Divergência - "Eles vão ter que me engolir", avisa Baquit


O quibe do Baquit virou pedra do Quixadá

Por Bruno Pontes
Da Redação do Jornal O Estado

O deputado estadual Osmar Baquit (PSDB) reiterou sua divergência com o partido em relação à mensagem do governo que altera a cobrança do ICMS das bebidas quentes a serem vendidas para outros estados. Em reunião com a Executiva, na noite de segunda, os tucanos fecharam questão para votar contra a proposta.

Baquit diz que Ednilton Soárez, ex-secretário da Fazenda e membro da Executiva que esteve na reunião, entende que o projeto não causará a redução do imposto e o aumento do consumo do álcool, como temem alguns no partido. “Então eu vou votar contra por quê?”, perguntou-se Baquit, ontem de manhã, após uma conversa com o líder da bancada tucana na Assembleia, João Jaime.

Integrante da ala tucana mais próxima ao governo Cid Gomes (PSB), Baquit não estará na Assembleia, hoje, quando a matéria deverá ser votada: ele viajou ontem à tarde a Brasília, onde se encontraria com o deputado federal José Arnon Bezerra (PTB). Segundo o tucano, a ausência não tem nada a ver com a votação na qual ele contraria a decisão do partido.

“NÃO SOU AMADOR”
Questionado se acreditava que a questão do ICMS está sendo usada para testar sua fidelidade, Baquit respondeu que, se for esta a intenção, a Executiva tucana não terá sucesso. “Se o partido pensa que vai fechar questão para tirar meu mandato, pode tirar o cavalinho da chuva. Não sou amador”. O parlamentar negou que tenha traído o PSDB nas eleições passadas, a exemplo de tucanos que se escoraram no governo e garantiram seus mandatos. “Se tivessem alguma prova [de infidelidade] contra mim, já teriam apresentado”.

Baquit afirmou ainda que seu conflito dentro do PSDB, “que não é de agora”, vai perdurar “até que haja uma brecha jurídica para resolver isso”. Enquanto este dia não chegar, acrescentou, “vou ficar confrontando o partido”. Por meio dos repórteres da Assembleia, ele mandou um recado aos colegas de legenda. “Agora, falo como o Zagallo: você vão ter que me engolir”.

Daquelas críticas Baquit passou a outras. Para ele, é uma “aberração” a Executiva do PSDB querer escolher um candidato para ocupar uma cadeira da Mesa Diretora da Assembleia. Tal gesto retiraria da bancada uma prerrogativa que é somente dela, acredita o deputado. “O que uma pessoa da Executiva tem a ver com a vida do partido aqui na Assembleia?”.

PEDE PRA SAIR
Questionado sobre as declarações de Osmar Baquit, João Jaime replicou que “quem estiver se sentindo prejudicado pode pedir para sair do partido”. Conforme o líder da bancada tucana na Assembleia, o momento agora é trabalhar pela união e fortalecimento do PSDB cearense, objetivo que se sobrepõe a interesses individuais. “Quem determina a linha do partido agora é a Executiva”.

Sobre a possibilidade de o correligionário queixoso ser punido, Jaime disse que “a comissão de ética do PSDB já deve estar pegando essas declarações do Baquit para uma análise futura”. A eventual saída de Baquit deixa Jaime preocupado? Não, pelo visto: “É melhor ser pequeno e ter gente que segue a linha do partido do que ser grande e não ter o controle do partido”, comentou o líder da bancada.

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