"Elvis Presley" bate ponto na Paulista, manda beijinho e dá autógrafos
RODOLFO LUCENA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
De quinta a domingo, aos feriados e dias santos, das 10h às 14h, bate ponto na avenida Paulista, quase esquina com a rua Augusta, território que virou palco de artistas de rua.
Botinha branca de bico fino e salto carrapeta, calça branca, camisa branca aberta ao peito, gigantescos óculos escuros e topete construído a gel fazem do paulistano Marcio Henrique de Aguiar, 40, um Elvis tal e qual.
Elvis da Paulista
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De
quinta a domingo, aos feriados e dias santos, das 10h às 14h, Elvis
bate ponto na avenida Paulista, quase esquina com a rua Augusta,
território que virou palco de artistas de rua
Assim, vai acertando a dicção, a empostação, os trejeitos, confere a hora de falar baixinho e o momento de soltar a voz. Decora tudo e depois se derrama na Paulista.
Marcio tentou "muita coisa na vida" desde que, aos 14 anos, saiu de casa para fugir da violência dos pais.
Entre "mil empregos", foi garçom, barman, vendedor. Adulto, enveredou pelas artes, no interior de Minas. Teve dupla sertaneja, banda de rock, fez peças teatrais em hotéis e frequentou a parada de sucessos regional.
Em 2010, voltou para São Paulo. No começo, morou na rua. "Depois juntei um dinheirinho e mudei para uma pensão." Nesses primeiros meses, vendeu picolé. Quando chegou o frio, passou adiante o carrinho de sorvetes, armou-se com um violão de R$ 30 e foi cantar para sobreviver.
Acabou conquistando o ponto em frente ao bar Charme da Paulista, ao lado do parque Trianon. Suas imitações ganhavam aplausos e moedas.
CORRA, ELVIS, CORRA
"Se fosse tocar reggae, eu colocava uma máscara de Bob Marley, para Mamonas [Assassinas], punha uma roupa de presidiário..."
E, claro, tocava Raul Seixas: "Fui lá na 25 de Março, comprei uma barba postiça de R$ 2,50, meti um Ray-Ban de camelô na cara, arrumei uma peruca daquelas black power, tesourei ela todinha. Dei uma exagerada, fiz um Raul mais maloqueiro ainda".
A melhor imitação, porém, era de Dinho Ouro Preto. Como o cantor do Capital Inicial, fez sucesso na bagunça pré-São Silvestre de 2010. Começou a imaginar como seria se, no ano seguinte, retornasse todo de branco... E Elvis chegou à São Silvestre de 2011.
"Estava 12 Kg mais gordo, dava para fazer duas feijoadas com a minha bochecha. Corri com o violão, sob chuva." Chegou entre os últimos, "naquela lama do Ibirapuera, com as pessoas mais obesas do planeta".
Uma amiga --que considera sua mãe adotiva-- ficou doente, e ele adiou o plano de encarnar o roqueiro.
Em outubro, Marcio definitivamente virou o Elvis da Paulista, que canta "My Way" (sucesso também com Frank Sinatra), mas faz também um sertanejo maneiro -solta sem pejo a voz no hit "Camaro Amarelo".
Diz que não planeja o futuro. "Meu sonho é estar sempre fazendo arte. Um novo passo, uma nova música, colocando uma roupa nova. Quero estar sempre nessa metamorfose."
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