De vez em quando um perde a vergonha


Em política, dizia Ulysses Guimarães, o sujeito não pode estar tão próximo que amanhã não possa estar distante nem tão distante que amanhã não possa se aproximar. Considerando-se a distância que tomou de Lula e do PT na investigação legislativa do mensalão, Gustavo Fruet parecia ter tomado um caminho sem volta.
Deputado tucano dos mais combativos, Fruet foi sub-relator da CPI dos Correios. Nesse papel, acusara o PT de criar um “mantra da mentira”. Dissera: “Ninguém sabe do dinheiro, ninguém viu nada.” Entre todos petistas, Lula foi o que mais cegou para o escândalo. Nada soube, nada viu.
Hoje, candidato à prefeitura de Curitiba pelo PDT, Fruet teria autoridade para utilizar os veredictos do STF como matéria prima de campanha. Porém, aliado ao PT do casal de ministros Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, agora é Fruet quem se vê assediado pela conveniência de não ver.
O comitê de Fruet leva às ruas 300 mil panfletos que associam sua candidatura a Lula e à sucessora Dilma Rousseff. Fustigado pelo paradox, o ex-tucano diz que “todos têm qualidades e defeitos”. Sustenta que, na CPI, pegou em lanças na esfera política, não na seara pessoal. “Combati a corrupção. Não era um combate contra A ou B.” Ulysses Guimarães, como se vê, era um sábio.

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