Ainda se morre de amor
O drama Romeu e Julieta, um clássico do mestre do teatro, Shakespeare, é obra referencial para os eternos apaixonados. O romance proibido dos jovens de famílias tradicionalmente inimigas: Capuletos e Montecchios, leva-os a tramar um plano para que possam ficar juntos, entretanto, a sucessão de equívocos leva a história a um inesperado desfecho, culminando com o suicídio de Romeu por envenenamento e, logo em seguida, o suicídio de Julieta.
Para muitos, a história de Romeu e Julieta possui um enredo um tanto quanto “démodé”, impensável – e mesmo desaconselhável - para os jovens da atualidade, da era dos games e de toda a parafernália digital que tanto fascina. Para muitos jovens, a maioria dos desgostos é capaz de se esvair na bebida ou nas drogas.
Curiosamente, me deparei com um recente caso policial em que restou apurado o envenenamento de um jovem, o qual teria morrido ingerindo “chumbinho”. Por certo, mais um caso de suicídio, não fosse a carta de sua lavra deixada para os familiares, explicando o porquê daquele seu gesto tão desesperado.
O jovem teria perdido há alguns dias a amada companheira em virtude de esta ter contraído uma hepatite C, doença essa que se agravou e culminou com o seu falecimento. Desesperado, sem conseguir se alimentar direito, sem dormir, o jovem logo manifestou inigualável desânimo para continuar vivendo, uma vez que não vislumbrava mais nenhuma razão para permanecer existindo, longe de sua amada, a qual jamais veria novamente. A dor do jovem se tornou tão insuportável que resolveu por fim à própria vida.
Quando de seu quadro depressivo, os familiares do jovem tentaram injetar-lhe ânimo, dando-lhe forças para superar a perda da amada, entretanto, nada mais o motivava, nada mais fazia sentido, nada mais importava.
Nessa tragédia tipicamente shakespeariana, a carta deixada pelo jovem aos familiares emociona.
Grecianny Cordeiro - Promotora de Justiça
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