Porto do Pecém: conselho debate últimos entraves

Foi realizada na manhã de ontem, a penúltima reunião do Conselho Diretor do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), na sala de reuniões da Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag), que discutiu os ajustes finais no que diz respeito à capacitação profissional, oportunidades de negócios e ocupação territorial. O próprio secretário, Eduardo Diogo, conduziu os trabalhos, que contou com representantes de órgãos governamentais - de esferas municipais (Caucaia e São Gonçalo do Amarante) e estadual -, iniciativa privada, entidades civis, Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e, ainda, o Sebrae.
Dentre os principais assuntos abordados, foram tratados de alguns entraves que precisam ser solucionados em breve, como a melhor qualificação dos moradores daqueles dois municípios onde o CIPP está encravado, bem como de Fortaleza e outros, que poderão trabalhar nos empreendimentos que ali estão se instalando. Outro problema abordado durante a reunião foi com relação aos equipamentos que ali serão instalados, especialmente os de mobilidade urbana, pois mesmo antes do funcionamento da esteira transportadora, da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e da Refinaria Premium II da Petrobras, já estão ocorrendo problemas nesta área.
Com relação a este último item, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) afirmou que algumas obras estruturantes de rodovias já estão sendo realizadas, mas não na velocidade desejada, devido, especialmente, às indenizações. Licitações devem ser realizadas assim que sejam liberadas algumas licenças ambientais, bem como Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Sobre a oferta de água bruta para abastecer às empresas que se instalarão no CIPP, já existem algumas obras em andamento.
O representante da Cagece, André Facó, explicou que a empresa está procurando um sócio para trabalhar no esgotamento industrial e fornecimento de água bruta para o CIPP. “Estamos buscando uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), para realizarmos este trabalho. Já participamos de discussões com a Procuradoria Geral do Estado (PGE) para realizarmos uma concorrência pública, para contratar a empresa que executará essas obras, juntamente conosco, até o final deste ano”, salientou.
Sobre a questão tecnológica, segundo o presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Fernando Carvalho, o que há de mais adequado ao trabalho das empresas que estarão se instalando no CIPP, será disponibilizado. “Os acessos de banda larga já estão instalados na área do Porto do Pecém, através de fibra óptica. Há, também, disponibilidade de sinal via rádio, tudo integrado ao Cinturão Digital. Mas queremos expandir a distribuição por fibra óptica, que é a melhor opção hoje em dia”, ressaltou.

FOTO: MARCELO CABRAL / O ESTADO
QUALIFICAÇÃO
Já no que diz respeito à qualificação de mão de obra (M.O.) a ser empregadas nos empreendimentos que irão se instalar no CIPP, houve um debate mais acirrado. O representante da Petrobras, Raimundo Lutif, demonstrou certa preocupação com esse setor, mas analisou que o Governo do Estado tem procurado solucionar estas deficiências. Ele destacou a importância dos preparativos para a realização dos treinamentos necessários ao trabalho da refinaria. “Só para se ter uma ideia, em Pernambuco não encontramos, dentre os candidatos às vagas oferecidas, pessoas que tivessem uma nota acima de quatro, e isto na seleção para os cursos preparatórios. Não tinham um mínimo de conhecimento básico em matérias primárias, como português e matemática. Aqui no Ceará temos tempo para fazer isso e é bom ver que a Secretaria da Educação está se preparando para essa qualificação. Afinal, na segunda fase de implantação da refinaria, quando serão disponibilizados recursos do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp), é preciso maior qualificação, pois terá vagas para soldadores, operadores de máquinas, dentre outras”, advertiu.
Já o presidente da Fiec, Roberto Macêdo, lembrou que é preciso melhorar a qualidade do ensino, especialmente a capacitação técnica de jovens nas atividades que serão desenvolvidas no CIPP, como torneiro mecânico, por exemplo; necessidade de investimentos em logística e novas tecnologias; bem como contratar pessoal técnico, caso seja necessário. “A dificuldade existe. Uma coisa é ter a mão de obra preparada a partir do zero e, a outra é ela já ter alguma qualificação, com as especificidades que as empresas necessitarão. Não temos operadores de guindastes, empilhadeiras, retroescavadeiras. Temos um projeto para construir uma escola de qualificação em São Gonçalo do Amarante – em parceria com o Senai –, para capacitar os candidatos às vagas que serão abertas. Uma obra que deve iniciar no próximo mês e de R$ 5 a R$ 6 milhões. E estamos conversando com o Governo do Estado para usarmos o Centro de Treinamento que está em construção. Enquanto isso não se confirma, a Prefeitura de São Gonçalo nos arranjou um galpão, onde instalamos dez máquinas de solda e iniciamos o processo de qualificação”, destacou.
Para finalizar, o secretário Eduardo Diogo ressaltou a importância da atitude do governador Cid Gomes de abrir o amplo debate sobre as necessidades do CIPP, com cerca de 30 representantes dos mais variados segmentos, dos quais cerca de 17 são legados ao Governo do Estado (dentre eles 13 secretarias), além de entidades de classe e o meio empresarial. “Após várias reuniões, apresentamos ao governados 27 itens que consideramos entraves ao CIPP. Ele deliberou sobre cada um e dividiu em três áreas: Capacitação (que ficou com a Fiec), Oportunidades de Negócios (com o Sebrae) e Ocupação Territorial, que ficou com a Seplag, Secretaria das Cidades, Seduc, STDS, Secitice, dentre outros órgãos. O Conselho Diretor do CIPP já discutiu as necessidades que um polo de grande concentração populacional, como o CIPP é, como lazer, moradia, serviços. Prover a população que ali trabalhará, uma boa qualidade de vida. Até o dia cinco de novembro vamos concluir os trabalhos, focando nas interfaces convergentes, para apresentar ao governador Cid, que já afirmou que o que for necessário para o aprimoramento desta estrutura, poderá ser determinado posteriormente”, concluiu.

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