Bombeiros suspeitam que há mais um corpo dentro de barco naufragado em Brasília



Maurício Savarese
Do UOL Notícias
As buscas no lago Paranoá, em Brasília, foram retomadas na manhã desta terça-feira. Seis corpos já foram retirados do local do naufrágio Mais Dorivan Marinho/Futura Press
O corpo de uma pessoa que teria ajudado a esvaziar a embarcação que naufragou no domingo (22) no lago Paranoá, em Brasília, pode estar preso no fundo do barco. A informação foi dada nesta terça-feira (24) pelo Corpo de Bombeiros, que já encontrou seis mortos e ainda procura três desaparecidos após o acidente.
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De acordo com o coronel Marco Negrão, do grupo de busca e salvamento, a embarcação será içada apenas depois de encontrados todos os desaparecidos. "Estamos nos concentrando em uma faixa a 150 metros quadrados da embarcação. E também lá dentro, por conta de relato de testemunhas", disse. Os relatos dão conta de que a água começou a invadir a embarcação a cerca de 100 metros de onde ela está fincada agora, a 17 metros de profundidade.
Nessa região, os bombeiros já encontraram quatro corpos, apesar da baixa visibilidade no lago. Dentro da embarcação, os trabalhos são ainda mais difíceis, segundo Negrão. "Existem cadeiras, mesas, aparelho de som, material orgânico, tudo acumulado naquele local. Cada item removido pode fazer outros subirem e desequilibrar o barco. É uma operação de risco também por que o calado do barco está em uma posição difícil".
Segundo ele, os mergulhadores tem de descer 25 metros para ter uma margem de segurança. "Isso reduz o tempo que eles podem permanecer no barco", disse o coronel.
Até o fim do dia, os bombeiros esperam vasculhar uma área de até 80 mil metros no lago.
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Durante a manhã, o Corpo de Bombeiros localizou a sexta vítima do naufrágio do barco "Imagination". Trata-se de um homem que estava a 100 metros de distância da embarcação. Mais cedo, foi encontrado um outro homem, ainda não identificado, que foi removido do fundo do lago. Pelo menos três pessoas continuam desaparecidas.
O barco, que transportava mais de cem pessoas, virou na noite de domingo (22). As buscas foram retomadas às 6h desta manhã, depois de terem sido interrompidas com o resgate de mais dois corpos por volta de 18h50 de segunda-feira. Até agora, duas crianças, um homem e uma mulher tiveram as mortes confirmadas no acidente.
As equipes de resgate ainda têm dúvida sobre se dois nomes na lista extra-oficial de passageiros se referem a um mesmo indivíduo ou não. A esperança de haver sobreviventes se limita basicamente à ida deles a hospitais privados, sem que os bombeiros e a polícia tenham tomado conhecimento. "Cada hora que passa a certeza de estarmos buscando corpos é maior", afirmou a major Vanessa Signale, do Corpo de Bombeiros.
O dia seguinte ao acidente também foi cheio na 10ª delegacia da Polícia Civil, no Lago Sul, área nobre de Brasília. O delegado Adval Carvalho de Matos ouviu aproximadamente dez testemunhas, entre elas o comandante da embarcação, Airton da Silva Maciel – que falou duas vezes, a última delas no fim da noite. Para esta quarta-feira é esperado o depoimento da organizadora da festa no barco, Vanda Pereira Dornel.

Não há uma relação oficial de passageiros da embarcação, que tinha capacidade para 92 pessoas. Os bombeiros afirmaram que pelo menos 104 estavam a bordo, mas havia "penetras" na festa e o cruzamento de dados feito pelas equipes de resgate pode não incluir todos aqueles que estavam presentes no momento do naufrágio. Dentro do barco foi encontrada uma lista, em condições ainda desconhecidas e hoje sob poder da Polícia Civil.
Motivos
Poucas horas depois do acidente, os bombeiros falavam em uma conjunção de fatores para a tragédia: número de passageiros acima do previsto, incapacidade de uma bomba para drenar a água e condições climáticas. No fim do dia, a polícia afirmava que rachaduras na estrutura do barco, encontradas por mergulhadores, podem ter causado o acidente. “Mas no fim só a perícia vai dizer exatamente o que pesou mais”, afirmou o delegado Matos.
A polícia também investiga uma lancha que ajudou no resgate dos naufragados. Sobreviventes do acidente se contradisseram a respeito de um suposto impacto entre as duas embarcações. Matos, no entanto, diz que na outra embarcação não havia nenhum sinal de colisão que desse credibilidade a essa suposição.
O comandante da Marinha Rogério Leite, delegado fluvial de Brasília, afirmou que a embarcação passou por uma vistoria em novembro do ano passado e que nenhuma falha foi detectada. Haveria outra revisão até o fim deste ano. Ele afirmou que uma perícia será feita pela Marinha para produzir um relatório em até três meses. Depois disso, o documento será enviado ao Tribunal Marítimo, que poderá multar ou retirar a licença dos operadores do barco.

Segundo Leite, entre 1.600 e 2.000 embarcações utilizam o lago Paranoá para navegação. Ele afirmou que a Marinha estuda ampliar a fiscalização na região com mais homens e barcos. No momento em que aconteceu o acidente, havia quatro homens de plantão em um lago que tem 48 km de extensão.

Sobre as causas do acidente, o comandante evitou culpar o excesso de passageiros. "Colocar cinco ou seis pessoas a mais não quer dizer que haveria um naufrágio", disse. "Além disso, é preciso ter certeza de que era esse o número de pessoas que estavam lá.” Certeza que até agora ninguém tem.

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