Lá vem chibata no lombo do povo


Duas assembleias, mais de 500 motoristas e cobradores de ônibus reunidos e uma decisão unânime: greve geral da categoria por tempo indeterminado. A deliberação veio, ontem, após oito rodadas de negociação sem êxito entre categoria e empresas de transporte coletivo. Protocolado o aviso de greve, hoje, a efetiva paralisação poderá ocorrer a partir da manhã de segunda-feira (18). A população segue preocupada, enquanto as entidades representativas sustentam a possibilidade de acordo neste intervalo de tempo.

Frases inflamadas, gritos e aplausos marcaram o encontro da categoria, ontem à tarde, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Ceará (Sintro). Em foco, de novo, o velho questionamento sobre optar ou não por uma greve. A situação extrema, mas recorrente nos últimos anos, (salvo a exceção de 2011, quando um acordo impediu a paralisação) segundo o presidente do Sindicato, Domingo Neto, tornou-se inevitável. “Tentamos muito, mas fica claro que os empresários não têm a mínima preocupação. Não foi apresentada nenhuma proposta que contemplasse nossas reivindicações”, destacou. 

Após a decisão, os trabalhadores seguiram entusiasmados em caminhada rumo às ruas do Benfica. O resultado da manifestação foi engarrafamento na rua Tristão Gonçalves e na avenida Imperador, onde os veículos estiveram parados por cerca de 20 minutos, a poucos metros da sede do Sintro.

POSSIBILIDADE 
DE NEGOCIAÇÃO

As negociações mediadas pelo Ministério do Trabalho estão paralisadas, mas podem voltar a qualquer momento. A garantia é dada pelas duas entidades. De acordo com o assessor jurídico do Sintro, Cláudio Rennó, hoje, o Sindiônibus, a Prefeitura Municipal e o Governo do Estado serão comunicados oficialmente sobre a decisão. Mas a categoria decidiu que irá esperar até segunda-feira à tarde por novas propostas dos empresários. “Garantimos que o canal de negociação está aberto”, ressaltou. 

O presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, também defendeu a possibilidade de acordo. Conforme Dimas, não há nenhuma reunião marcada para os próximos dias, mas contatos telefônicos poderão encerrar o impasse. “Dispomos de uma mediadora que é muito acessível e sabemos que podemos contar com ela até no final de semana. É real a possibilidade de resolvermos a questão até segunda”, assegurou.
PERCENTUAL 
DE CIRCULAÇÃO
Caso haja realmente a paralisação, Claúdio, explicou que a lei não estabelece um percentual mínimo de circulação. A quantidade será fixada pelo Tribunal Regional do Trabalho, caso alguma instituição exija oficialmente. Conforme o advogado, na maioria dos casos, o percentual é de 30% dos ônibus. Caso a Justiça determine uma quantidade considerada ampla pela categoria, ele alertou que a medida não será acatada e o Sindicato está disposto a pagar multa. 
Quanto a esta condição, o presidente do Sindiônibus afirmou que, caso seja estabelecido o dissídio, a exigência será de 80% da frota circulando em horários de pico. Segundo Dimas, para os outros períodos, o Sindicato patronal ainda está analisando qual a quantidade mais adequada.
REIVINDICAÇÕES 
O percentual do reajuste dos salários ainda é o maior impasse. A categoria, que inicialmente cobrava 25%, agora exige 15%. Com o indicativo, a remuneração dos motoristas passaria dos atuais R$ 1.273 para R$ 1.463,95, já o dos cobradores sairia de e R$ 734 para R$ 844,10. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus) por sua vez, alega que o valor é inviável, pois estaria cinco vezes acima da inflação. A última proposta das empresas garante 4,88% de aumento. Os rodoviários reivindicam ainda R$ 80,00 de cesta-básica e R$ 12,00 de vale-alimentação. As empresas propõem a manutenção dos atuais benefícios, como cesta básica no valor de R$ 70 e o vale-refeição de R$ 7,00. 

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