A caminho do absolutismo
A crônica política comemora o retorno do deputado Carlomano Marques à tribuna da Assembleia Legislativa, acreditando no seu potencial de produzir fatos novos mesmo com a sua nova e diferente roupagem. Um dos bons oradores da Casa, ele se ausentara, em setembro, para cuidar da sua campanha eleitoral, deixando os bons momentos de altivez do Parlamento por conta do deputado Fernando Hugo, com quem rivaliza profissão e retórica. Esse contentamento pode estar fadado à curta duração, sendo provável que comece a se consumar a inquietação que lavra nos bastidores. No atual mandato tem deixado escapar estranha inclinação que contradiz o seu histórico de respeito a fundamentos sociais, reformulado por ideias que anulam o sentido da representação popular e afetam o equilíbrio dos poderes. O pior, e mais preocupante ainda, é que são poucos os parlamentares dispostos a contrariar a força do domínio que vem de fora oferecendo resistência a causas que os afastam da órbita natural. Se estamos assistindo ao fraquejar de valores que deveriam fazer contraponto ao sistema, não se sabe como será o amanhã se o Legislativo for contaminado pelo irresistível vírus do adesismo, do qual ninguém quer fugir e todos querem abraçar. Por mais que fatores externos tenham imperado, o eleitorado que manifestou o seu desejo nas urnas não esperava o crescimento de uma situação triunfante como a que vem se caracterizando no atual governo, sobre o qual, Carlomano se mostra conivente e condescendente. Tocado pela euforia dos vitoriosos, parece sinalizar ao fisiologismo como fundamento essencial de sobrevivência política. Esse comportamento não é próprio para lideranças que nasceram e cresceram empunhando a bandeira da liberdade que Ele sempre professou, nem será o caminho para soluções que haverão de ser equacionadas com uma postura que o induz ao martírio de consciência que enfrentará se persistir nessa rota. Não se deve fazer oposição por radicalismo, mas é importante a qualquer homem público compreender que um governo sem opositores envereda inapelavelmente para o absolutismo.
• DESEMBARGADOR. Toma posse, hoje, como desembargador o juiz Francisco José Martins Câmara, em solenidade conjunta com outros cinco magistrados. Zezé Câmara já era chamado de desembargador pelos colegas de faculdade, em reconhecimento a sua impecável postura de equilíbrio e bom senso. A solenidade de hoje coroa e faz justiça a uma vocação que o acompanhou em todos os seus momentos.
• HABILIDADE. Na CMF, o vereador Acrísio Sena vem trabalhando a construção de um entendimento amplo com as forças opostas ao Paço Municipal. Com habilidade, mostra que a resistência dos contrários não se justifica, prevalecendo o melhor para a urbe.
• DIFICULDADE. À sombra do poder, o vice-governador Domingos Filho está construindo a sua escalada rumo à sucessão estadual. Consciente das dificuldades dentro do seu partido espera encontrar solução que o favoreça sem rachar as suas bases eleitorais. Vai ser difícil.
• CÉLULA VIVA. A AL negou-se a cumprir ontem uma de suas atribuições mais elementares, derrotando o requerimento do deputado Heitor Férrer, única célula viva do Legislativo.
• SOCORRO DO PLANALTO. Danilo Forte faz boa figura na Câmara Federal. Chegou ontem para acompanhar o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, a seis municípios do Ceará vitimados pela tromba d’água que caiu no Cariri.
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