A maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu
que o governo Lula (2003-2010), por meio da atuação do ex-ministro José
Dirceu (Casa Civil), comandou um esquema criminoso para a compra de
apoio político no Congresso.
Os ministros entenderam que Dirceu,
com o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, e
o grupo do empresário Marcos Valério, cometeram corrupção ativa ao
esquematizar o desvio de recursos públicos que, misturados a empréstimos
bancários fraudulentos, foram utilizados para a compra de
parlamentares.
O objetivo era garantir a aprovação de matérias de
interesse do Executivo na Câmara dos Deputados, como a reforma da
Previdência. Alguns ministros apontaram que isso fazia parte de um
projeto de permanência no poder e expansão do PT. Participaram desse
acerto com os petistas integrantes do PP, PTB, ex-PL (atual PR) e PMDB.
Com
esse julgamento, o Supremo rejeitou a tese da defesa de que houve caixa
dois eleitoral, defendido pelos acusados nos últimos sete anos e
rebateu, inclusive, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que
classificou o mensalão de farsa.
Com a sessão de hoje, o Supremo
já condenou 25 dos 37 réus por crimes como, corrupção passiva e ativa,
lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
Além da cúpula petista,
estão entre eles líderes do esquema: como Marcos Valério, a dona do
Banco Rural, Kátia Rabello, além de Jefferson e dos deputados Valdemar
Costa Neto (PR-SP) e João Paulo Cunha.
Foram inocentados cinco
réus: Geiza Dias, funcionária de Valério, Ayanna Tenório, do Banco
Rural, Antonio Lamas, do ex-PL (atual PR) e os ex-ministros Luiz
Gushiken e Anderson Adauto, por falta de provas.
VOTOS
A maioria
do Supremo votou sobre quem corrompeu e esquematizou o mensalão. Faltam
os votos do ministro Celso de Mello e o presidente do STF, Carlos Ayres
Britto, que serão apresentados na sessão de hoje (10).
A
participação de Dirceu no esquema foi confirmada na sessão de hoje teve
os votos dos ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Luiz Fux, Carmén
Lúcia, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello. Os ministros Dias Toffoli e
Ricardo Lewandowski o inocentaram por falta de provas. Toffoli foi
subordinado a Dirceu por dois anos na Casa Civil, onde exerceu o cargo
de subchefe de assuntos jurídicos.
Relator do caso, Barbosa disse que Dirceu era o mandante e comandava o destino dos esquemas.
Segundo
Lewandowski, revisor, as acusações que pesam contra o ex-ministro da
Casa Civil são "suspeitas, ilações e afirmações contundentes, mas
carentes de suporte probatório".
Pela condenação de Genoino,
votaram: Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Carmén
Lúcia, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello. Lewandowski disse que não
havia prova de que ele tinha conhecimentos dos acertos financeiros para
adesão de partidos a base aliada do governo. A maioria dos ministros
rejeitou a tese de que ele não tinha conhecimento dos acertos
financeiros e só cuidava da articulação política do PT.
Os oito
ministros votaram até agora foram pela condenação do ex-tesoureuro do
PT, Delúbio Soares, do empresário Marcos Valério, de seus dois sócios,
Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, além da agência de publicidade Simone
Vasconcellos. Esses ministros também absolveram o ex-ministro Anderson
Adauto. O advoagdo de Valério, Rogério Tolentino, também foi condenado
pela maioria, Toffolie e Lewandowski o inocentaram.
DIVERGÊNCIA
O
ministro Marco Aurélio foi o último a votar na sessão de ontem e abriu
uma divergência. Ele foi o único dos oito ministros a pedir a condenação
de Geiza Dias, funcionária de Valério, por corrupção ativa. Alegou que
ela sabia da movimentação dos recursos e agiu na indicação dos repasses.
Os outros ministros, no entanto, a absolveram por falta de provas.
Marco
Aurélio disse ainda que "subestima a inteligência mediana" a tese de
que Delúbio agiu sozinho e tinha autonomia para levantar milhões, e
distribuir esses milhões, ele próprio definindo os destinatários sem
conhecimento da cúpula do PT.
"Tivesse Delúbio a desenvoltura
intelectual e material a ele atribuída, certamente não seria apenas
tesoureiro do partido. Quem sabe tivesse chegado a um cargo muito
maior", afirmou o ministro dizendo que o ex-tesoureiro aceita posar como
bode expiatório.
Ele disse ainda que "ao chegar ao poder, o PT
realmente buscou essa base de apoio no congresso nacional, até mesmo se
desfigurando."
O ministro afirmou também que "restou demonstrado,
não bastasse a ordem natural das coisas, Dirceu teve uma participação
acentuada nesse escabroso episódio.
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