Wilson Dias/ABr
Dilma nega ao PMDB ‘assento’ no núcleo do governo
Dilma Rousseff impôs ao PMDB mais um revés. Decidiu que a legenda não ganhará assento na reunião semanal de coordenação do governo.
Nesta segunda (10), ocorreria a segunda reunião do grupo. Dilma cancelou-a. No seu lugar, promoveu um encontro mais restrito.
Chamou ao seu gabinete o vice Michel Temer e dois ministros: os petês Antonio Palocci (Casa Civil) e Luiz Sérgio (Relações Institucionais).
Nesse encontro, a presidente informou que, após refletir, considerou que seria inadequadro acomodar um ministro do PMDB na coordenação.
Por quê? Admitindo o PMDB, teria de abrir espaço na mesa para os outros partidos que integram o consórcio governista.
Algo que desvirtuaria o sentido do encontro. Destina-se a debater decisões estratégicas do governo, não questões partidárias.
Alegou-se que os ministros que integram o seleto grupo frequentam as reuniões pela importância estratégica de suas pastas, não pela filiação a partidos.
A polêmica ganhou o noticiário na semana passada, nas pegadas da divulgação da foto do primeiro encontro do grupo de coordenação.
Causou incômodo ao PMDB o fato de só aparecerem na imagem, ao lado de Dilma e Temer, ministros do PT.
Lá estavam Palocci, Luiz Sérgio, Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento) e José Eduardo Cardozo (Justiça). Além deles, só Helena Chagas (Comunicação social).
Em conversa com Palocci, o deputado Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB, perguntou: Que mal faria a presença de alguém como o Edison Lobão?
Jeitoso, Palocci respondeu que a participação do ministro pemedebê de Minas e Energia só ajudaria. Levado a Dilma, o assunto foi ao banho-maria.
De passagem por São Paulo, Temer dissera que via com bons olhos a sugestão. Ao blog, Henrique Alves afirmou que seu propósito era colaborar.
O deputado chegou mesmo a dizer que o importante não seria adicionar Lobão à foto, mas oxigenar a reunião de coordenação.
Se preferisse, disse Henrique, o governo poderia até manter o PMDB de fora. Poderia convidar ministros como Carlos Lupi (Trabalho), do PDT.
Citou também o nome de Fernando Bezzerra (Integração Nacional), do PSB. O essencial, disse, era prover os encontros de pontos de vista alternativos aos do PT.
Henrique teve o cuidado de dizer que fizera “uma sugestão, não uma imposição”. O que o move, declarou, é a intenção de “ajudar o nosso governo”.
Além das razões já mencionadas, invocaram-se outras duas para refugar a “sugestão”.
Alegou-se, primeiro, que o PMDB já está bem representado no núcleo central do governo pelo próprio Temer, que é presidente licenciado da legenda.
Argumentou-se, de resto, que os partidos terão a oportunidade de transmitir suas inquietações ao Planalto num outro foro: o conselho político do governo.
Trata-se de uma criação de Lula, que Dilma planeja manter. Integram esse conselho os líderes e presidentes dos partidos governistas. Hoje, são dez.
Cientificado da decisão de Dilma, Temer cuidou de repassá-la a outros mandachuvas de seu partido como jogo jogado. E o PMDB decidiu virar a página.
Deu no Josias de Souza
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