Opinião

O MAESTO QUE REGEU
A CULTURA CEARENSE

Wilson Ibiapina

O maestro Orlando Leite chega aos 85 anos de idade considerado um dos maiores animadores culturais do Ceará, responsável por criar condições para o desenvolvimento do ensino musical no estado , despertando a vocação e o talento musical de muitos cearenses. Ele atuou, também, ao lado de B de Paiva, Haroldo Serra. Aderbal Freire Filho, Augusto Pontes, Cláudio Pereira, Eusélio Oliveira, Roberto Pontes, Pedro Lira, Barros Pinho, Otacílio Colares e Heloisa Juaçaba, entre ourtos, incentivando as artes cênicas e plásticas e promovendo a poesia, o ballet e o cinema.


A trilha sonora do curta-metragem Gênese, que o jornalista Antônio Frota Neto filmou em 1969, com direção, também, de Roberto Benevides, é de Orlando Leite. O maior sucesso teatral dos anos 60 em Fortaleza foi a opereta de Paurílio Barroso “A Valsa Proibida”. Foi encenada no José de Alencar pela Comédia Cearense e tinha como protagonistas Orlando Leite e Ayla Maria.


Este filho de Russas se preparou para executar seu trabalho. No Rio, estudou no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, onde foi aluno e Heitor Villa Lobos. Retornou ao Ceará com o diploma debaixo do braço e foi ensinar o que aprendeu. Era professor do Conservatório Alberto Nepomuceno quando foi acionado pelo fundador e primeiro Reitor da Universidade Federal do Ceará, em 1959.para estruturar um Departamento de Música. Martins Filho apostou todas fichas no talento de Orlando Leite e o jovem professor colocou todo saber e a força de sua juventude na execução da nova tarefa.


O encontro de Corais dirigido por ele e coordenado pelo professor Antônio Gondim, na rádio Assunção, em novembro de 1965, projetava para a cidade o trabalho que vinha sendo feito no campus universitário.

A pianista Mércia Pinto lembra que “o madrigal da UFC sob sua regência, ganhou prêmios internacionais. Um deles foi no Festival de Coros das Americas em Chile-Santiago. Orlando Leite foi sempre uma figura aberta, incentivando professores e alunos a construírem o curso”.

Depois de várias décadas, seu trabalho ainda gera frutos, como é o caso do projeto de Canto Coral da UFC, implantado por ele nos anos 60 e que foi o ponta pé inicial para a elaboração dos Projetos Pedagógicos dos cursos de Educação Musical que começaram a ser implantados em 2005.
Fortaleza deve lembrar das entrevistas na TV Ceará jornais e rádios, anunciando cursos, programas musicais, peças de teatro, lançamentos de livros e dando palpite em tudo quanto era evento cultural. Orlando foi também professor de Música na Escola Industrial. Ocupou inúmeros cargos públicos em comissões e que tinham o objetivo sempre de desenvolver a cultura musical no Ceará.


Nos anos 70 já estava morando em Brasília quando um dia encontro o maestro. A convite da Universidade de Brasilia, na gestão do então Reitor José Carlos Azevedo – estava também morando em Brasília com toda a família, Chefiava o Departamento de Música da UNB, onde trabalhou por muitos anos até se aposentar. É viúvo de D. Francina Leite que o acompanhou a vida inteira e tem 6 filhos e muitos netos e bisnetos que não se cansam de ouví-lo tocar piano, cantar e contar suas histórias. Tem cada uma.

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