A Zona de Processamento de Exportação será uma empresa de economia mista
A ZPE será instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, voltada para o mercado externo, onde as empresas operam com isenção de impostos e liberdade cambial.
O governador Cid Gomes (PSB) convidará o irmão Ciro Gomes (PSB) para assumir um cargo executivo no governo do Estado.
Durante a composição do quadro ministerial, Ciro foi convidado pela presidente Dilma Rousseff para assumir a Integração Nacional, cargo que ocupou no governo Lula.
O deputado federal em fim de mandato, no entanto, preferia a pasta da Saúde, e acabou ficando fora do governo federal. Ele indicou o ex-prefeito de Sobral, Leônidas Cristino (PSB), para o Ministério dos Portos.
De acordo com a assessoria do governador cearense, Ciro será convidado a ocupar a chefia da ZPE (Zona de Processamento de Exportação) do Pecém. A ZPE será uma empresa de economia mista e seu modelo de gestão ainda está sendo elaborado.
O convite deve ser feito, segundo a assessoria, amanhã, quando o governador retorna de Brasília, onde acompanhou a posse da presidente Dilma.
A ZPE de Pecém será instalada em uma área de 4.271 hectares, no município de São Gonçalo do Amarante, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, a cerca de 60 km de Fortaleza. As ZPEs são distritos industriais voltados para o mercado externo, onde as empresas operam com isenção de impostos e liberdade cambial.
“Para mim a política nunca foi meio de vida. Quero ficar quieto”
No último sábado, quando assistiu à posse de Cid na Assembléia Legislativa, Ciro disse que queria “ficar quieto” e estudar. Ao jornal O Estado, o deputado federal em fim de mandato afirmou que permanecerá no PSB de Eduardo Campos, a quem acusa de ter entregado a “força potencial” do partido ao presidente Lula e ao PT. Ciro, que apoiou Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT) ao Senado, informa que pretende procurar o senador Tasso Jereissati (PSDB) “para dar um abraço” no antigo aliado.
Sobre a novela envolvendo sua participação no ministério de Dilma Rousseff, que terminou com a indicação do ex-prefeito de Sobral, Lêonidas Cristino (PSB), para o Ministério dos Portos:
Eu não desisti de participar do ministério. Fui sondado pela presidente Dilma, de quem sou muito amigo, e pedi a ela um prazo para pensar, porque minha atual fase de vida me recomenda um certo recato, um certo sossego. Quero ficar quieto, em casa. Para mim a política nunca foi meio de vida. Quando fui governador do Ceará, terminei o mandato com menos de 36 anos de idade e resolvi não ser candidato. Parei e aceitei uma bolsa de estudos, fui para os Estados Unidos estudar durante um ano e meio. Entrementes tive o desafio do Ministério da Fazenda [do governo Itamar Franco]. Por quê? Porque eu não quero fazer e jamais faria da política um meio de vida. Agora, se você não escolhe a hora de sair, uma hora dessas a política escolhe você para sair. E eu prefiro escolher minha hora”.
Sobre a frustrada candidatura presidencial pelo PSB, que o descartou em favor da aliança nacional com o PT de Dilma Rousseff:
Todo mundo sabe que eu pretendi ser presidente da República. Consegui ser candidato duas vezes. Dessa vez, me senti vítima de uma rasteira da direção do meu partido. Acho que foi um erro. Um partido que tem um candidato com 12 a 15% de preferência e abre mão de disputar é uma coisa inédita. Mas quanto a essas coisas a gente vira a página, e eu já virei.
O senhor se vê no PSB daqui a quatro anos?
Sim, claro. Minha vida partidária é uma tragédia. Chega, né? Veja minha última experiência, quando entrei no PPS, que tinha apenas dois deputados. Eu reconstruí o partido, recrutei gente no Brasil inteiro, conseguimos eleger dois governadores, fizemos uma bancada de 24 deputados, e aí veio o sem voto Roberto Freire [presidente nacional do PPS], burocrata invejoso, e resolve botar todo mundo pra fora. É uma tragédia da realidade partidária brasileira. O Roberto se associou ao PFL e ao PSDB e eu rompi com ele. Fui para o PSB. Estamos agora com nada menos do que seis governadores. Isso é inédito na história do PSB. Então a minha presença, modesta que seja, tem ajudado os partidos. Os partidos é que tem me ajudado pouco.
Sobre os choques entre os Ferreira Gomes e o governador Eduardo Campos (PE), presidente nacional do PSB:
A gente não cultiva dissidências no partido. O Cid está tratando com o Eduardo Campos de forma muita sincera, como deve ser. É claro que há um certo pudor, um certo melindre no trato comigo. Eu prefiro a franqueza e eles preferem caminhos meio transversos. Não é um problema pessoal, é um problema de percepção política. Na minha opinião, o Eduardo aceitou cedo demais a pressão do Lula e do PT e entregou muito rápido a força potencial que nós tínhamos. Neste passo, desservimos ao país. E note que digo desservimos, porque eu acatei a decisão. Acho que o partido teria qualificado o debate eleitoral. O pior momento da história republicana moderna brasileira foi esse enfrentamento entre José Serra e Dilma. O Brasil precisa discutir o buraco extraordinário nas contas externas, um assunto danado de complicado, que precisa ser pedagogicamente explicado para a população, porque mexe com a vida do povo e ameaça o futuro próximo do país. É preciso discutir a pressão inflacionária, os problemas de segurança, saúde, e nada disso foi discutido. O negócio era o Serra botando intriga de que a Dilma era a favor do aborto, a favor de matar as criancinhas. Fiquei com vergonha daquele debate.
Sobre a possibilidade de o segundo mandato de Cid Gomes ter o PSDB na oposição:
É uma inerência da democracia. Ter unanimidade não é bom para governo nenhum. É claro que o governo do Cid é transparente e resiste a qualquer tipo de crítica, e ele tem muita habilidade política, foi eleito presidente da Assembléia Legislativa por unanimidade, um caso politicamente muito raro, o que revela sua capacidade de dialogar mesmo com o adversário. É assim que vai ser, alguém tentando movimentar a oposição, o que é natural e sadio numa democracia, e o Cid dialogando. O Ceará vai continuar nesse ambiente de paz política que está vivendo.
Sobre a participação do PSDB no segundo governo Cid, por meio do deputado Gony Arruda na Secretaria do Esporte:
Não creio que o PSDB esteja integrando o governo. O deputado Gony Arruda foi convidado porque é uma pessoa ligada ao esporte e porque enseja a convocação do ex-reitor da Universidade Vale do Acaraú, professor Teodoro (PSDB), que é um grande quadro e por pouquíssimos votos não conseguiu se eleger. O Cid, acho que em boa hora, para bem servir ao Ceará e ao próprio PSDB, enseja a oportunidade de que o Teodoro assuma e continue seu trabalho como deputado estadual. Agora, quem escolhe a oposição não é o governo. Não é o Cid que tem que se encarregar de construir a oposição a ele. O papel dele é construir a ambiência mais favorável possível ao governo. As forças críticas é que devem se organizar e fazer oposição. Não oposição por oposição, mas para fiscalizar, porque o governo é impessoal. Não é porque o Cid é honesto - e é definitivamente honesto - que o governo não tenha falhas que devam ser denunciadas. Porque o Cid é competente - e ele é muito competente - não quer dizer que não haja falhas na equipe que não devam ser apontadas.
O senhor teve alguma conversa com o senador Tasso Jereissati recentemente?
Ainda não conversei com ele depois das eleições, mas pretendo procurá-lo assim que eu puder. Para dar um abraço. Só isso.
(Bruno Pontes)
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