Luis Turiba
O DRAMA DE GENOÍNO
Conheço
José Genoíno do movimento estudantil dos anos 70. Estivemos juntos no
jogo final Brasil x Itália, ambos escondidos em São Paulo. Depois, ele
foi para a guerrilha e eu fui tentar fazer vestibular na USP.
Hoje li o artigo de José Miguel Wisnik e
gostei muito quando ele, claramente, diferenciou os perfis de Genoíno e
Zé Dirceu. Penso a mesma coisa. A prisão para Dirceu é parte
de sua estratégia para o poder, assim como foi a cirurgia plástica, o
apoio a Lula, etc. Genoíno vive algo mais dramático, mais humano. Ele
continua o guerrilheiro do Araguaia. Mas enfim, vamos ler o que diz o
Wisnik:
"Renato
Janine Ribeiro disse em “O Estado de S. Paulo” que, para José Dirceu, a
prisão soa como uma adversidade temporária na luta pelo poder, que
continua. Não é inverossímil que ele a sinta, apesar de tudo, como o
episódio de um épico.
Para José Genoino, cai como um golpe agônico
em quem, independente da culpa pela qual foi condenado, veio
sinceramente da guerrilha para o jogo contraditório de uma democracia
mais que imperfeita. Por mais que ele pudesse querê-la épica, sua prisão
soa trágica, e gritante, diante da desfaçatez coroada.
Não pretendo santificá-lo.
Quero apenas dizer que é difícil deixar de sentir nele o grão da
integridade resistente. Vou fazer um jogo de palavras, e de letras,
porque diz algo sobre isso. Genoino é e permanece genuíno. Genuíno é um
anagrama de ingênuo. Ingênuo ninguém é, a essa altura da vida, ou, se é,
não deveria ser. A não ser que se considere o sentido mais profundo e
originário dessa palavra: sincero, honesto, probo, franco, leal. É a
esse Genoino que eu mando aqui o meu abraço assinado."
Luiz Turiba é jornalista e meu amigo.
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