Hospitais filantrópicos começam a fechar as portas


 
 Dívidas de Santas Casas cresceram 556% e chegam a R$ 11,8 bi
  • Má gestão e baixo financiamento do SUS são responsáveis pelo estado crítico
Cresce participação no SUS
Ao mesmo tempo em que a crise se agrava, também foi constatado que a participação dos hospitais filantrópicos no total de internações realizadas pelo SUS tem crescido: passou de 39,9% em 2004 para 44,8% em 2011. Por outro lado, as internações em hospitais privados caíram no período de 18,7% para 10,2%.
— (Os hospitais privados) estão saindo do sistema público numa velocidade muito grande porque não têm mais interesse na remuneração que é paga — avalia o superintendente da CMB, José Luiz Spigolon.
O dirigente diz que a maior defasagem na remuneração está nos procedimentos de média complexidade. Cita como exemplo o parto, que custaria R$ 1.200 para o hospital e seria remunerado em cerca de R$ 470 pelo SUS. Mas Spigolon também reconhece que existe problemas de gestão, principalmente nas Santas Casas de pequeno porte. Para o dirigente da CMB, o problema é consequência da baixa remuneração, que impede a contratação de profissionais experientes.
O Ministério da Saúde admite que a defasagem principal está nos atendimentos de média complexidade. Mas Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde, diz que não há previsão de reajuste. O plano tem sido evitar os pagamentos por procedimento realizado:
— Temos remunerado os hospitais por população atendida.
Segundo Magalhães, o ministério aumentou as transferências de recursos para que as instituições invistam na melhora do atendimento e da infraestrutura. No ano passado, foram repassados R$ 907 milhões. O secretário também negocia com o Ministério do Planejamento a implantação de um programa para a revisão das dívidas tributárias das Santas Casas.
Em março do ano passado, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou um convênio para que o BNDES emprestasse dinheiro às Santas Casas a juros menores do que os de mercado. Mas, de acordo com Spigolon, até agora, nenhum empréstimo foi fechado porque os bancos não demonstraram interesse em intermediar os financiamentos. Magalhães reconhece que o programa está “emperrado” e precisa se tonar mais atrativo para as instituições financeiras. (COLABOROU: Paulo Yafusso, especial para O GLOBO)

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