O
Brasil paga mensalmente US$ 23 mil (R$ 54 mil) de aluguel para o
embaixador Guilherme de Aguiar Patriota, número dois da missão do país
na ONU, em Nova York.
O
contrato do imóvel na região nobre do Upper West Side, celebrado em
setembro pela Missão Permanente do Brasil na ONU, foi obtido por meio da
Lei de Acesso à Informação.
Em
geral, diplomatas brasileiros lotados em Nova York, maior centro
financeiro do mundo, recebem do governo um subsídio para habitação
superior à média oferecida por empresas do setor privado na mesma
cidade.
Como
comparação, os benefícios de auxílio-moradia pagos por companhias
privadas que designam empregados brasileiros a postos de chefia em Nova
York são de US$ 7.300 por mês (R$ 17.100), se o profissional for
solteiro.
O
subsídio sobe para US$ 11.500 (R$ 27 mil) se o alto funcionário tiver
dois ou três filhos e para US$ 17.000 (R$ 40 mil) se tiver quatro
filhos.
A
comparação foi feita com base em tabela de referência da consultoria EY
(antiga Ernst & Young) e utilizada por companhias dos setores de
óleo e gás, bens de consumo, construção e automobilístico. Questionada, a
delegação do Brasil na ONU não informou o tamanho da família do
embaixador. Mesmo na comparação com o subsídio mais alto das empresas
privadas, o Itamaraty ainda paga 35% a mais de aluguel.
Coincidentemente,
o diplomata é adjunto do irmão, o ex-ministro das Relações Exteriores
Antonio Patriota, que assumiu a chefia da representação na ONU após ser
demitido do cargo no episódio da fuga do senador boliviano Roger Pinto
para o Brasil.
O ex-chanceler assumiu o posto em outubro e habita a residência oficial do governo brasileiro em Manhattan.
O imóvel alugado para Guilherme Patriota está localizado na mesma rua onde mora seu irmão, mas do outro lado do Central Park.
Hierarquia
A
diferença entre valores pagos por empresas privadas e poder público não
ocorre só nos postos mais altos, mas também nos inferiores.
Enquanto
o Itamaraty desembolsa mensalmente até US$ 6.600 (R$ 15.500) para a
moradia de secretários, posto mais baixo na carreira, empresas privadas
pagam um valor 36% menor para um empregado solteiro em cargos de entrada
(US$ 4.200, ou R$ 9.800), segundo a EY.
Ainda
de acordo com a consultoria, empregados do setor privado iniciantes com
dois ou três filhos têm direito a US$ 5.800 (R$ 13.600) para morar. Ao
receber o benefício, o servidor do Itamaraty deve descontar 10% de seu
salário para custear parte da despesa do aluguel, ainda que o valor em
contrato seja inferior ao limite permitido.
Exemplo:
se um segundo secretário tem salário bruto de US$ 8.791,24, um montante
de US$ 879,12 é descontado todo mês para a moradia.
Assim,
se o aluguel escolhido por ele for de US$ 6.835, a quantia entregue
pelo governo será de US$ 5.955,88, ainda que o limite máximo seja
superior.
Outro Lado
O
Itamaraty diz que os valores pagos como verba para moradia são
estipulados por empresa contratada para fazer “avaliações periódicas do
mercado imobiliário” das cidades onde há representação do Brasil. Para o
órgão, “os valores são condizentes com preços do mercado imobiliário
local”. “As diferenças cambiais devem ser levadas em consideração.”
Sobre
o aluguel de Guilherme Patriota, o Itamaraty diz que, “a exemplo de
todos os embaixadores e cônsules que moram em imóveis alugados, a
moradia do representante alterno [nº 2] em NY é residência oficial e,
portanto, não é custeada por verba indenizatória [auxílio aluguel]”. Em
outras palavras, o prédio é considerado parte da embaixada e não obedece
aos limites para outros diplomatas.
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