“O governo não pode incentivar isso. Tem é que preservar o ensino da norma culta do português. Não podemos nivelar por baixo. Temos que trazer quem não sabe para o conhecimento”, declarou o deputado Carlomano Marques (PMDB) a respeito do livro distribuído pelo Ministério da Educação que ensina às crianças que é aceitável o uso errado do idioma. Hoje o ministro Fernando Haddad recebe o título de Cidadão Cearense na Assembleia, por iniciativa do deputado federal Artur Bruno (PT).
Intitulado “Por uma vida melhor”, o livro que o MEC distribuiu a meio milhão de estudantes da rede pública traz a seguinte lição: “Você pode estar se perguntando: - Mas eu posso falar ‘os livro’? - Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas”.
Segundo uma das autoras do livro, Heloísa Ramos, o conceito de correto e incorreto deve ser substituído pela idéia de uso adequado e inadequado da língua. “O ensino que a gente defende e quer da língua é um ensino bastante plural, com diferentes gêneros textuais, com diferentes práticas, diferentes situações de comunicação para que essa desenvoltura linguística aconteça”, ela argumenta.
A conversa não convence Carlomano Marques, para quem a tese do preconceito linguístico é “ideologia de botequim”. “O MEC tem que mandar recolher imediatamente essa peça de lesa-cidadania. Isso trará um prejuízo incalculável para as novas gerações”. Além do desenvolvimento intelectual, ele salientou que a exigência da observância ao português culto contribui para o progresso profissional do falante.
“O uso correto do idioma é o maior instrumento que a sociedade tem de avaliação. Quando se vai para uma entrevista de emprego, a maneira como se apresenta e fala já dá a visão de quem é a pessoa”.
FOSSO INTELECTUAL
O MEC informou que não recolherá o livro, com o argumento de que ele foi escolhido pelos educadores. Decisão lastimada pelo deputado Professor Teodoro (PSDB): “A escolha vem de uma lista de opções. Esse livro que ensina a falar errado deveria estar de fora. Ter sido opção dos educadores só torna a situação ainda mais preocupante. É preciso haver a unidade da língua. O português culto é o instrumento ideal que para que ele suba na escala social”, diz o tucano.
Pensamento semelhante ao de Welington Landim (PSB), segundo quem a aplicação das teses defendidas no livro aprovado pelo MEC “vai criar um apartheid ainda maior entre os estudantes das escolas públicas e os das escolas privadas”.
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