Justiça e Polícia Federal tomam poder de Roberto Claudio - Prefeitura de Fortaleza sob intervenção


Manifestantes reocupam Cocó após saída de Guarda Municipal

Polícia Federal pediu a retirada dos agentes após liminar da Justiça; Prefeitura afirma que vai recorrer da sentença
Se na última quinta-feira (8) os acampados no Cocó foram retirados do Parque, na tarde de ontem, foi a vez dos agentes da Guarda Municipal de Fortaleza terem que deixar o local. O juiz da 6ª Vara Federal, Francisco Roberto Machado, determinou, em sua sentença de embargo da obra dos dois viadutos na confluência das avenidas Antônio Sales e Engenheiro Santana Júnior, que o poder público municipal não poderia continuar ali com fins da realização da intervenção. Assim, os manifestantes voltaram a ocupar a área, fazendo barricadas e apresentações culturais.

Os guardas municipais deixaram o local aos poucos, depois que o delegado da PF, Thomas Wlassak, apresentou a decisão judicial. Os acampados comemoraram, construíram barricadas e promoveram apresentações culturais Foto: Bruno Gomes

Eram 15h30 quando o delegado da Policia Federal (PF) Thomas Wlassak chegou ao local. Ele tinha a liminar do juiz da 6ª Vara Federal e foi imediatamente ao encontro dos guardas municipais. Após alguns minutos de conversa, os agentes se retiraram aos poucos.

Enquanto isso, os manifestantes comemoravam a saída deles, começavam a rearmar as barracas e davam início à organização do "Festival Brotando Arte do Cocó", apresentações culturais programadas para acontecer até o próximo domingo (11). Um container para recolher resíduos da obra agora parada foi transformado em um palco.

O delegado federal, que preferiu não conceder entrevista, conversou rapidamente com o grupo e pediu para que seus integrantes focassem mais os atos na causa, e não contra o governador Cid Gomes ou o prefeito Roberto Cláudio.

Segundo o inspetor da Guarda Municipal, Fábio Aquino, eles saíram do local porque o delegado mostrou aos agentes a liminar determinando o embargo da obra. "No corpo da decisão, o juiz diz que o poder público municipal deve se retirar do local", explicou.

Aquino acrescentou que Thomas Wlassak conversou com o titular da Secretaria Municipal de Segurança Cidadã (Sesec), Francisco Veras, antes que os guardas saíssem do Parque.

Uma viatura da Companhia de Polícia Militar Ambiental (CPMA), cinco policiais e um soldado do Exército também foram ao local. Segundo um agente da CPMA, a presença é para impedir a derrubada de árvores.

Já os manifestantes afirmaram que a intenção é acampar no lugar por tempo indeterminado. Eles explicaram que as barricadas servirão para dar mais segurança. Os ocupantes destacaram, ainda, que as pedras usadas para erguer os obstáculos foram retiradas da calçada destruída pela ação dos tratores da obra. Até a noite de ontem, cerca de 50 pessoas estavam acampadas no Cocó, com duas barracas armadas.

Recurso

Durante a manhã de ontem, alguns funcionários da Prefeitura de Fortaleza fizeram limpeza no local e checaram o estado das grades de proteção do Parque do Cocó, algumas das quais foram danificadas durante os confrontos de quinta-feira. As obras foram paralisadas ainda pela manhã, mesmo antes de a gestão confirmar o recebimento da notificação do embargo judicial. Entretanto, a Prefeitura afirmou que vai recorrer da sentença.

O trânsito na Av. Engenheiro Santana Júnior, no trecho em que ela cruza com a Av. Antônio Sales, fluiu tranquilamente. Duas pequenas operações foram montadas durante a retirada das duas retroescavadeiras usadas nas obras no Cocó, mas sem afetar significativamente o tráfego.

Levantamento

Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também estiveram, na tarde de ontem, no local onde as árvores foram derrubadas. Na chegada, eles foram bastante aplaudidos pelos acampados.

O objetivo dos quatro fiscais era fazer um novo levantamento sobre a ampliação da derrubada, que aconteceu na quinta-feira, após a retirada dos manifestantes. Eles tiraram fotos e fizeram medições. Após concluída, a analise será comparada com a feita após o primeiro corte de árvores naquela área. Depois, os resultados serão enviados ao Ministério Público Federal (MPF).

Punição
10 mil reais é a multa diária prevista pela Justiça Federal caso a Prefeitura descumpra o embargo à construção dos viadutos no cruzamento das avenidas Antônio Sales e Eng. Santana Júnior

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