Reportagem especial (Por Fran Paulo)


Foto da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XVI, IBGE, 1959
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ANÁLISE CRÍTICA DE ECONOMIA E POLÍTICA DE SENADOR POMPEU O COMEÇO DE UMA HISTÓRIA DE GLÓRIA

Em Senador Pompeu fala-se muito do seu auge econômico advindo da cultura do algodão. Todo esse processo teve inicio ainda no século dezenove, impulsionado pela revolução industrial, principalmente na Inglaterra, que devido à grande necessidade de matéria prima para atender à demanda da indústria, passou a importar algodão da América. O Ceará foi um importante fornecedor de algodão para Londres e grande parte saía do Sertão Central, logo a vila de Humaytá, antiga Senador Pompeu, estava inserida nesse contexto.

Co mpreende-se também como fator de desenvolvimento econômico de Senador Pompeu, o prolongamento da rede ferroviária, partindo de Baturité até a região do Cariri, que o ano de 1896, chegava ao povoado de Humaytá. Com efeito, a obra provocou profundas mudanças na economia local. Tanto é que o povoado foi elevado à categoria de vila, através da Lei nº 302 de 03 de Setembro de 1896. Em apenas 04 anos, a vila de Humaytá passa à categoria de cidade.




A estrada de ferro potencializou o comércio, o escoamento da produção, propiciou a instalação de indústrias, favoreceu o crescimento do município que predominava na região em economia, cultura e educação.

Na dinâmica econômica, nada é estático. Fatores internos e externos influenciam diretamente nos mecanismos de produção e consumo. Vejamos, a base da economia do município era desde o princípio o algodão, tanto na produção como no processamento, aliada ao comércio e outros produtos oriundos da agricultura e pecuária. Por fatores externos e internos, a produção de algodão definhou, provocando o fechamento de fábricas e o enfraquecimento do comércio. Dentre os fatores internos, o político foi preponderante.

O COMEÇO DE UM FIM TRÁGICO.


Em 114 anos de história, Senador Pompeu teve 32 prefeitos. Revirando a história das administrações públicas de Senador Pompeu, não se encontra um único administrador que tenha se destacado, não sendo possível distinguir dentre eles, qual melhor, o que foi responsável por profundas mudanças na economia, no social, educação, cultura, pode-se destacar o menos pior, ainda com dificuldades.

O início do processo de decadência, se deu entre os anos de 1967 e 1992, quando Francisco França Cambraia e José Rolim Gomes , o Zé Rolim, revezaram-se na administração. A política baseada no clientelismo, na usurpação do dinheiro público, com administradores desprovidos da capacidade de empreender, com lideranças políticas frágeis incapazes de definir e defender projetos capazes sustentar a economia do município, incapazes de estruturar um plano estratégico a médio e longo prazo de retomada do crescimento econômico, todo esse marasmo de irresponsabilidades, misturado com negligência e omissão, foram decididamente responsáveis pela decadência econômica, cultural, social, ambiental, educacional e política do município.

Como o município não tem mais renda, com a economia fragilizada, a prefeitura, os serviços públicos, passam a ter importância na manutenç� �o da estrutura econômica e social. Sendo alvo de interesses de grupos políticos, que defendem os interesses de alguns em detrimento do bem comum.

A HISTÓRIA MUDA? MUDA!!!

No ano de 1993 foi eleito prefeito o empresário Marcone Borges, quebrando o ciclo vicioso do revezamento histórico de França e Zé Rolim. Marcone Borges foi eleito sob a justificativa de tirar Zé Rolim do poder, de mudar o sistema de 25 anos de revezamento. Só que ninguém sabia que Marcone Borges era um empresário à beira da falência, e viu na prefeitura um mecanismo de manter sua estrutura financeira. Por conta disso, a sua administração foi tão desastrosa, que deu margem para a volta do Zé Rolim. Para que isso não acontecesse, foi eleito outro empresário, Manoel Juciano de Almeida. O irônico é que depois de assumir a prefeitura, sua rede de lojas faliu. A história se repetiu numa administração mais desastrosa ainda, mesmo assim fez seu sucesso, Clidenor Genuíno. Numa eleição que marcaria a volta de Marcone Bo rges, através de sua esposa Otília Borges, pois o mesmo não podia mais ser candidato. Como Otília carregava a herança da má administração do seu esposo, não foi possível fazer frente ao Manuel Juciano de Almeida, que também teve sua candidatura caçada. Clidenor Genuíno era candidato a vereador, foi candidato a prefeito de última hora e foi eleito. Mas na verdade não administrava. O ex-prefeito Manoel Juciano de Almeida permanecia na prefeitura como Secretário de Administração. Outro desastre administrativo, que abriu caminho para a volta do Zé Rolim, através de seu genro Maurício Pinheiro. Um detalhe, o ex-prefeito Marcone Borges, continuava desesperadamente tentando voltar para a prefeitura municipal de Senador Pompeu. Pela primeira vez houve um descontentamento generalizado no município de Senador Pompeu.

NASCE O SALVADOR DA PÁTRIA!!!

Um cenário político único, na história política de Senador Pompeu nos últimos 40 anos. As administrações de Manoel Juciano de Almeida, o Bebel, e de Clidenor Genuíno, arruinaram o município. Isso gerou um descontentamento total. Era preciso uma nova liderança. Alguém que absorvesse toda a esperança do povo pela mudança. Alguém que revertesse o processo histórico e promovesse a reconstrução do município, que fora saqueado.

Mais uma vez Zé Rolim está no cenário político, através de seu genro Mauricio Pinheiro, só que pelo fato de está aliado a Bebel e Clidenor, não representaria o novo, a esperança de mudan� �a, ficaria pior ainda, seria a união das piores administrações. Figurava no cenário, Marcone Borges, empurrando sua esposa a todo custo. Otilia Borges tinha a admiração dos pobres, mas não seria o suficiente para ser eleita, faltava a representação do novo, da esperança, alguém que pudesse ter ligação direta com a política de Lula.

Na campanha anterior, um jovem advogado apoiou com destaque a campanha de Otilia Borges. Antônio Teixeira, agora no fortalecido Partido dos Trabalhadores, seria o ideal. Assim, numa campanha grandiosa, em que Otilia seria a vice-prefeita, nesse caso o povo foi enganado, pois ela não poderia ser candidata e foi usada até o penúltimo dia da eleição, quando decididamente sua candidatura foi substituída. Mesmo a ssim Antônio Teixeira foi eleito prefeito.

A HISTÓRIA MUDA? MUDA... DE NOVO!!!

Muita alegria, muita festa, estava iniciado um novo ciclo. O desenvolvimento, a democracia, o socialismo. Teve até festa para quebrar panela em praça pública, como símbolo de início de uma nova era de crescimento para Senador Pompeu e o sepultamento da política do "atraso", como diziam.

Um prefeito, oriundo dos movimentos sociais da Igreja liderada pelo Padre Albino Donatt, abro aqui um parêntese, (em 14 anos que viveu em Senador Pompeu, fez pelo município o que todos os prefeitos e vereadores jutos ao longo da história não fizeram). Um prefeito vindo da classe pobre, lá da comunidade da Oiticica, que tinha como veículo uma bicicleta, que morava em casa de taipa. Que enquanto jovem, falava de ideais de mudanças sociais, que cantava músicas de letras revolucionárias, que contava para os agricultores reunidos em frete à cooparativa agrícola a estória da Maria e o Cinturão. Era o Antônio, que com muita dificuldade, mas que através dos movimentos sociais, conseguiu estudar, adquirir conhecimento, teve oportunidade, vindo a se formar em direito. Assim estava formada a liderança. O Antônio, não o Conselheiro, mas o Antônio da Oiticica que poderia seguir o exemplo de Antônio Conselheiro. O Antônio, não o Santo Guerreiro de Deus, Antônio de Pádua, que defendeu os pobres, bem que o Antônio da Oiticica poderia seguir o exemplo dos grandes Antônios mencionados. Para isso Antônio teria que ser prefeito, administrar o município, botar em prática o que aprendeu com Padre Albino, por ter convivido com os oprimidos e ter enfrentado os opressores, seria a pessoa certa no lugar certo, na época certa. Esperava-se muito da administração do Antônio, que virou Teixeira.

MUDA A HISTÓRIA? MUDA!!!

A administração do Teixeira foi marcada inicialmente pela ladainha de que recebeu a prefeitura dentro de sacos, que o município fora saqueado, que necessitaria de tempo para ajustar as contas. Logo se viu que não era o que se esperava. A aliança com Marcone Borges e Otília Borges, logo findou, sob a justificativa de que só queriam os benefícios da estrutura pública.

Tudo que todos os outros fizeram, foi feito na administração do Teixeira e mais um pouco. Com mais um desastre administrativo, mais uma porta foi aberta para a volta de Zé Rolim, através de Maurício Pinheiro. Sob a justificativa histórica, para que o tal “grupo do atraso”, não voltasse ao poder, por falta de alternativa, Teixeira foi eleito para um segundo mandato.

O LIVRO SECRETO DA MÁ ADMINISTRAÇÃO

Parece que na prefeitura municipal de Senador Pompeu, tem um livro secreto, que só os prefeitos eleitos têm acesso. Tal livro contém o tratado de como se deve administrar o município, de como livrar-se dos ideais de outrora, um manual explicativo de como repetir o que todos fizeram, e um detalhe, tem que ser pior, a regra principal é ser pior que o antecessor, a regra é tão cruel que em caso de reeleição, tem que ser pior que ele mesmo.

EXPLICAR O EXPLICÁVEL... MUDA A HISTÓRIA? MUDA NÃO!!!

Qual seria a explicação para o desastre histórico da administração do Teixeira? Por que tantos escândalos? Tantas perseguições políticas, tantas falhas no processo administrativo, tanta falatório, tanto desrespeito aos cidadãos e cidadãs, tantas brigas políticas entre “oposicionistas” e “situação”, sem um pingo de ÉTICA, de MORAL, DEFENDENDO INTERESSES PESSOAIS, OS QUE ESTÃO NO PODER QUERENDO CONTINUAR, POR SER A ÚNICA FORMA DE SOBREVIER E OS QUE NÃO ESTÃO, QUERENDO ENTRAR PARA MELHORAR DE VIDA. É triste ver as duas rádios do município no horário do meio dia, dois locutores brigando, rosnado um para o outro, feito dois “cachorros”, defendo e atacando grupos políticos, dirvirtuando o compromisso ético da comunicação social. Pior é quem contrata os locutores e pagam os seus programas. Pior ainda que m os ouvem. Toda a população de Senador Pompeu,deveria desligar o rádio ao meio dia.

A administração do Teixeira, que não é mais o Antônio, de cabelos grandes, de violão em punho, visitando as comunidades e falando de liberdade, de trabalho comunitário, solidariedade, tem seus avanços sim, não restam dúvidas, mas faz o óbvio, o trivial, o que é de praxe, o que qualquer prefeito em qualquer lugar, por pior que seja, talvez faça melhor.

O que se esperava não foi feito. Pelo contrário, vemos a repetição de mecanismos usados por outros prefeitos: é ditadura, aqui ninguém pode criticar que será cruelmente punido; os acordos políticos para se ter a maioria na câmara, permanecem como sempre; os métodos para aliciar as pessoas, são os mesmos, dando emprego a um a outro; a velha política do pão e circo, que vem de Roma, da França, aqui temos o feijão e o forró, o leite e o forró e outras coisas mais e o forró, o carnaval. Os acordos “pré-históricos” com lideranças políticas em troca de apoio na eleição; a manipulação do povo através de programas sociais, que é direito do povo e dever do governante; os mesmos mecanismos de uso do poder para obrigar as pessoas a votarem em determinados candidatos, sob pena de perderem emprego.

Por isso, essa administração é a trági ca das mais trágicas. Por não promover avanços sociais, econômicos, culturais, educacionais, ambientais, etc... Por ter contrariado toda a esperança depositada, por repetir os mesmos erros, os mesmos mecanismos. Onde não se tem nada, qualquer coisa é alguma coisa. Mas não devemos nos contentar com qualquer coisa. É preciso lutar pelo que é de direito, para o bem comum.

É preciso que o prefeito de Senador Pompeu, os vereadores, os funcionários públicos, entendam que são nossos funcionários. Somos nós que pagamos seus salários, somos nós que os contratamos para administrar a empresa pública de capital social, que é a prefeitura. O pior é que todos sabem disso, parece que quem não sabe é o povo e não é interessante que o povo fique sabendo. Quando você contrata um pedreiro para construir sua casa, a casa é sua ou do pedreiro que a construiu com o seu dinheiro e seu material? É obvio que a casa é sua. O pedreiro pode dizer que a construiu, mas nunca se apossar da sua casa. Da mesma forma com os administradores e a prefeitura.


POR FIM O DESESPERO... A HISTÓRIA NÃO É MUDA... MAS A HISTÓRIA NÃO MUDA!!!

O que foi comentado aqui, é história, é fato, ninguém pode negar. Agora a pergunta é: qual o futuro político de Senador Pompeu? Se a regra tem sido ser o pior!!! Aqui se tem a cruel constatação de “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. O que esperar das lideranças políticas de Senador Pompeu, que se quer apresentam soluções para os problemas, pelo contrário criam mais problemas. E o que esperar do povo, que vive a espera de uma esmola do governo.

É triste, em época de eleição, ver as pessoas serem levadas de um lado para o outro, em caminhão, feito gado, com bandeiras nas mãos, para gritarem os nom es de candidatos que nunca viram na vida; é triste ver a população de distritos de Senador Pompeu, tão abandonados, tão massacrados, correrem para ver candidatos descendo em helicóptero, isso é um absurdo; é triste ver cabos eleitorais, que vendem os votos de comunidades inteiras, pobres, sem estrutura alguma, para deputados que nunca irão defender os interesses dessas comunidades; é triste ver pessoas de distritos de Senador Pompeu, levadas à Câmara Municipal de Senador Pompeu, para promover baderna, e defender os interesses dos que estão a explorar o povo; é triste saber que em Senador Pompeu vereador agride pessoas dentro da Câmara. São tantas coisas tristes, trágicas, aterrorizadoras, o pior ainda é saber que nada vai mudar, o que pode acontecer é piorar. Pelo fato de estar escrevendo esse artigo, serei criticado e perseguido, como já acontece com o nosso movimento artístico, que é perseguido.

SENADOR POMPEU ESTÁ ABAIXO DA CAVERNA, ONDE NEM LUZ ENTRA, NEM SOMBRA SE VÊ.

Por: Fram Paulo

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