Coronel Bezerra aceita convite e diz na Assembleia o que fez na Segurança. Depois virou briga política.
O secretário de Segurança Pública do Estado do Ceará, coronel Francisco Bezerra, esteve, ontem, por cerca de cinco horas, no plenário da Assembleia Legislativa, para apresentar dados e ações desenvolvidas a fim de reduzir os índices de violência no Estado. A visita do secretário atraiu muitos parlamentares, inclusive vereadores de Fortaleza e prefeitos do interior. A galeria da Casa ficou lotada, diferente das demais sessões ordinárias.
Antes de ser sabatinado pelos deputados estaduais, o secretário apresentou um balanço do trabalho realizado pela Pasta. Francisco Bezerra destacou os investimentos na área desde 2011, quando assumiu o comando da Segurança Pública do Estado. Ele, por sua vez, elencou as principais estratégias realizadas, destacando a Perícia Forense e a Academia de Segurança Pública, como ações inovadoras e, até mesmo, pioneiras no País.
O secretário destacou o Programa Ronda do Quarteirão, no qual classificou como “o maior programa de policiamento comunitário do Brasil”, que, segundo ele, até o final de 2014, será estendido para mais municípios cearenses. Atualmente, atinge apenas 45 municípios. Francisco Bezerra ressaltou, ainda, que a intenção do Governo é ampliar até junho de 2014, o Programa Ronda de Ações Intensivas e Ostensivas (BPRAIO), que, de acordo com ele, tem ajudado a reduzir os índices de violência com inúmeras apreensões de armas.
FRENTE ÚNICA
Francisco Bezerra, por sua vez, solicitou a criação de uma “frente única” para colaborar com o processo de melhoria da segurança pública, pois, segundo ele, “é responsabilidade de todos contribuir com o debate”. Requerendo, assim, a participação dos parlamentares e da sociedade civil para a discussão. Disse, ainda, ser necessária uma discussão acerca das leis brasileiras, principalmente do agravamento da pena para quem comete homicídios.
Também, defendeu a atuação dos policiais. O secretário explicou que, diante das inúmeras abordagens durante o ano, o policial, eventualmente, comete erros, o que, conforme seu entendimento, não por erro de formação, mas devido à fração de segundos que o policial tem para tomar uma decisão. O secretário garantiu, ainda, que, até 2014, 1.000 novos policiais militares ingressarão no curso de formação. Além disso, existe concurso autorizado para 200 oficiais da Polícia Militar, 30 oficiais do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) e 270 soldados do Corpo de Bombeiros.
EXONERAÇÃO
Após apresentação, o secretário respondeu aos questionamentos dos parlamentares, feitos em blocos. Um dos principais questionamentos, foi com relação à exoneração e a existência de uma milícia dentro da Polícia Militar (PM), além da transparência na divulgação dos dados. A deputada Fernanda Pessoa (PR), primeira a se pronunciar, disse que “já que o governador não tem coragem, então preste um serviço à sociedade e peça exoneração do seu cargo”. Ela, ainda, cobrou transparência na divulgação das estatísticas dos crimes no Estado.
Francisco Bezerra, porém, retrucou convidando a deputada a pesquisar o site da Secretaria, onde afirmou ser o mais transparente do País. Sobre a exoneração, o secretário também solicitou que a parlamentar peça renúncia. “Houve manifestações recentes, onde o mote era contra política e pediram a saída dos políticos. Então, por que não pede também exoneração do seu cargo”, respondeu o secretário, ressaltando que “jamais pedirei exoneração. Jamais pedirei para sair. Se eu tivesse sentimento de culpa, já teria saído. Diferente do pensamento de alguns, muitos cearenses estão dizendo que por meio dessa cúpula a situação está melhor”.
MILÍCIAS
Os deputados Heitor Férrer (PDT) e Roberto Mesquita (PV) questionaram sobre a existência de milícias dentro da Polícia Militar (PM), segundo informações divulgadas pelo ex-ministro Ciro Gomes (PSB). Bezerra não desmentiu o fato. Mas, salientou, em entrevista coletiva, que as investigações têm caráter reservado e, portanto, “como secretário de Segurança do Estado do Ceará, eu me dirijo à imprensa para dizer que cabe aos órgãos competentes, de acordo com sua competência, apurar toda e qualquer situação referente ao caso”. Ele não fez mais comentários sobre o assunto.
No que se refere à participação do ex-ministro Ciro Gomes, na Pasta, Bezerra disse apenas ser “capacitado” e, portanto, sua opinião é bem-vinda não só na área da Segurança Pública, assim como em outras instâncias do governo. Mas, salientou que Ciro Gomes não toma decisões. “Todas as decisões operacionais são tomadas pelo secretário, são decisões técnicas”.
SUGESTÕES
A visita do secretário recebeu somente críticas. Alguns deputados também apresentaram sugestões. Lula Morais (PCdoB), por exemplo, pediu a reestruturação do Conselho de Segurança Pública, alegando que colaboraria para ampliação das discussões sobre Segurança Pública. Já os deputados Augustinho Moreira (PV) e Professor Teodoro (PSD) sugeriram a criação de políticas de promoção aos policiais militares, além de uma subsecretaria de segurança comunitária.
Bezerra, contudo, ressaltou que o Conselho e qualquer entidade agregam esforços na problemática da segurança no Estado. Ele informou também que a maior preocupação é a juventude - vítima e autora da grande parcela dos crimes ocorridos no Ceará. Segundo ele, uma solução seria investimentos em programas sociais. Disse, ainda, que, entre 2007 e 2013, 3.672 promoções foram efetivadas na Polícia Militar. A ida do secretário de Segurança atende a um pedido da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. Ele foi o oitavo secretário estadual a participar do Programa Ciclo de Debates.
BASTIDORES
Durante a explanação do secretário de Segurança Pública do Estado do Ceará, Francisco Bezerra, manifestantes presentes à galeria da Assembleia, gritavam palavras de ordem e solicitavam a exoneração do secretário. Em alguns momentos, o presidente da Casa, deputado José Albuquerque (PSB) solicitou que os manifestantes respeitassem o orador, pois, conforme ele, o objetivo da discussão era ouvir as ações desenvolvidas pela Secretaria de Segurança para reduzir os índices de violência no Ceará.
O vereador Capitão Wagner (PR), um dos líderes do movimento grevista, em janeiro de 2012, acompanhou o pronunciamento do secretário Francisco Bezerra. Ao final, criticou as ações apresentadas. Segundo ele, Bezerra tentou “maquiar” os dados.
Já o líder do Governo, deputado José Sarto, lembrou que além dos investimentos em equipamentos, o Governo também investiu em capacitação de novos profissionais. De acordo com ele, nos últimos dois anos, mais de cinco mil profissionais foram efetivados, sendo que, até 2014, 1.150 policiais iniciaram o curso de formação.
Do jornal O Estado(CE)
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