Legendas adversárias veem perigosa hegemonia, caso
Henrique Alves (PMDB-RN) vença hoje eleição para presidente da Câmara;
Palácio do Planalto, no entanto, não passa recibo sobre quaisquer receios;
quanto mais forte o partido estiver, mais forte ficará a chapa presidencial de
2014, com Dilma e o vice Michel Temer, acreditam os estrategistas palacianos;
está mesmo tudo combinado com as raposas do partido muy amigo?
Brasília 247 – Papel e lápis na mão. Ou melhor, calculadora.
Mesmo sem contar a cadeira de presidente da Câmara dos Deputados, terceiro
cargo eletivo mais importante do País, para a qual a legenda concorre como
favorita na manhã desta segunda-feira 4, o PMDB exibe hoje uma robustez inédita
entre os partidos políticos brasileiros. A legenda detém a vice-presidência da
República, com Michel Temer, a presidência do Senado, arrebatada com folga na
sexta 1 por Renan Calheiros, cinco ministérios (Agricultura, Integração
Nacional, Minas e Energia, Previdência e Turismo), cinco governos estaduais
(MA, MS, MT, RJ e RO), 18 senadores, 79 deputados federais, 152 deputados
estaduais, 1.020 prefeitos e 7.964 vereadores. Ufa!
Tamanha estrutura provoca arrepios entre os
adversários – e o temor de que, caso Henrique Alves vença a disputa na Câmara,
crie-se uma hegemonia difícil de ser quebrada. Para chegar à presidência do
Senado, o PMDB contou com os votos da bancada do PT. A mesma estratégia está
acertada para se repetir na Câmara. A ordem neste sentido partiu tanto dos
líderes da legenda, como da presidente Dilma Roussef. A poucas horas de decisão
na Câmara, porém, desponta o receio de que, sempre com o apetite aberto, o PMDB
possa criar mais problemas do que soluções para o governo com tanto poder nas
mãos de seus filiados mais ilustres.
No Palácio do Planalto, a hipótese de o PMDB passar
a criar novas dificuldades para cobrar facilidades é encarada sem grandes
medos. Acredita-se, de um lado, que a agenda legislativa de interesse mais
imediato do governo – como a divisão dos royalties do petróleo, por exemplo –
irá recair sobre decisões do STF, uma vez que se trata, a questão dos
royalties, na avaliação de assessores da presidente Dilma, uma causa que seria
perdida com qualquer que fosse o presidente do Senado, onde está sendo
apreciado o veto presidencial.
Quanto aos debates na Câmara, o governo reconhece
que o presidente que será substuído na segunda-feira, Marco Maia (PT-RS),
comportou-se mais como adversário do que correligionário. O entendimento entre
ele e Dilma nunca foi bom, o que levou a administração a pouco reconhecer os
pleitos do parlamentar. De perfil nitidamente fisiológico, Henrique Alves, o
favorito, poderá ser controlado à base do atendimento de pequenos favores,
calculam os estrategistas presidenciais. O foco governista é o da economia, acreditando-se
que a principal questão política – a composiçáo da chapa eleitoral para 2014 –
já está praticamente resolvida.
A resolução dessa questão passa, de novo, pelo
PMDB. Dilma já teria comunicado ao vice Michel Temer que a dobradinha entre
eles irá continuar. Dessa maneira, ao contrário de ficar assustada com o
crescimento do partido sobre os principais cargos da República, a presidente
considera que, quanto mais forte ficar o PMDB, melhor. Caem como uma luva,
nessas projeções, os desejos de Renan e Alves concorrerem aos governos de
Alagoas e Rio Grande do Norte, respectivamente, em 2014. Todos estariam
acomodados, contando com a popularidade de Dilma para se elegerem. Por isso,
não teriam interesse em criar problemas, em nome das glórias do futuro.Só não
se sabe, exatamente, o quanto de toda essa tranquilidade foi combinada com o
agigantado PMDB.
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