Sex shops mudam e tornam-se "butiques sensuais"
Do Jornal O Estado
O antigo modelo de sex shop, instalado em lugares escuros e escondidos, ficou para trás no Brasil, dando espaço a instalações amplas e sofisticadas, que oferecem desde os tradicionais brinquedos adultos até academia de ginástica erótica e happy hour sensual – só para mulheres.
Ao desenvolverem esses tipos de atividade, as agora chamadas “butiques sensuais” têm incrementado seu faturamento, a cada ano, em 20%, em média, contribuindo para o avanço do setor. Em 2010, de acordo com dados preliminares da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme), o crescimento foi de 17%, contra 15% no ano anterior.
Com a proliferação das lojas virtuais, que requerem menos custo para abertura e manutenção dos negócios, a aposta em serviços tem se convertido em lucro certo e longevidade provável, segundo os empresários.
“Esse mercado funciona como os outros. É preciso fazer merchandising. Essas aulas, esses serviços que os sex shops oferecem são como uma degustação do que está à venda. É o que os supermercados, por exemplo, fazem. Os consumidores experimentam para depois comprar”, disse o professor dos cursos de Administração e Economia das Faculdades Integradas Rio Branco, Carlos Eduardo Stempniewski.
O Joanah Pink, Centro Integrado da Mulher, que fica em Curitiba, é prova de que a realização desses eventos converte-se em vendas expressivas. “Já aconteceu de uma turma de 30 meninas, mais ou menos, sair de uma palestra e gastar R$ 4 mil em meia hora. Aqui é como a Disney, onde você sai de uma atração e já cai direto em uma lojinha de lembrancinhas”, brincou Fernanda Pauliv, uma das proprietárias da empresa.
EXPANSÃO
Para expandir o negócio, ela e a sócia, Andreia Berté, estudam franquear sua loja. “Como business, está dando muito certo”, diz Fernanda, que, com a sócia, abriu o centro feminino há sete anos. Hoje, o Joanah Pink oferece orientação sexual, estúdio de dança, no qual se incluem todas as variações eróticas (pole dance, chair dance e lap dance, por exemplo), salão de beleza, consultas médicas com ginecologistas e até uma espécie de centro de estudos sobre a história do sexo.
Alguns sex shops contam ainda com atendimento em casa, a conhecida “venda porta a porta”. A iniciativa fez com que a comercialização de produtos da Mimo Sexy, em Alphaville (região metropolitana de São Paulo), crescesse perto de 20% desde que a ideia foi adotada pela proprietária, Renata Bertacini.
“Muitas mulheres ainda têm vergonha de frequentar um sex shop, de serem vistas com uma sacolinha. Por isso eu vou até elas. Já cheguei a atender um grupo de donas de casa às 9h”, contou. Com a ajuda dessa iniciativa, Renata ampliou seus negócios e já deu início à reforma do seu espaço, onde produtos são vendidos e cursos, realizados.
DISCUSSÕES
Assim como a Mimo Sexy, que realiza mensalmente a “happy hour sexy”, onde um grupo de mulheres, com a presença de especialistas, discute questões relacionadas a sexualidade, a Marcot Boutique e Studio Sensual, instalada em São Paulo, também oferece atrativos que vão além da já esperada venda de artigos eróticos.
Além de aulas em grupo e individuais - para quem quer mais privacidade - que chegam a custar R$ 420, a empresa oferece chás de lingerie. A noiva e as convidadas participam de palestras, brincadeiras e de uma mini-aula de striptease. Terapia para casais ciumentos também está incluída no cardápio da loja.
“Os clientes acabam participando desses eventos e ficando interessados em comprar. Uma coisa ajuda a outra”, disse Daniela Cardoso, personal sex e sócia da Marcot.
“Nos últimos cinco anos, vivemos uma alteração de comportamento de consumidores e empreendedores. No início, as lojas eram voltadas para homens e ficou assim por muito tempo. Agora a atenção do mercado está se voltando para as mulheres. Desde 2002, essa retomada tem se destacado”, disse a presidente da Abeme, Paula Aguiar.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário