O dr. Biná deve sorrir no céu


Policlínica em Sobral amplia acesso a exames
Os números de atendimentos da Policlínica Bernardo Félix da Silva, construída pelo Governo do Estado em Sobral, comprovam que a população dos 24 municípios da 11º Região de Saúde passou a ter mais acesso aos especialistas e  a exames. Em um ano de funcionamento da policlínica, completado no último dia 21 de agosto,  foram realizados mais de 20 mil atendimentos. Só exames de imagem foram feitos mais de 11 mil. Desse total, exames importantes para precisão e clareza de diagnósticos, a exemplo da tomografia computadorizada, com 4.011 feitas, e o eletrocardiograma, com 988, destacados no desempenho de um ano da unidade que integra a nova rede de assistência à saúde do Ceará.
O Ceará terá, no total, 22 policlínicas regionais construídas pelo Governo do Estado. Dez já estão em funcionamento em diferentes regiões de saúde, dez estão com as obras sendo concluídas e estão sendo equipadas para inaugurações. A nova rede é formada também por 19 Centros de Especialidades Odontológicas (15 em funcionamento, três sendo equipados para inaugurações e um a ser iniciado, cinco hospitais regionais, com dois funcionando em Sobral e Juazeiro do Norte, um em construção em Quixeramobim e dois a serem construídos na Região Metropolitana de Fortaleza e o outro no Maciço de Baturité.
No atendimento da Policlínica regional em Sobral, feito das 7 horas às 19 horas, de segunda a sexta-feira, a população dos 24 municípios conta também com serviços de enfermagem, nutrição, fisioterapia, terapia ocupacional. Somente na fisioterapia o número de atendimentos chegou a 2.251. No salão dos serviços de fisioterapia os pacientes utilizam equipamentos diversificados, como esteiras e bicicletas ergométricas. Para atender as necessidades dos pacientes, novos serviços serão ofertados a partir do próximo mês de setembro, entre eles a biopsia de próstata.
Municípios atendidos
Os 24 municípios atendidos na policlínica são: Alcântaras,  Cariré, Catunda, Coreaú, Forquilha, Frecheirinha, Graça, Groaíras, Hidrolândia, Ipu, Irauçuba, Massapê, Meruoca, Moraújo, Mucambo, Pacujá, Pires Ferreira, Reriutaba, Santana do Acaraú, Santa Quitéria, Senador Sá, Sobral, Uruoca e Varjota. Todos esses municípios estão integrados no consórcio público de saúde, estratégia de gestão em que o governo do Estado compartilha com os municípios o custeio da unidade. Assim, oferta e assegura os serviços de saúde ofertados na policlínica para todos os municípios da região.

Com licença
Conto-lhes eu uma história - Sou filho do pós-guerra. Nasci na Praça João Pessoa, berço de ilustres sobralenses. Formei a vida de lutador nas peladas da praça, sempre jogando com os tios, amigos e vizinhos adultos, que era pra criar marra. Ouví conselhos e estumei cachorro em gato. Ví brigas e mortes. Aprendí muito mais a defender do que atacar. Isso porem, não me fez esquecer personagens que povoaram minhas infancia e juventude. O dr. Biná é um desses personagens. Bernardo Félix da Silva era um senhor negro, vamos dizer caboclo fechado, que é pra não remeter a Mãe Vovó Petronilha, A Racista. Era enfermeiro. Enfermeiro daqueles tempos, prático em tudo e de tão prático dava receita, sarjava tumor, tirava espinho e tinha um rotina diária de dezenas de injeções que aplicava em toda a cidade. Quem podia, pagava. Quem não podia, ia de graça. Ainda lembro do cheiro do álcool queimando sob aquele pequeno estojo de aço onde dr. Biná botava pra ferver o aparelho de dar injeção com suas temíveis (pra mim) agulhas. Éramos  seus clientes. De tão bom, tão prestativo,virou vereador, quando vereador era defensor da cidade, sem salários e sem diarias pra viajar. Bernardo era caminho da minha casa pronde quer que eu fosse. Passava na frente da sua casa e sabia que estava lá porque sua bicicleta de selim forrado com um pelego estava sempre à porta e nunca foi roubada. Parava pra cumprimenta-lo e ouvia lá de dentro: Como vai Pompeu Macário? Fosse pro colegio, pro cinema, pra rádio, mais tarde, ou pra casa da namorada, passava na porta da casa do dr. Biná, como o chamávamos. Aí, lendo aí o nome da Policlinica que o Governo do Ceará fez na entrada da cidade, ví o nome e não aguentei: Meu Deus. O Dr. Biná continua vivo. No céu, mas vivo no meu coração e na   generosidade de quem lembrou do nome dele para um equipamento que ele fez em cima de uma velha e pobre bicicleta.

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