Perguntas aos meus botões, em meio à dúvida. Será preciso explicar mais uma vez? Convém calar diante de quem não entende por obra de alguma carência insanável ou finge não entender? Não é de hoje que meus botões me atiram a tarefas impossíveis, ou quase.
De fato, é o que dá agora, no momento em que o ex-ministro da Justiça e atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, declara: “A reação (à extradição negada no Caso Battisti) não foi da Itália, e sim de um governo decadente e direitista”.
Não sei se Genro aposta na ignorância da plateia nativa, ou se a ignorância em questão é a dele mesmo. Vale recordar que o ex-ministro mereceu inúmeras vezes o apoio de CartaCapital: víamos nele uma liderança nova e importante.
Nesta edição, Paolo Manzo entrevista o ex-juiz de instrução de Milão, Giuliano Turone, autor de um livro sobre o Caso Battisti lançado nestes dias. E é datada de quarta 31 uma carta aberta de agradecimento do presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, destinada a Turone e publicada pelo jornal La Stampa.
Nela se lê que a decisão de dar asilo ao ex-terrorista “é para a Itália um ferimento aberto, mais ainda, uma lesão profunda”. Talvez Genro até hoje não tenha percebido que a Napolitano, e não a Berlusconi, cabe falar em nome do Estado.
Esclareço em proveito do governador: é a diferença que no regime parlamentarista se estabelece entre o presidente da República e o primeiro-ministro. E Napolitano não é um direitista decadente.
Quanto à Itália, é Estado Democrático de Direito, alicerçado em uma Constituição nascida, ao contrário do ocorrido no Brasil, de uma Constituinte exclusiva e considerada exemplar não somente pelos italianos.
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