Distribuído
na região do Cariri, principalmente no triângulo
JUABC, formado por Juazeiro do Norte, Barbalha e Crato,
as tres principais cidades caririenses, o panfleto
não esclarece absolutamente nada sobre as denúncias,
mas ataca violentamente os jornalistas que têm
divulgado as acusações contra o bispo
Fernando Panico, chamando-os de covardes e criminosos.
Ou seja, o crime não está no bispo com
seus denunciados desvios de conduta, mas na mídia
pela divulgação desses desvios. Nada
mais fascista. Com texto de linguagem apelativa, parecendo
mais um manifesto radical de guerra religiosa, em
tom parecido ao das mensagens do ex-ditador do Iraque,
Saddan Hussein, usando em vão o nome de Alá
diante dos ataques dos Estados Unidos, que acabaram
destruindo o Todo-Poderoso de Bagdá, o suspeito
panfleto agride a mídia que tem dado cobertura
aos escândalos do bispo afirmando que se trata
de uma “conspiração diabólica”
que envolve “instituições poderosas
e homens poderosos”. Também insinua que
por trás de tudo devem estar protestantes e
seitas que sempre perseguiram a Igreja Católica.
Ou seja, o panfleto procura desviar a atenção
do povo do Cariri do verdadeiro foco, que é
a escandalosa gestão do bispo Fernando Panico,
para um foco falso, que seria uma guerra de evangélicos
contra católicos. Tanto assim pretende que
o panfleto encerra com o grito de “Viva a Igreja
Católica Apostólica Romana”. Vejam
o texto do panfleto apócrifo na íntegra:
“Nós, o clero, os jovens, os casais,
as famílias e os cidadãos de bem da
região do Cariri, não suportamos mais
tantas mentiras, calúnias, difamações
e perseguições covardes contra o nosso
reverendíssimo bispo de Crato, dom Fernando
Panico. Tudo o que nós temos visto e ouvido
contra dom Fernando Panico, trata-se de um Plano Maligno,
por parte de instituições poderosas
e homens poderosos para tentar derrubar o Sucessor
dos Apóstolos, o Bispo Defensor dos Apóstolos,
o Bispo da Mãe das Dores, o Bispo de Nossa
Senhora da Penha. Estamos nos mobilizando, como nunca,
todos os fiéis católicos da Diocese
de Crato, para defender, nos termos da Lei, e em fidelidade
a Jesus Cristo e à Santa Igreja Católica,
Apostólica Romana, o Bispo do Povo, o Bispo
das Romarias, dom Fernando Panico. Não se deixe
manipular pela mídia, pela imprensa, pelas
instituições poderosas e pelos homens
poderosos, É um jogo de covardia para tentar
fazer o Defensor do Padre Cícero renunciar
à missão que Deus e a Santa Igreja lhe
confiaram. Mas, dom Fernando Panico, por amor a Jesus
Cristo e à Santa Igreja Católica Apostólica
Romana, nunca irá renunciar, pois todo o povo
está a seu lado. Apenas quem não tem
convicção ou não lembra tudo
que dom Fernando Panico fez ou faz pela nossa Diocese
se deixa manipular e até se vender nesta conspiração
diabólica contra o Bispo de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Não se deixe manipular. Não
se deixe ser usado. Que renunciem os ímpios!
Que renunciem os inimigos da Santa Igreja Católica
Apostólica Romana, os camuflados e os declarados.
Jesus Cristo disse aos Bispos(Sucessores dos Apóstolos):
“Quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita
a mim rejeita (Lucas 10,16). Não se deixe manipular,
nem permita ser usado por esses criminosos. Não
se deixe influenciar por esses que estão apenas
interessados em destruir a fé católica,
que já é tão perseguida pelos
protestantes e seitas. Estamos com dom Fernando Panico
até o fim e Jesus Cristo prometeu: “As
portas do Inferno não prevalecerão contra
a minha Igreja”(Mateus, 16,18). O bem sempre
vence o mal. São Paulo diz: “Se Deus
é por nós, quem será contra nós?”(Romanos,
8, 31). Não se deixe manipular, nem ser usado
por esses criminosos. Eles são astutos, enganadores
e malfeitores. Nós, católicos, temos
o Espírito Santo, que nos confirma a verdade
e nos fortalece para estarmos sempre ao lado do Bispo
de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Bispo do Santo Padre
Cícero, o Bispo da Mãe das Dores, o
Bispo de Nossa Senhora da Penha. Viva a Santa Igreja
Católica Apostólica Romana!”.
Como faz parte da mídia atacada nesse libelo,
o Juanorte deseja apresentar alguns esclarecimentos
aos seus leitores: O Juanorte tem
apresentado várias matérias mostrando
o bispo de Crato mal na foto porque tem se reportado
aos atos e fatos que têm colocado o bispo numa
situação delicada de sucessivos escândalos;
o Juanorte desconhece qualquer “conspiração”,
muito menos diabólica, de “instituições
poderosas, homens poderosos” para derrubar o
bispo, considerando que se o atual bispo de Crato
cair, será derrubado pelos seus próprios
atos; o Juanorte entende que acusar
os veículos de imprensa de “astutos,
enganadores, criminosos e malfeitores” é
atitude de acuado desesperado que não tem o
que dizer à população e apela
para a manipulação por meio de um panfleto
acusatório; o Juanorte lamenta
que o bispo prefira ficar enclausurado em seu palácio
de espelhos onde se satisfaz só enxergando
a si mesmo e não conceda entrevistas à
imprensa, negando-se inclusive à Rede Globo
que já divulgou seus escândalos para
todo o Brasil; o Juanorte lembra
que a expressão, ressaltada no panfleto, “Santa
Igreja Católica Apostólica Romana”,
é uma apelação.Nem mesmo o Vaticano
usa mais a expressão “Romana”.
Até na hora da reza do Credo limita-se à
“Santa Igreja Católica Apostólica”
deixando fora o termo “Romana”; o Juanorte
considera uma vergonha e uma desonra para a “Santa
Igreja Católica Apostólica”, negociatas
com agiotas ou atitudes próprias de estelionato,
coisas pecaminosas e não santas; o Juanorte
entende também que se o panfleto, ao atacar
“instituições poderosas”
, quer se referir ao Ministério Público
e à Polícia Civil do Ceará, elas
estão apenas cumprindo seu dever legal de investigar
os malfeitos denunciados; o Juanorte
avalia como mensagem vazia do panfleto a afirmação
de que o bispo é Sucessor dos Apóstolos,
Defensor do Santo Padre Cícero, Bispo da Mãe
das Dores e Bispo de Nossa Senhora da Penha. Isso
são apenas palavras ao vento, não vale
nada. É falso discurso para enganar incautos.
Como ensinam os próprios Evangelhos, de nada
adiantam as palavras se não existem práticas
ou se as práticas são o contrário
das pregações. Ou de outra forma: um
bispo tem obrigação de “Pregar
o Evangelho” e também de “Viver
o Evangelho”. Achar que “Pregar o Evangelho”
é bastante para o testemunho cristão
de um bispo é reducionismo, pois não
vale nada se o bispo não “Viver o Evangelho”
com suas atitudes e práticas. Se a pregação
é correta, mas a vivência é incorreta,
esta anula aquela, e o resultado não testemunha
nem honra a Cristo. Se preferem citações
evangélicas diretas como fez o panfleto, lá
vai São Paulo: “Convém que o bispo
seja irrepreensível como despenseiro da casa
de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado
ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe
ganância” (Tito 1.7). Ou lá vai
São Mateus: quem prega o Envagelho mas não
pratica o Evangelho “é como um homem
que constrói a sua casa sobre areia”
(Mt 7.26). As práticas confirmam ou anulam
as palavras; no caso do bispo, anulam. Está
construindo sua casa sobre areia. Finalmente, o Juanorte
avalia que, embora esconda seus autores na covardia
do anonimato, o panfleto tem digitais diocesanas.
Das duas, uma: ou foi feito por assessores, asseclas
e áulicos do bispo com autorização
ou ordem dele ou foi feito diretamente pelo próprio
bispo e distribuído com autorização
dele. Quais são as digitais? Um panfleto de
origem popular católica jamais usaria citações
evangélicas com referências precisas
de apóstolos narradores, capítulos e
versículos. Por um razão muito simples:
infelizmente, não faz parte da cultura e da
catequese dos fiéis católicos, por omissão
da Igreja, o hábito de leitura disciplinada
da Bíblia ou dos Evangelhos como acontece na
cultura dos protestantes (Batistas, Presbiterianos,
Luteranos, Anglicanos, Assembleistas e outras denominações
que têm como característica básica
entre seus fiéis a leitura permanente e diária
da Bíblia e dos Evangelhos, buscando o que
eles chamam de “o conhecimento da Palavra”
para melhor entendê-la, seguí-la e cumpri-la).
Por isso, os protestantes sabem de cor o que dizem
Mateus e São Paulo, referidos no apócrifo
panfleto, ao contrário dos católicos
que, quando muito, lembramos as expressões
ditas nos Evangelhos por ouvir dizer em pregações
nas missas e outras cerimônias católicas,
mas dificilmente sabemos precisar seus autores e muito
menos seus capítulos e versículos. Na
Igreja Católica, isso é quase exclusivo
de padres e bispos por obrigação e dever
sacerdotais e institucionais, como se apenas eles
tivessem, por formação, o privilégio
de interpretação bíblica ou evangélica,
ficando os fiéis apenas como ouvintes. Por
isso, o tal panfleto dirigido ao “amado povo
católico” do Cariri ou é de autoria
de assessores, asseclas ou áulicos do bispo
ou é de autoria do próprio bispo. E
é assim que está sendo interpretado
pelos que tiveram acesso ao panfleto em Juazeiro do
Norte, Barbalha e Crato. Nas três cidades, os
católicos, que também são eleitores,
sabem muito bem o que é isso: nas campanhas
eleitorais, políticos desonestos, indecentes
e antiéticos usam panfleto para espalhar boatos,
mentiras, calúnias, injúrias e difamações
contra adversários, um jogo sujo, repudiável,
eticamente, moralmente. Portanto, além de não
esclarecer nada (aliás, esse não é
papel de panfleto), a iniciativa, pretensamente em
defesa do bispo de Crato, aumenta ainda mais confusão
(esse sim é o papel de panfleto) que já
não é pequena: atrai a ira de protestantes
no Juazeiro, Barbalha e Crato contra discurso ultrapassado
do bispo em apuros enquanto o próprio Papa
Francisco está acenando com aproximação
aos evangélicos. Quando o panfleto encerra
pregando “Viva a Igreja Católica, Apostólica,
Romana!” expressa, obviamente, a exclusão
de Batistas, Presbiterianos, Anglicanos, Assembleístas
e outras denominações que somente no
Brasil somam mais de 40 milhões compondo o
mundo cristão. Em relação às
realizações do bispo, lembradas pelo
panfleto sem dar exemplos, é tão somente
falácia. Embora dado como certo no Juazeiro
que o bispo tem levado para Crato todo o dinheiro
dos fiéis e romeiros arrecadado na Basílica
de Nossa Senhora das Dores e na Capela do Socorro,
e é muito dinheiro, não se conhece nada,
absolutamente nada, feito pelo bispo Fernando Panico
em favor do povo do Juazeiro. Juazeiro garante à
Diocese dinheiro que poderia ser revertido para manter
no Juazeiro faculdade, hospital, emissora de rádio,
fundação cultural, retiro dos velhos
e outros empreendimentos, mas Juazeiro não
tem nada da Diocese, nem uma “obrinha social”,
nem um “alberguezinho”, nada. Pelo contrário,
o que mais se ouve no Juazeiro é reclamação
contra o bispo por estar dilapidando o patrimônio
religioso da cidade vendendo imóveis adquiridos
ao longo de muitos anos pelo saudoso vigário
Padre Murilo Barreto. Quanto ao alerta verdadeiro
de Cristo de que “as portas do inferno não
prevalecerão contra a minha Igreja” é
bom lembrar um episódio histórico: O
ambicioso imperador da França, Napoleão
Bonaparte(1804-1814), depois de ter mantido o Papa
Pio VII(1800-1823) prisioneiro em Fontaineublau, achou
que também poderia comandar a Igreja Católica
e assim alcançar a hegemonia total na Europa
e no mundo. Então redigiu uma Concordata(1804),
que entregou ao cardeal Consalvi para o Papa assinar,
dizendo que voltaria no dia seguinte para pegar o
documento. Isso significaria vender a própria
Igreja ao imperador. Quando voltou, ao saber que Pio
VII não havia assinado a Concordata, o imperador
teve uma explosão de raiva e ameaçou:
“Se este documento não for assinado eu
destruirei a Igreja Católica Romana”.
Calmamente, o cardeal Consalvi retrucou: “Majestade,
se papas, bispos e padres não conseguiram destruir
a Igreja em 19 séculos, como Vossa Alteza espera
consegui-lo durante os poucos anos que restam de sua
vida?”. Moral da história: como é
uma instituição de objetivo sobrenatural
sob direção humana, a Igreja tem prelados
pecadores e delinqüentes no seu comando, mas
ela resiste porque tem a proteção do
Espírito Santo. Consciente disso, Cristo nunca
prometeu que os bispos de sua Igreja seriam santos.
Ele mesmo teve, entre seus apóstolos, um Judas,
ganancioso por dinheiro, mau caráter e traidor.Por
isso, mesmo sabendo que a Igreja teria entre seus
líderes bispos pecadores, ímpios e irresponsáveis,
capazes de crimes como inquisição, corrupção,
tortura, pedofilia e estelionato, Cristo garantiu:
“As portas do Inferno não prevalecerão
contra a minha Igreja”. Diante disso tudo, o
Juanorte devolve a acusação
panfletária: os mentirosos, caluniadores, difamadores,
manipuladores, camuflados, covardes e criminosos não
estão na margem do rio onde está a mídia,
mas no outro lado do rio onde está o bispo.
Chega-se à conclusão de que, de acordo
com o andar da carruagem diocesana no Cariri, assessores
intempestivos, oportunistas, aventureiros ou despreparados
do bispo de Crato vão acabar levando-o à
loucura ou às portas do Inferno.Em resumo:
a casa do bispo construída sobre areia está
desabando
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