Industriais não acreditam na construção da refinaria
A
construção da refinaria Premium II, da Petrobras, na região do Complexo
Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), em São Gonçalo do Amarante, foi
discutida durante uma reunião entre a bancada federal do Nordeste e
representantes da companhia, ontem de manhã, em Brasília. Na
oportunidade, os parlamentares cobraram da empresa a publicação de uma
nota oficial sobre o empreendimento a ser instalado, no Estado do Ceará,
exigindo que seja manifestado um posicionamento público sobre a atual
situação e o prazo para a sua conclusão. Apesar disso, os empresários
cearenses não acreditam que a Premium II seja construída, pelo menos no
curto prazo.De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o desejo da refinaria, no Ceará, repõe à década de 60, quando os empresários cearenses e o poder público iniciaram a luta por uma refinaria. Apesar disso, tudo indica que o empreendimento não virá para o Estado, ao menos, agora. “A Petrobras está sem dinheiro para a realização. Tem um osso que ela está roendo que é a de Pernambuco, em Suape, que está custando quatro ou cinco vezes mais. Disseram que a companhia de petróleo da Venezuela, a PDVSA, financiaria 50% da obra, mas isso não aconteceu. Não entendo como uma empresa do porte da Petrobras pode cometer um erro de avaliação tão grande”, destacou Roberto Macêdo.
Ele lembrou que a tancagem existente, no bairro Mucuripe, já era para ter sido deslocada para a região do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), que é um investimento bem menor, também não está acontecendo. “A Petrobras está importando gasolina e outros derivados, que acaba desequilibrando a nossa balança comercial. E o pior é que temos demanda para consumir a produção da nossa refinaria. Além disso, os Estados Unidos estão investindo muito na produção de gás de xisto, a fim de não ficar dependente do Oriente Médio, e com isso o preço do petróleo deverá cair e exploração do pré-sal pode ficar inviável, devido ao custo elevado de extração e os riscos ecológicos que isso implica. Tirar petróleo de sete mil metros de profundidade é algo que o mundo não conhece. Se romper um duto desses, como será feito o conserto?”, indagou o presidente da Fiec, lembrando que por todos esses motivos, não acredita no início das obras da refinaria, pelo menos os próximos três anos.
MANIFESTO
Já a presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), braço político da Fiec, Nicolle Barbosa, lembrou que a empresa está devendo uma resposta positiva para os cearenses. “Recebemos um diretor da Petrobras aqui, em Fortaleza, no ano passado, e estamos realizando um manifesto em favor da construção deste empreendimento, que será muito importante para o Ceará. Acho que essa é uma decisão política, mas estamos passando por um momento de campanha eleitoral e, infelizmente, creio que só ficará para o próximo Governo que assumir. É preciso eleger alguém que olhe com um olhar diferenciado para o Nordeste. Precisamos de um Juscelino nordestino, que faça 50 anos em cinco, aqui na nossa região. Por isso acredito que esta obra, apesar de toda a sua importância, não deverá sair em curto prazo”, salientou.
Outra questão importante é que a Petrobras está comprando gasolina no mercado externo e vendendo a preço inferior aqui no Brasil. Ou seja, a Premium II poderia suprir esta demanda existente, assim como a que está em projeto, no Maranhão, evitando a importação. “A companhia petrolífera está sem recursos para um investimento deste porte e, pior ainda, não está buscando ou aceitando parceiros. O próprio governador Cid Gomes apresentou duas empresas que poderiam entrar na parceria desta construção, já fez a doação do terreno, mas a Petrobras não toma a decisão de iniciar as obras. Então ficamos pensando o que estaria por trás desta inércia”, completou Nicolle.
Nenhum comentário:
Postar um comentário