Acusado de cometer cerca de 80 homicídios, pistoleiro é morto com nove tiros
Por Elvira Sena
Da Redação do JOrnal O Estado
Idelfonso Maia da Cunha, o Mainha, foi executado a tiros de pistola no começo da tarde de ontem em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza. O crime poderia parecer mais uma execução na periferia, não fosse por um detalhe: a vítima, de 55 anos, foi o homem conhecido como o pistoleiro mais perigoso do Nordeste. A ele são atribuídos, pelo menos, 80 mortes.
Mainha sofreu nove perfurações a bala, sendo uma no rosto, outra na testa e o restante pelo corpo. Quando foi abordado, ele estava em um cavalo, na Rua das Samambaias, vizinho à Cadeia Pública de Maranguape e próximo ao pequeno sítio que mantinha na região há pouco mais de três anos.
Os autores do crime, ainda não identificados, foram dois homens, que abordaram Mainha em um terreno. Depois de efetuar vários disparos de pistola ponto 40, a dupla fugiu do local, em direção a Fortaleza, em um carro de cor preta, até agora não identificado.
O caso logo teve repercussão. Uma multidão chegou ao local, querendo ver de perto o que havia acontecido. Policiais civis e militares precisaram colocar um cordão de isolamento para conter os curiosos. A multidão, inclusive, chegou a atrapalhar a retirada do corpo do local, depois dos exames feitos pela equipe de peritos.
INVESTIGAÇÕES
No terreno onde aconteceu o crime, autoridades da Polícia acompanhavam as primeiras diligências. O assassinato do pistoleiro será investigado pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil, com apoio da Delegacia Metropolitana de Maranguape. Uma equipe da Divisão de Homicídios também tentava pegar mais informações.
O delegado da Divisão de Homicídios, Franco Pinheiro, disse que o pistoleiro já havia prestado um boletim de ocorrência (BO), reclamando que estaria sendo seguido por ocupantes de um carro preto. O fato ocorreu em dezembro de 2010. “Ele foi à Delegacia de Maranguape e prestou queixa, dizendo que tinha sido seguido por esses ocupantes do carro. Disse que isso teria acontecido no dia 21 de dezembro, mas ele só prestou o boletim de ocorrência no dia 28”.
Familiares de Idelfonso Maia da Cunha foram ao terreno onde o cadáver estava. Não falaram com os jornalistas. Depois seguiram para a Delegacia Metropolitana de Maranguape. Um dos filhos de Mainha, Idelfonso Diógenes da Cunha, 23, somente afirmou que vivia com o pai há cerca de três anos.
Indagado se Mainha já havia recebido algum tipo de ameaça, Idelfonso Diógenes apenas disse que o pai nunca havia comentado com ele sobre o assunto. Mainha estava morando no sítio há pouco mais de três anos. Cumpria regime semiaberto. A última vez que foi preso, segundo a Polícia foi no dia seis de maio do ano passado, quando flagrado com uma arma, durante uma blitz.
HISTÓRIA DE CRIMES
Nascido em 28 de outubro de 1955 e natural de Alto Santo, o pistoleiro, segundo a Polícia, é apontado como envolvido em assassinatos em diferentes estados do Brasil. Além de cearenses, pessoas que viviam em Paraíba, Pará, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
O superintendente da Polícia Civil, Luis Carlos Dantas, participou das diligências que culminaram com a prisão de Mainha, na década de 80, junto com o delegado Francisco Carlos Araújo Crisóstomo. As incursões pelo País, que resultaram com a captura do pistoleiro, iniciaram em 1986, lembrou Luis Carlos Dantas.
E, somente no final do ano de 1988, a Polícia, finalmente, conseguiu prender o pistoleiro. “Nós o localizamos na cidade de Quiterianópolis. Alí, ele estava vivendo, usando um nome falso e trabalhando de apontador”, recordou Dantas. O atual superintendente da Polícia Civil ressaltou que, na hora em que foi abordado, Mainha chegou a esboçar esforços para reagir aos policiais, mas não conseguiu.
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