Vai mesmo virar caso de Polícia a medicina cubana no Brasil

Conselho médico diz que irá à polícia contra profissionais cubanos

PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE
Em tom de ameaça, representantes regionais da classe médica rotularam ontem de "ilegal" a atuação de profissionais cubanos no Brasil por meio do programa Mais Médicos e prometeram acionar a polícia quando eles começarem a trabalhar no país.
Presidentes de CRMs (Conselhos Regionais de Medicina) também chamaram o programa de "afronta" e disseram que eventuais erros cometidos por cubanos não serão corrigidos por brasileiros.
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A chegada de médicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior está prevista para vagas não preenchidas por brasileiros --a primeira etapa de seleção atendeu só 10,5% das vagas.
Ontem, médicos portugueses, espanhóis e argentinos, entre outras nacionalidades, começaram a desembarcar no país. Os profissionais cubanos devem chegar a partir de hoje.
A principal crítica da classe médica é a dispensa aos estrangeiros do Revalida, exame de revalidação dos diplomas obtidos no exterior. No Mais Médicos, o governo instituiu uma avaliação de três semanas, a ser feita no país.
"Não vamos dar registro para médico estrangeiro só porque a Dilma, o [ministro da Saúde, Alexandre] Padilha e o [da Educação, Aloizio] Mercadante, a tríade do mal no Brasil, estão mandando", diz o presidente CRM do Maranhão, Abdon Murad Neto.
"É lei [o Revalida]. Não importa se o médico veio no colo do ministro ou da Dilma. É exercício ilegal da profissão, e isso é caso de polícia", afirma o presidente do CRM do Paraná, Alexandre Bley.

Sergio Lima/Folhapress
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebe no aeroporto de Brasília, cinco médicos do programa Mais Médicos
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebe no aeroporto de Brasília, cinco médicos do programa Mais Médicos
"Não vamos dar o registro, e eles, se quiserem, que vão à Justiça", diz o presidente da seção paulista, Renato Azevedo Júnior.
Segundo o Ministério da Saúde, os conselhos não podem se negar a conceder o registro provisório aos estrangeiros, previsto na MP do Mais Médicos, a não ser que a Justiça dê uma liminar.
Até agora, segundo a pasta, todas as ações tiveram resultado favorável ao governo.
Ao acionarem a PF ou a Polícia Civil, os CRMs buscam registros oficiais da atuação de estrangeiros para que possam usá-los na abertura de uma ação na Justiça.
Até a decisão final, que poderá chegar ao STF (Supremo Tribunal Federal), os médicos estrangeiros poderão trabalhar normalmente no Brasil, mesmo sem o Revalida.
O Conselho Federal de Medicina disse que não deu orientação para que as seções regionais chamem a polícia.
A importação de 4.000 cubanos é questionada pelo Ministério Público do Trabalho --por questões trabalhistas.
Os profissionais de Cuba terão condições diferentes das dos demais estrangeiros --a bolsa de R$ 10 mil mensais não será repassada aos médicos, mas ao governo de Cuba, que fará a distribuição.
AÇÃO
A AMB (Associação Médica Brasileira) ingressou no STF com nova ação para tentar suspender a medida provisória do Mais Médicos.
Há um mês a entidade havia feito pedido semelhante ao Supremo --que negou alegando que o tipo de ação (mandado de segurança) não era juridicamente correto.
Por isso, desta vez a AMB apresentou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade.
Colaboraram CURITIBA, FORTALEZA, SALVADOR, PORTO ALEGRE, MANAUS, RECIFE, SÃO PAULO e BRASÍLIA

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