Sob suspeita de desviar R$ 100 milhões, Banco do Nordeste terá um novo ‘aporte’: R$ 4 bilhões


Às voltas com uma investigação em que o Ministério Público e a Polícia Federal apuram desvios de mais de R$ 100 milhões em créditos fraudulentos, o Banco do Nordeste receberá do Tesouro Nacional um reforço de caixa. Coisa de R$ 4 bilhões.
Deve-se o feito ao deputado Danilo Forte (PMDB-CE, na foto). Relator da medida provisória 564, editada por Dilma Rousseff para criar o programa Brasil Maior, o deputado Forte fez jus ao nome numa negociação com o Ministério da Fazenda.
No seu texto original, a MP de Dilma previa a capitalização do BNDES em R$ 100 bilhões. Em seu relatório, Danilo Forte salgou a conta em mais R$ 5 bilhões –além dos R$ 4 bilhões que destinou ao Banco do Nordeste, incluiu R$ 1 bihão para o Banco da Amazônia.
Para evitar riscos à tramitação da MP, que perderá a eficácia se não for aprovada pela Câmara e pelo Senado até 15 de agosto, o governo cedeu. A rendição foi formalizada num entendimento de Danilo, o Forte, com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Segundo do ministro Guido Mantega, ele desfruta de prestígio junto a Dilma.
O deputado celebrou o êxito numa nota veiculada no Twitter: “Vitória! Apesar do momento político difícil pelo qual o BNB está passando, conseguimos…” Num link que se segue à mensagem, Danilo Forte remete os internautas para notícia veiculada pelo jornal ‘O povo’, um dos principais diários do seu Estado.
Junto com a injeção de recursos que propiciou ao nordestino BNB e ao amazônico Basa, Danilo introduziu na medida provisória de Dilma mudanças nos fundos constitucionais voltados ao desenvolvimento das duas regiões.
Com as novidades, disse o deputado, os bancos poderão potencializar suas operações de crédito sem ter de “mendigar aporte de recursos no futuro para continuar ampliando os investimentos na região.”
Único servidor afastado depois que os milionários desvios do Banco do Nordeste ganharam as manchetes, o ex-chefe de gabinete da presidência da instituição, Robério Gress do Vale, concedeu uma entrevista reveladora.
Disse que o banco, cuja diretoria é 100% composta de apadrinhados do PMDB e do PT, convive com uma “briga” das duas legendas. Uma disputa por espaço, que convulsiona as engrenagens administrativas.
“Essa briga está sendo muito prejudicial ao Banco do Nordeste, nos cargos estatutários, porque é um grupo daqui, um dali, é o PMDB que quer ganhar mais espaço e quer foder com o PT”, disse Robério. “Então essa questão, eu acho, acaba deixando muitas vezes em xeque a própria administração do banco.”
Levado à grelha sozinho, Robério insinua que merece companhia. “O alvo não sou eu, eu sou um elemento que dá manchete. […] Eu acho que as coisas vão aparecer. Eu, hoje, tenho forte sentimento de que isso é para desfocar de uma questão maior. De uma questão maior operacional. Para desfocar de uma questão maior.”
É contra esse pano de fundo enodoado que o deputado Forte prevaleceu sobre a Fazenda. Inicialmente, o governo se dispunha a levar ao pano verde em que é negociada a MP do Brasil Maior algo como R$ 1,5 bilhão –R$ 1 bilhão para o Banco do Nordeste e R$ 500 milhões para o Banco da Amazônia. Tendo atrás de si os votos do PMDB e dos “aliados” da Câmara, o relator puxou suas fichas. E levou R$ 5 bilhões.

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