Alcoolismo em Mulheres
By Drauzio Varella
O
metabolismo do álcool nas mulheres não é igual ao dos homens. Se
administrarmos para dois indivíduos de sexos opostos a mesma dose
ajustada de acordo com o peso corpóreo, a mulher apresentará níveis
alcoólicos mais elevados no sangue.
A
fragilidade aos efeitos embriagadores do álcool no sexo feminino é
explicada pela maior proporção de tecido gorduroso no corpo das
mulheres, por variações na absorção de álcool no decorrer do ciclo
menstrual e por diferenças entre os dois sexos na concentração gástrica
de desidrogenase alcoólica (enzima crucial para o metabolismo do
álcool).
Por
essas razões, as mulheres ficam embriagadas com doses mais baixas e
progridem mais rapidamente para o alcoolismo crônico e suas complicações
médicas.
Diversos
estudos documentaram os benefícios do consumo moderado de bebidas
alcoólicas, tanto em homens como em mulheres. A margem de segurança
entre a quantidade de álcool benéfica e a que traz prejuízos à saúde das
mulheres, entretanto, é estreita e nem sempre fácil de delimitar:
Doenças do fígado
Num
dos estudos mais completos sobre o tema foram acompanhadas 13
mil pessoas durante mais de 12 anos. Nele foi possível demonstrar:
1) Para todos os níveis de consumo alcoólico, as mulheres correm mais risco de desenvolver doenças hepáticas do que os homens;
2) Para os mesmos níveis de ingestão, o risco de cirrose nas mulheres é três vezes maior;
3)
Mulheres que tomam de 28 a 41 drinques por semana (1 drinque = 1 copo
de vinho = 1 lata de cerveja = 50 ml de bebida destilada)
apresentam risco de cirrose 16 vezes maior do que o dos homens
abstêmios.
Doenças cardiovasculares
Mulheres
que ingerem um drinque por dia apresentam menor probabilidade de morte
por doença cardiovascular. Esse benefício também é válido para as
mulheres diabéticas.
No
entanto, a análise dos dados de dezenas de milhares de mulheres
acompanhadas no “Nurses’ Health Study” revelou que tomar dois ou três
drinques diários aumenta o risco de surgir hipertensão arterial em 40% e
a probabilidade de acontecer derrame cerebral hemorrágico. Nas mulheres
que bebem mais do que três drinques por dia o risco de hipertensão
arterial duplica.
Mulheres que abusam de álcool desenvolvem também miocardiopatias mesmo usando doses mais baixas do que os homens.
Câncer de mama
A
meta-análise de seis estudos importantes mostrou que mulheres
habituadas a ingerir de 2,5 a 5 drinques por dia, apresentam
probabilidade 40% maior de desenvolver câncer de mama. Esse risco
aumenta 9% para cada 10 gramas de álcool (cerca de 1 drinque) diárias.
Osteoporose
O
efeito inibidor da remodelação óssea do álcool é fenômeno bem conhecido
em ambos os sexos. Mulheres com menos de sessenta anos que tomam de
dois a seis drinques por dia têm risco maior de fratura de colo de fêmur
e de antebraço.
Distúrbios psiquiátricos
Todos
eles são mais prevalentes em mulheres que abusam de álcool do que em
homens que o fazem e do que em mulheres abstêmias. A única patologia
mais freqüente no alcoolismo masculino é a personalidade anti-social.
A
prevalência de depressão em mulheres que abusam de álcool é de 30% a
40%. Estudos demonstram que a maior parte dessas mulheres bebe como
forma de se livrar dos sintomas associados a quadros de
depressão primária.
Anorexia e bulimia estão presentes em 15% a 32% das que abusam de álcool.
Mulheres que abusam de álcool tentam o suicídio quatro vezes mais frequentemente do que as abstêmias.
Consequências para o feto
A
ingestão de álcool durante a gravidez pode provocar distúrbios fetais
que vão do retardo de desenvolvimento à chamada síndrome alcoólica
fetal, caracterizada por anormalidades físicas comportamentais e
cognitivas. Consumo de álcool durante a gravidez é considerado a
principal causa evitável dessas anormalidades na infância.
Consequências psicossociais
Problemas
familiares são mais comuns entre mulheres que abusam de álcool (entre
os homens são os problemas legais e aqueles relacionados com o
trabalho). O alcoolismo torna as mulheres mais sujeitas a agressões
físicas. Mulheres que consomem quantidades
exageradas de álcool geralmente vivem com parceiros que também abusam da bebida.l
exageradas de álcool geralmente vivem com parceiros que também abusam da bebida.l
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