CPI do Cachoeira é sepultada também em Goiás
marcado para 26 de fevereiro, dia da leitura do relatório final. O enterro será em 5 de março, quando o texto deve ser aprovado.
A comissão de inquérito que você desconhecia “funcionava” havia nove meses. Era controlada pela coligação partidária que dá suporte ao governador goiano Marconi Perillo (PSDB). Nascera em 10 de maio de 2012, para servir de contraponto àquela outra CPI do Cachoeira, que simulava investigações no Congresso.
O sepultamento da CPI federal levou à morte da CPI estadual. Faltava apenas o pretexto. Em agosto do ano passado, uma liminar (decisão provisória) do Tribunal de Justiça de Goiás proibira a comissão da Assembleia de varejar os contratos da construtora Delta com as prefeituras de Aparecida de Goiânia e de Catalão.
No mês passado, em 23 de janeiro, o tribunal goiano indeferiu um recurso da Assembléia, mantendo a liminar. E os membros da CPI estadual decidiram dar a investigação por encerrada antes mesmo do julgamento definitivo da ação que a impede de tocar os contratos da Delta com as prefeituras.
Os funerais foram organizados nesta terça (5). Já na primeira reunião de 2013, os membros da moribunda CPI concluíram que não era o caso de esticar a pantomima. Chama-se Talles Barreto o deputado incumbido de produzir o relatório final da comissão. É filiado ao PTB, uma das legendas que apoiam o tucano Perillo.
Não se deve esperar muito do texto do relator Barreto. Ele informa que nem o personagem que dá nome à CPI deve ser importunado: “Quanto ao empresário Carlos Cachoeira, este já sofrerá as sanções na esfera federal”, disse o deputado, referindo-se ao contraventor condenado como negociante.
Mas afinal, de que matéria prima serão feiras as conclusões da CPI? Num idioma parecido com o português, Barreto informa: “Nosso relatório será proposto no sentido então de inibir que a contravenção continue ou volte a atuar no Estado.” Quem ouve fica com a impressão de que o deputado quis dizer o seguinte: não vamos molestar o contraventor, mas somos contra a contravenção.
Membro da CPI, o deputado estadual Tulio Isac, do PSDB, acha que a comissão de Goiás não pode ser comparada com a do Congresso. Por quê? A CPI de Brasília, diz o tucano, existia apenas para perseguir políticos de oposição ao Planalto. Escorado na liminar que bloqueou o acesso aos negócios da Delta com prefeituras, o partidário de Perillo lamenta que a CPI de Goiás não tenha produzido senão “perguntas sem resposta.”
Vice-presidente da CPI que se encaminha para a cova, Mauro Rubem, do PT, afirma que a investigação chegou a uma encruzilhada que conduz a CPI estadual ao mesmo desfecho “trágico” da CPI federal. Para ele, a liminar que serve de pretexto para as exéquias limita, mas não impede o trabalho.
Na contramão do PT federal, que apressou o término da CPI de Brasília, o petista Mauro acha que, em Goiás, há muito mais a ser investigado além de negócios de prefeituras. O diabo é que, em Goiás, o PT é minoria.
Ouvidas as observações, o presidente da CPI goiana, deputado Helio Sousa, do DEM, interrompeu a sessão. Durante o interval, negociou um acordo. Reabertos os trabalhos, anunciou o fim da CPI que quase ninguém sabia que existia. Por unanimidade, aprovou-se o calendário: funeral no dia 26 de fevereiro. Enterro em 5 de março. Sugestão de epitáfio: “Não contem mais comigo”.
Você provavelmente não sabe, mas havia uma CPI do Cachoeira na
Assembleia Legislativa de Goiás. Morreu nesta terça-feira, antes que
você tomasse conhecimento dela. O velório foi A comissão de inquérito que você desconhecia “funcionava” havia nove meses. Era controlada pela coligação partidária que dá suporte ao governador goiano Marconi Perillo (PSDB). Nascera em 10 de maio de 2012, para servir de contraponto àquela outra CPI do Cachoeira, que simulava investigações no Congresso.
O sepultamento da CPI federal levou à morte da CPI estadual. Faltava apenas o pretexto. Em agosto do ano passado, uma liminar (decisão provisória) do Tribunal de Justiça de Goiás proibira a comissão da Assembleia de varejar os contratos da construtora Delta com as prefeituras de Aparecida de Goiânia e de Catalão.
No mês passado, em 23 de janeiro, o tribunal goiano indeferiu um recurso da Assembléia, mantendo a liminar. E os membros da CPI estadual decidiram dar a investigação por encerrada antes mesmo do julgamento definitivo da ação que a impede de tocar os contratos da Delta com as prefeituras.
Os funerais foram organizados nesta terça (5). Já na primeira reunião de 2013, os membros da moribunda CPI concluíram que não era o caso de esticar a pantomima. Chama-se Talles Barreto o deputado incumbido de produzir o relatório final da comissão. É filiado ao PTB, uma das legendas que apoiam o tucano Perillo.
Não se deve esperar muito do texto do relator Barreto. Ele informa que nem o personagem que dá nome à CPI deve ser importunado: “Quanto ao empresário Carlos Cachoeira, este já sofrerá as sanções na esfera federal”, disse o deputado, referindo-se ao contraventor condenado como negociante.
Mas afinal, de que matéria prima serão feiras as conclusões da CPI? Num idioma parecido com o português, Barreto informa: “Nosso relatório será proposto no sentido então de inibir que a contravenção continue ou volte a atuar no Estado.” Quem ouve fica com a impressão de que o deputado quis dizer o seguinte: não vamos molestar o contraventor, mas somos contra a contravenção.
Membro da CPI, o deputado estadual Tulio Isac, do PSDB, acha que a comissão de Goiás não pode ser comparada com a do Congresso. Por quê? A CPI de Brasília, diz o tucano, existia apenas para perseguir políticos de oposição ao Planalto. Escorado na liminar que bloqueou o acesso aos negócios da Delta com prefeituras, o partidário de Perillo lamenta que a CPI de Goiás não tenha produzido senão “perguntas sem resposta.”
Vice-presidente da CPI que se encaminha para a cova, Mauro Rubem, do PT, afirma que a investigação chegou a uma encruzilhada que conduz a CPI estadual ao mesmo desfecho “trágico” da CPI federal. Para ele, a liminar que serve de pretexto para as exéquias limita, mas não impede o trabalho.
Na contramão do PT federal, que apressou o término da CPI de Brasília, o petista Mauro acha que, em Goiás, há muito mais a ser investigado além de negócios de prefeituras. O diabo é que, em Goiás, o PT é minoria.
Ouvidas as observações, o presidente da CPI goiana, deputado Helio Sousa, do DEM, interrompeu a sessão. Durante o interval, negociou um acordo. Reabertos os trabalhos, anunciou o fim da CPI que quase ninguém sabia que existia. Por unanimidade, aprovou-se o calendário: funeral no dia 26 de fevereiro. Enterro em 5 de março. Sugestão de epitáfio: “Não contem mais comigo”.
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