Tasso: "Sou completamente diferente dos irmãos Gomes hoje"


O senador Tasso Jereissati (PSDB) assegurou, em entrevista ao jornal Valor Econômico, que o fosso entre ele e os irmãos Ciro e Cid Gomes (PSB) alargou-se de modo irreversível. “Não acredito e não tenho mais nada a ver com o tipo de política, com o entendimento do que é política, que os irmãos Gomes têm. Sou completamente diferente deles hoje”.

A entrevista, publicada ontem, foi concedida na última quarta, quando o tucano fez um discurso de despedida no Senado, de onde foi retirado pela dupla Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT), patrocinada pelo governador Cid Gomes, cuja administração, na avaliação do tucano, tem apresentado “retrocessos profundos”.

“O PSDB tem que ir para a oposição no Estado. E existem muitos jovens aparecendo no partido, aos quais vou ajudar e dar suporte necessário para fazer uma oposição efetiva ao governo”, promete Tasso. Apesar das críticas aos Gomes, o tucano afirma que o PSB nacional pode vir a se associar ao PSDB, por meio do senador eleito Aécio Neves (MG). “O PSB do Ceará está a léguas do que pensamos e fazemos. Mas tem no quadro nacional figuras próximas de nós e muito próximas do Aécio. Não vai ser uma circunstância local que vai impedir uma coisa maior, se isso for possível ou viável”.

AÉCIO, O LÍDER
O mineiro, por sinal, é visto por Tasso como a figura capaz de levar o PSDB de volta à Presidência da República. “A liderança nacional do partido naturalmente é do Aécio. Quem representa hoje a nossa expectativa de poder, do Acre a Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, a Minas Gerais e Mato Grosso, é o Aécio”.

Para revigorar-se a ponto de bater Dilma Rousseff em 2014, contudo, o PSDB deverá efetuar uma “reestruturação partidária”, com a qual Tasso pretende colaborar. “Não sou candidato a mais nada, mas gostaria de ajudar nessa discussão da reestruturação. O PSDB tem que recuperar o que era seu. Isso já está acontecendo. O PSDB já está recuperando os votos da classe média”.

Ele reiterou não querer presidir novamente o PSDB nacional. “Eu tive uma vida de quase 30 anos muito ativa na política e tem certas coisas que eu não tenho mais vocação para fazer. Não tenho mais a mesma vontade necessária para rodar de Estado em Estado, resolver brigas de diretórios municipais, estaduais, dirimir conflitos.”

DERROTA NO SENADO
Na entrevista, Tasso falou ainda de seu revés eleitoral. “O que havia na política cearense? O PSB no governo estadual, o PT no governo municipal e o PT no governo federal. E o PT não vê oposição como adversário político. Vê como inimigo a ser aniquilado. Ou coopta ou aniquila. No momento em que o governo estadual também assumiu essa posição, praticamente não tivemos partidos para ficar com a gente. Eu não tinha nada a oferecer, nenhuma perspectiva de poder”.

Ademais, continua Tasso Jereissati, “tinha uma campanha maciça de televisão e o telemarketing com a voz do Lula. No Brasil não havia uma lei que proibisse, mas havia uma certa praxe, certa convenção de que isso não acontecia. Eu nunca vi nenhum presidente da República fazendo isso”.

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