Disputa pela sucessão no PMDB
Em Brasília, joga-se o principal lance da disputa entre o senador Eunício Oliveira e o vice-governador, Domingos Filho pelo domínio do PMDB do Ceará. Correligionários entre aspas, os dois estão se engalfinhando nos bastidores com vistas à sucessão estadual. O quadro partidário é o seguinte: o Senador é o presidente da Executiva Estadual e tem o cartório do partido para garantir o comando de diretórios e comissões provisórias municipais, que aguardam diretrizes de Brasília, para serem formalizados. Atualmente, todos estão minados pelo Vice-governador, que não aceita o domínio absoluto do seu correligionário na divisão do bolo partidário. Quem conseguir fazer o maior número de diretórios dará as cartas para a escolha do candidato à sucessão estadual em 2014. Como presidente da Executiva Estadual, o Senador negligenciou cedendo espaços que foram conquistados por Domingos Filho durante o período em que trabalhava a reeleição de Cid Gomes, de quem já tinha a promessa de ser o vice, à revelia de Eunício, que não foi consultado. Foi informado de um fato consumado sem a sua participação, e não gostou. O episódio gerou a filiação do jovem Domingos Neto ao PSB, por puro revanchismo, e deu ao partido do Governador 250 mil votos que seriam da legenda peemedebista. Em suma, o Vice cacifou-se com o titular do Executivo estadual e defasou o patrimônio do seu correligionário. O Senador Eunício Oliveira obrigou-se a engolir a manobra para não confrontar a segunda maior liderança do seu partido no Ceará em plena campanha eleitoral. Como vinha recebendo apoio irrestrito do Governador a sua postulação, seria inconveniente qualquer reação de sua parte contra um político que além de correligionário, era candidato a vice-governador do seu maior aliado. A queda de braço pelo domínio do PMDB do Ceará até março estará nas mãos de Michel Temer, ou do seu sucessor que poderá ser o próprio Eunício, considerado o nome da vez. Se não houver a formalização dos diretórios e comissões provisórias, dificilmente Domingos Filho poderá levar adiante a sua aspiração de governar o Ceará pelo PMDB.
• Janela de transferência.
Em Brasília, tem-se como certa a abertura de uma janela na legislação eleitoral para transferência partidária, entre setembro e outubro deste ano, a fim de tornar possível o cumprimento do prazo de três anos para candidatos ao pleito de 2014. A medida é defendida por todos os partidos para acomodar lideranças insatisfeitas em suas legendas.
• Alma nova.
Há espaço para a ressurreição do PSDB do Ceará, desde que este partido assuma o seu papel de oposição. A esperada mudança nos quadros partidários poderá dar aos tucanos a perspectiva de poder que tanto lhes faz falta. Tasso poderá voltar com força total.
• Racha político.
Só para se ter uma idéia do que poderá ocorrer no nosso Estado com a janela de transferência eleitoral, Cid e Ciro Gomes, com toda certeza deixam o PSB, e o PMDB perderá inapelavelmente o vice-governador Domingos Filho. Será o maior racha político dos últimos tempos.
• Novo estilo.
O deputado Roberto Cláudio comporta-se à frente da presidência da Assembleia com espírito de conciliação e transigência. Tem conversado com deputados pedindo máxima compreensão, mas admite pleitos mínimos para ceder apenas o possível. Esse estilo não era habitual e tem surpreendido aos que estavam acostumados com tudo.
• Dândi.
Foi infeliz em seu primeiro pronunciamento o jovem Daniel Oliveira. Faltou sentimento nas palavras do seu discurso previamente escrito, que leu mal. Nem a presença do tio Eunício, que foi prestigiá-lo, serviu como alento. Está mais para dândi que para político.
• Não pediu.
A deputada Patrícia Saboya não pediu ao Governador a sua indicação para o lugar do ministro Luís Sérgio, no TCM. Mas tem o seu nome cogitado e admite que o cargo é tentador. É vitalício e tem salário de desembargador.
• Demissões.
Em qualquer regime republicano, é inteiramente natural e normal a exoneração de ocupantes de cargos comissionados, seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário. São funções de confiança do titular de qualquer poder constituído. É doloroso demitir, mas é inevitável.
• Governador.
O senador Eunício Oliveira tem a exata consciência do seu momento político e parece fora de dúvidas que a ele está reservado um papel preponderante na política estadual. Como qualquer homem público, ele tem o direito de aspirar ser o governador do seu Estado.
• Provocação.
A simples declaração de que fará mais pelo Ceará do que Ciro fez, revela que o ministro Fernando Bezerra deu um recado do seu chefe, Eduardo Campos. O governador de Pernambuco o indicou para um cargo que estava sendo disputado pelo cearense e parece gostar de provocar o correligionário.
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