O Globo
Com abstenção histórica - apenas 52,8% dos 9,6 milhões de cidadãos com direito a voto compareceram às urnas - e confirmando as pesquisas de opinião, o presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, do conservador partido Social Democrata, foi reeleito neste domingo, com 53,3% dos votos válidos.
O economista Cavaco Silva garantiu mais cinco anos no poder, evitando um segundo turno. A vitória sobre seu maior oponente, Manuel Alegre, do Partido Socialista, já era esperada por analistas políticos, devido à insatisfação dos portugueses com o plano impopular de austeridade fiscal encampado pelo governo socialista do primeiro-ministro, José Sócrates.
Portugal enfrenta a pior crise econômica de sua história, com um índice de desemprego superior a 10% e um endividamento que leva analistas econômicos a preverem que o país necessitará pedir auxílio à União Europeia e ao FMI.
Cavaco Silva criticou diversas vezes o plano de Sócrates - que visava a acabar com o déficit de Portugal e evitar que necessitasse de um plano econômico de salvamento, a exemplo de Irlanda e Grécia -, embora tenha costurado o acordo que permitiu a aprovação do Orçamento deste ano.
- Os eleitores aproveitaram esta oportunidade para punir o Partido Socialista pelas dificuldades econômicas do país - disse o analista político Antonio Barroso.
Tida como um cargo mais cerimonial, a Presidência de Portugal, entretanto, goza de uma prerrogativa importante, conhecida como "bomba atômica": dissolver o Parlamento, sem justificativa, e convocar novas eleições. A medida extrema é incomum, mas Cavaco Silva tem o papel de assegurar a estabilidade política.
Anos de crescimento débil levaram Portugal a ser um dos membros mais fracos entre as 17 nações da zona do euro. As medidas de austeridade tomadas pelo governo levaram a mais de uma dezena de greves no ano passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário