eu votaria no Tasso para a outra vaga de senador. Infelizmente, isso não foi possível. Ele lançou um candidato ao governo e eu nunca mais falei com ele”.
Sobre a defesa que fez do nome do senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência do Senado, Cid disse que sugeriu a ideia com a intenção de dialogar com a oposição. “Eu gostaria de ter o apoio do PMDB, mas faria tudo que estivesse ao meu alcance para não ficar na dependência exclusiva do PMDB. Como você faz isso? Buscando diálogo com o PSDB, que tenderia a atrair o DEM também. Não precisaria nem cooptar”, justificou-se. Para ele, ”Aécio sempre teve um perfil de diálogo. Você pode ser oposição sem ser inimigo, sem ser doente, como é o Serra. Você está na oposição, mas pode dialogar. Tem coisas que são de interesse nacional”.
Sobre Ciro, o governador ressaltou que não está pedindo um lugar para o deputado no governo Dilma. “É mentira que eu estou pedindo um lugar para ele no governo, quero deixar bem claro. O pessoal inventa muito. Quando não tem assunto, a imprensa inventa. Falo por experiência própria, por causa da formação do meu próprio governo aqui no Ceará”.
Desigualdade regional
No que concerne ao futuro governo Dilma, o governador previu algumas dificuldades. “A Dilma não tem a força popular que o Lula tem. Ela vai depender muito mais das instâncias representativas, do Parlamento, do Congresso, do que o Lula. Por melhor que esteja a situação do Brasil, serão anos de sacrifício”. Já sobre o enfoque a ser dado por Dilma ao Nordeste, Cid disse que a presidente eleita é sensível às desigualdades sociais e regionais brasileiras, e fez críticas à concentração de investimentos na região Sudeste do País. “O Nordeste e o Ceará são algumas das regiões com mais miséria e pobreza. Nós vamos ser beneficiados pelas políticas dela. O Nordeste tem, em relação ao Brasil, grandes desafios. A indústria siderúrgica, que é quem faz as chapas de aço para os carros, está toda no Sudeste. A planta siderúrgica está toda no Sudeste. Se você é uma montadora, você vai se instalar onde? Onde está perto da siderúrgica. Foi isso que fez com que o Sudeste se desenvolvesse. Esse é um erro estratégico, de falta de visão do País, da época de instalar a indústria de base no Brasil. O Sudeste e o Sul já tinham a riqueza de agricultura. Isso você não transfere, você não traz solo e clima para esta região. Se tivesse um estadista que pensasse o Brasil como um todo, colocaria a indústria aqui”.
Investimento em segurança
Por fim, Cid falou sobre segurança pública. “Eu defendo que tem de ter um plano nacional de segurança. O Brasil às vezes tem o lobby corporativo, aumentar o salário dos policiais. Claro que isso é importante, mas não é só isso. O que tem de fazer é esse plano e ter algumas iniciativas da União. De quem é a responsabilidade de impedir a importação de droga? Essa é função da Polícia Federal. Ela pega? Pega, mas está aquém do que deveria fazer. Além disso, não deveria ser só na fronteira, mas na cadeia toda, pegando até o pequeno”.
Penso eu - Ói! Ói! Ói! Veja bem o que ele disse: "...Se tivesse umn estadista que pensasse o Brasil como um todo..." e mais: "...A Dilma não tem a força popular que o Lula tem." O homem não está satisfeito. Desde segunda feira em Basilia, Cid Gomes poderá voltar hoje, depois da reuniao da Bancada do Nordeste com os Governdores presentes. De cara pra Eduardo Campos, rolha do poço de Ciro Gomes.
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