Redução de tempo integral gera protestos
Ao todo, em Fortaleza, existem 91 creches, que atendem a apenas 8% da população infantil que tem entre um e três anos. Conforme a SME, ao deparar-se com a situação, classificada como “grave”, a atual gestão viu a necessidade de ampliar o número de crianças atendidas, e para isso, resolveu implantar a medida temporária que beneficiará 3.000 crianças, ampliando para 1.077 vagas o infantil I, 317 para o infantil II e 1.477, o infantil III.
RETROCESSO
Para o ex-professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, ex-secretário de Educação do Município e membro do Comitê Ceará da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Idevaldo Bodião, a ampliação de vagas com o sacrifício das crianças que estão matriculadas é um retrocesso jurídico, político e social. “Nós entendemos que a concepção dos direitos que aparecem em todos os princípios, manuais e pactos internacionais não podem ser regressivos. Como posso atender um direito, sacrificando o mesmo direito de outro?”, questionou.
Para o vereador Guilherme Sampaio (PT), presente no ato, a medida vai contra toda a Política Nacional de Educação e fere a Política de Educação Infantil, que confere o direito da educação integral para as crianças de três anos. “Como um governo que prometeu aumentar o tempo integral, se propõe a cumprir esta tarefa, reduzindo o tempo que já existe? ” , disse.
ENCAMINHAMENTOS
A manifestação foi um dos encaminhamentos de uma Audiência Pública realizada no último dia 20, na Câmara Municipal, em que, dentre outros desdobramentos, teve o acionamento do Ministério Público Estadual e da Defensoria Geral do Estado, para que ingressem com ação em defesa das crianças; e dos conselhos municipais de Educação e o da Criança e do Adolescente, para que se pronunciem sobre a problemática.
A costureira Maria Eliane Moreira, 58, que protestava, ontem, em frente à SME, avaliou que grandes obras para a Copa do Mundo são importantes, mas o crucial para Fortaleza é investir em educação. “Cidade bonita é muito bom, mas não vamos pensar só no turismo não, vamos pensar nas nossas crianças, porque os turistas vão e voltam, e as crianças ficam aqui”, disse, ressaltando que as mães que necessitam das creches, são pobres e não têm como sustentar os filhos em colégios particulares.
MATRÍCULAS
Outra medida que a SME divulgou, e que também foi motivo de crítica e questionamento para os pais e as entidades, são os novos critérios seletivos para efetuar as matrículas nas creches. Questionada sobre tal iniciativa, a SME afirmou que a modificação veio, após constatar-se que havia um processo desorganizado de matrícula, que resultava em apadrinhamento de vagas.
A partir de 2014, somente as crianças que apresentarem condições de vulnerabilidade social, terão direito à vaga. Entre os requisitos, crianças cadastradas no Programa Bolsa Família, pais que passam o dia fora, crianças com deficiência, que estão em algum acolhimento institucional, e as famílias que possuem renda mensal de até RS 70,00.
Para solucionar a problemática, a SME afirmou ainda que, até o final de 2014, 91 Centros de Educação Infantil (CEI) serão construídos pela Prefeitura de Fortaleza e, até o final da gestão, em 2016, o número de creches entregues, chegará a 125.
CALENDÁRIO ALTERADO
Tendo em vista a Copa do Mundo, a SME divulgou, ontem, a portaria que altera o calendário letivo 2014 da rede municipal, para garantir a funcionalidade das unidades escolares e a garantia do tempo pedagógico, em alinhamento com o calendário das outras redes de ensino.
O início das atividades letivas será mantido para o dia 3 de fevereiro de 2014. As férias iniciarão no dia 12 de junho, finalizando no dia 11 de julho. As aulas na rede municipal retornarão em seguida, no dia 14, encerrado, assim, o ano letivo, no dia 23 de dezembro, com 200 dias letivos, exigidos por lei.
ROCHANA LYVIAN
rochana@oestadoce.com.br
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