Juazeiro do Norte-CE: Ex-votos pegam fogo e incendeiam milagres de Padre Cícero
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Demontier Tenório - Site do miseria.com.br
Imagem de Nossa Senhora desceu da parede e caiu intacta embaixo e sobre os escombros (Foto: Delton Sá)
O trabalho foi no sentido de conter as chamas e evitar que o fogo se alastrasse para os prédios vizinhos. O teto do velho imóvel que fica em frente à Capela do Socorro desabou e ajudou a destruir boa parte dos ex-votos. Uma imagem de Nossa Senhora das Dores deslizou pela parede e caiu intacta e de pé na parte inferior e sobre os escomrbos. “Ela é uma Santa”, disse uma romeira que tinha acabo de chegar de Alagoas em um comboio formado por sete ônibus.
Os ex-votos são quadros, imagens, peças de madeira como se fora braços, pernas, cabeças, mãos e outras, fotografias, cabelos, miniaturas de casas, discos de cantores, santinhos e cartazes de políticos. A Casa dos Milagres foi criada em 1936 ou dois anos após a morte do Padre Cícero quando aumentou a quantidade de promessas, graças alcançadas e, conseqüentemente, ex-votos chegando sem um local adequado para o depósito.
A Diocese do Ceará não permitia essa veneração ao "Padim" no município o qual morreu suspenso de suas ordens sacerdotais pela Igreja e até ignorava as romarias. Foi quando um particular teve a idéia de destinar o imóvel na Travessa Maria Gonçalves, 159, em frente à Capela do Socorro para acolher as peças que chegavam em profusão. Passados 77 anos e com mais de 20 mil ex-votos ali deixados, a Casa esteve ameaçada de venda mesmo sendo um lugar considerado sagrado pelos fiéis e bastante místico.
A Casa dos Milagres pegou fogo na madrugada desta sexta-feira em Juazeiro do Norte (Foto: Delton Sá)
Ela sempre guardou distância do poder público que parece ignorar sua importância. No quintal existe uma cacimba e as pessoas pegam água por acreditar que é benta. Ao lado do poço, um horto de plantas medicinais com resultados considerados "excepcionais" e muitos levam para fazer chás. A área do imóvel é de apenas 160 metros quadrados e, nele, a presença constante de acadêmicos, pesquisadores, historiadores e estudiosos.
A origem do imóvel é do espólio de José Monteiro de Macedo, que foi prefeito de Juazeiro do Norte por três mandatos. A herança até gerou desentendimentos familiares e o prédio fica numa localização estratégica bem em frente ao nicho de Padre Cícero no adro da Capela do Socorro. Muitos pesquisadores, devotos e admiradores do sacerdote defendiam a desapropriação pela prefeitura para que o lugar pudesse ser gerido por uma ONG (Organização Não Governamental). Além disso, um importante patrimônio histórico de Juazeiro que o fogo destruiu levando consigo marcas de fé e devoção.
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