É aí que corre o perigo. Os especuladores do Cocó estão com a faca e o queijo à mão.
SARA OLIVEIRA
saraoliveira@oestadoce.com.br
Ainda há árvores, garças, ar puro e o canto dos pássaros. A natureza que compõe o Parque Ecológico do Cocó acolhe e proporciona admiração. O espaço, porém, ainda é protagonista de uma novela quanto à sua regulamentação. A área existe, de fato, mas não de direito. Para que essa realidade mude, indenizações milionárias precisam ser pagas, um trabalho de reordenamento deverá ser feito e, após décadas de discussões políticas e sociais, ações devem ser finalmente executadas.
Dois decretos estaduais (nº 20.253, de 1989 e nº 22.587, de 1993) definiram o parque, referente a uma área de 1.155,2 hectares, como de interesse social. A intenção sempre foi desapropriar e concretizar a adequação do espaço ao Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC). Mas as determinações legislativas caducaram, sem que a criação do parque fosse efetivada.
Sem o reconhecimento como Unidade de Conservação (UC) junto ao Ministério do Meio Ambiente, a proteção quanto à invasão, poluição e preservação do Cocó está ameaçada. A população, que usufrui deste espaço verde de Fortaleza, se diz preocupada. “A especulação imobiliária nesta área é gigantesca. Precisamos fazer um abaixo assinado, num domingo, que passa muita gente aqui pelo parque, exigindo mais proteção. É nosso patrimônio, temos de tentar”, afirmou a estudante Maria do Carmo Tavares.
saraoliveira@oestadoce.com.br
Ainda há árvores, garças, ar puro e o canto dos pássaros. A natureza que compõe o Parque Ecológico do Cocó acolhe e proporciona admiração. O espaço, porém, ainda é protagonista de uma novela quanto à sua regulamentação. A área existe, de fato, mas não de direito. Para que essa realidade mude, indenizações milionárias precisam ser pagas, um trabalho de reordenamento deverá ser feito e, após décadas de discussões políticas e sociais, ações devem ser finalmente executadas.
Dois decretos estaduais (nº 20.253, de 1989 e nº 22.587, de 1993) definiram o parque, referente a uma área de 1.155,2 hectares, como de interesse social. A intenção sempre foi desapropriar e concretizar a adequação do espaço ao Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC). Mas as determinações legislativas caducaram, sem que a criação do parque fosse efetivada.
Sem o reconhecimento como Unidade de Conservação (UC) junto ao Ministério do Meio Ambiente, a proteção quanto à invasão, poluição e preservação do Cocó está ameaçada. A população, que usufrui deste espaço verde de Fortaleza, se diz preocupada. “A especulação imobiliária nesta área é gigantesca. Precisamos fazer um abaixo assinado, num domingo, que passa muita gente aqui pelo parque, exigindo mais proteção. É nosso patrimônio, temos de tentar”, afirmou a estudante Maria do Carmo Tavares.
ENTRAVES
Maria do Carmo está certa. De acordo com o presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Compam), Paulo Lustosa, os precatórios quanto às indenizações a serem pagas para que a poligonal de 1.204,66 hectares seja reconhecida são milionários. “Precisamos criar um novo decreto e envolver a sociedade na temática. O povo é quem vai responder o quanto está disposto [através do Governo] a pagar pelas indenizações”, afirmou.
Enquanto o “imbróglio” sobre a regulamentação do parque não é solucionado, os problemas multiplicam-se, principalmente os ambientais. O Rio Cocó, que tem 50 km de extensão e nasce na Serra de Aratanha, perpassando os municípios de Pacatuba, Maracanaú e Fortaleza, é o principal alvo de poluição. Estudo executado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), entre 2009 e 2011, identificou oito pontos do rio que possuem água com qualidade comprometida.
Mesmo o parque sendo uma Área de Preservação Permanente (APP), o Rio Cocó recebe efluentes domésticos e chorume proveniente do aterro do Jangurussu. As águas apresentam, ainda, graxa de óleo e coliformes fecais. As desconformidades impactam também na vegetação, que não absorve os nutrientes necessários para crescimento, e na fauna existente.
“Tem muita ocupação de APP, da BR-116 ao Maracanaú. Uirapuru, Tancredo Neves e Dendê são as áreas de maior ocupação irregular e, portanto, de mais poluição do rio”, explicou o presidente do Compam. Se a regulamentação do Parque do Cocó sair, haverá levantamento fundiário, plano de manejo e conselho gestor. O projeto prevê ainda a delimitação da Zona de Amortecimento, para que uma área, além da poligonal, receba planejamentos de urbanização e preservação.
As previsões de Paulo Lustosa são de que, já no primeiro semestre de 2012, o Governo do Estado confirme medidas para a regulamentação do parque. Apesar da constatação de falta de proteção legislativa, o presidente do Compam é otimista quanto à preservação do lugar. “Não vejo risco de desaparecimento do parque, depois de todos esses anos. Temos muito o que fazer, mas já tem muito sendo feito”, considerou.
Maria do Carmo está certa. De acordo com o presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Compam), Paulo Lustosa, os precatórios quanto às indenizações a serem pagas para que a poligonal de 1.204,66 hectares seja reconhecida são milionários. “Precisamos criar um novo decreto e envolver a sociedade na temática. O povo é quem vai responder o quanto está disposto [através do Governo] a pagar pelas indenizações”, afirmou.
Enquanto o “imbróglio” sobre a regulamentação do parque não é solucionado, os problemas multiplicam-se, principalmente os ambientais. O Rio Cocó, que tem 50 km de extensão e nasce na Serra de Aratanha, perpassando os municípios de Pacatuba, Maracanaú e Fortaleza, é o principal alvo de poluição. Estudo executado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), entre 2009 e 2011, identificou oito pontos do rio que possuem água com qualidade comprometida.
Mesmo o parque sendo uma Área de Preservação Permanente (APP), o Rio Cocó recebe efluentes domésticos e chorume proveniente do aterro do Jangurussu. As águas apresentam, ainda, graxa de óleo e coliformes fecais. As desconformidades impactam também na vegetação, que não absorve os nutrientes necessários para crescimento, e na fauna existente.
“Tem muita ocupação de APP, da BR-116 ao Maracanaú. Uirapuru, Tancredo Neves e Dendê são as áreas de maior ocupação irregular e, portanto, de mais poluição do rio”, explicou o presidente do Compam. Se a regulamentação do Parque do Cocó sair, haverá levantamento fundiário, plano de manejo e conselho gestor. O projeto prevê ainda a delimitação da Zona de Amortecimento, para que uma área, além da poligonal, receba planejamentos de urbanização e preservação.
As previsões de Paulo Lustosa são de que, já no primeiro semestre de 2012, o Governo do Estado confirme medidas para a regulamentação do parque. Apesar da constatação de falta de proteção legislativa, o presidente do Compam é otimista quanto à preservação do lugar. “Não vejo risco de desaparecimento do parque, depois de todos esses anos. Temos muito o que fazer, mas já tem muito sendo feito”, considerou.
“A VOZ DO POVO”
Próximo às ruínas da antiga salina Diogo, Pedro, 2 anos, mostrava ao pai: “olha o siri andando”. O desfrute da trilha ecológica do Cocó é de deslumbrar. O desenho que as bordas às árvores fazem ao redor dos prédios do entorno deixa claro que existe verde no meio da cidade. “Isso é patrimônio das pessoas. A coletividade tem de prevalecer”, disse Eugênio Vieira, pai de Pedro.
O dia em contato com a natureza fez com que Emanuel, 6 anos, e Letícia, 10 anos, desbravassem o desconhecido. No lago onde não há mais água, a garota confirmava que “o chão está ressecado”. Era a segunda vez dos irmãos no parque e o encantamento pelas árvores, pelo peixe e pela cobra, era aparente. “Tem gente que quer diminuir o espaço natural e construir aqui, mas não podemos deixar”, falou o pai das crianças, Herbert Gregório.
“Esse lugar é fantástico e único. Tem de haver mais movimentos populares a favor do Cocó. Temos de pressionar vereadores e lideranças da sociedade”, opinou o psicólogo Orozimbo Leão. Ele festejava o aniversário no parque, junto aos amigos que fazem passeios ciclísticos. Desde a década de 80, o Cocó recebe atenções e movimentos, além de ser pauta de discussões políticas e sociais. A expectativa é que, em seu próximo aniversário, sua regulamentação esteja definida e seu futuro, preservado.
Próximo às ruínas da antiga salina Diogo, Pedro, 2 anos, mostrava ao pai: “olha o siri andando”. O desfrute da trilha ecológica do Cocó é de deslumbrar. O desenho que as bordas às árvores fazem ao redor dos prédios do entorno deixa claro que existe verde no meio da cidade. “Isso é patrimônio das pessoas. A coletividade tem de prevalecer”, disse Eugênio Vieira, pai de Pedro.
O dia em contato com a natureza fez com que Emanuel, 6 anos, e Letícia, 10 anos, desbravassem o desconhecido. No lago onde não há mais água, a garota confirmava que “o chão está ressecado”. Era a segunda vez dos irmãos no parque e o encantamento pelas árvores, pelo peixe e pela cobra, era aparente. “Tem gente que quer diminuir o espaço natural e construir aqui, mas não podemos deixar”, falou o pai das crianças, Herbert Gregório.
“Esse lugar é fantástico e único. Tem de haver mais movimentos populares a favor do Cocó. Temos de pressionar vereadores e lideranças da sociedade”, opinou o psicólogo Orozimbo Leão. Ele festejava o aniversário no parque, junto aos amigos que fazem passeios ciclísticos. Desde a década de 80, o Cocó recebe atenções e movimentos, além de ser pauta de discussões políticas e sociais. A expectativa é que, em seu próximo aniversário, sua regulamentação esteja definida e seu futuro, preservado.
SOBRE AS AÇÕES
- Em 1989 criou-se o Parque Ecológico do Cocó;
- Três poligonais, delimitando o parque, já foram feitas. A última prevê uma área de 1.204,66 hectares;
- Compam prospecta que, no primeiro semestre de 2012, o Governo Estadual defina quanto às ações para regulamentação;
- As indenizações para a desapropriação do parque é, segundo o Compam, o principal entrave à regulamentação.
- Em 1989 criou-se o Parque Ecológico do Cocó;
- Três poligonais, delimitando o parque, já foram feitas. A última prevê uma área de 1.204,66 hectares;
- Compam prospecta que, no primeiro semestre de 2012, o Governo Estadual defina quanto às ações para regulamentação;
- As indenizações para a desapropriação do parque é, segundo o Compam, o principal entrave à regulamentação.
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