AL celebra dia para pauta irrelevante
Tudo começou quando a deputada Fernanda Pessoa (PR) declarou, da tribuna, que o projeto de sua autoria para nomear a rodovia CE 305, que une os municípios de Pacatuba, Maracanaú e Maranguape, foi “burlado” por desavenças políticas e pessoais. Isso porque um outro projeto, praticamente idêntico e de autoria do deputado Lucílvio Girão (PMDB), pretendia nomear a mesma rodovia com outro nome.
A confusão estava armada. Fernanda Pessoa denunciou que o regimento foi “infligido”, em razão de ter apresentado o projeto primeiro, com parecer favorável da Procuradoria, atendendo a todos os princípios jurídicos e constitucionais específicos, o que lhe dá a preferência, de acordo com o regimento interno da Casa. A republicana declarou, ainda, que, no decorrer do trâmite, teve o parecer desfavorável pelo relator da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), Wellington Landim (PSB), “em razão de desavenças políticas e pessoais”.
Na tribuna, Fernanda Pessoa pediu “respeito” e relatou a justificativa que Wellington Landim lhe deu. Ela disse: “eu dei o parecer contrário ao seu projeto, Fernanda Pessoa, pelas divergências política que eu tenho com o seu pai, Roberto Pessoa. Como é que o seu pai vai até Brejo Santo para prejudicar o meu filho, Guilherme Landim? Quem é contra o meu filho, é contra a mim também. Sangue é sangue”. Landim não estava presente à sessão.
DISCUSSÃO PEGA FOGO
Já o autor do outro projeto, Lucílvio Girão, argumentou sobre a importância de “colocar o nome do grande homem que foi Luiz Girão. Em Maranguape ele só fez o bem, foi o maior comerciante da região. Era um homem tão bom que bem antes do fim do mês pagava seus impostos para a Prefeitura ter um dinheirozinho para fazer algumas obras”. Girão disse ainda que a obra só foi construída graças a um pedido seu ao governador Cid Gomes (PSB). No final das contas, o projeto de Lucílvio foi aprovado por seus colegas parlamentares.
De acordo com o deputado Tin Gomes (PHS), que presidia a sessão, a discussão era “tempo perdido”, já que a Casa não podia voltar atrás e a votação já referendava o projeto de Girão. “Independentemente do mérito em questão política, não existe a condição de o plenário votar atrás do que foi feito.
Não existem dois projetos tramitando, existe uma determinação da Comissão, que arquivou um projeto, e aprovou o outro. Esta discussão é mais política do que convencimento para votação. Se houve perseguição política, não entrarei no mérito, para a votação, esta discussão nada vale”, pontuou.
Soluções inusitadas
“Irrelevante”. Assim classificou todo o debate o deputado Ely Aguiar (PSDC). “Estamos com tantos problemas sérios em nosso Estado, e estamos passando aqui, quase que uma manhã inteira, discutindo o nome de uma estrada, de uma rua, e é o que esta Casa tem aprovado sempre.
Há pouco tempo, eu ocupei a tribuna aqui e anunciei os números que dizem que Fortaleza é a 13ª cidade mais violenta do mundo, e lamentando Maceió ser a 6ª cidade, e a casa levanta uma discussão tão acalorada como esta para se discutir o nome de uma rua”.
O momento de humor ficou por conta da sugestão da deputada derrotada, Fernanda Pessoa, que veio com uma solução, no mínimo, inusitada: nomear metade da estrada de um jeito (no caso, Pitaguari, como ela queria), e, a outra metade, de Luiz Girão. Ely Aguiar não perdoou: sugeriu que a rodovia tivesse um nome na ida e outra na volta. E assim acabou mais um dia de trabalho na Assembleia Legislativa do Ceará.
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